Se já é difícil ficar longe do seu amor durante as férias, imagine por dois longos anos. Esse é o desafio da namorada de um missionário de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons). A menina espera ansiosa pelo retorno do garoto, que sai para pregar o evangelho, geralmente, em outro estado ou país.

Nesse período, o casal não pode se ver nem se falar por telefone. A única comunicação é feita por cartas e, quando permitido, e-mails uma vez por semana. Parece mania antiga, mas para elas receber cartas do namorado é prova de amor.

"É um dos poucos momentos em que o sinto mais próximo de mim", afirma Dayana Ribas, 19 anos, de São Bernardo. Há oito meses, o namorado foi servir em Salvador, na Bahia. Ainda faltam 16 meses para ele voltar. "Acredito que a missão valoriza o amor. Mostra que é forte o suficiente para suportar as dificuldades quando formos um só", diz a garota, que já planeja casamento.

Casar é o principal objetivo da NM - Namorada de Missionário. Os mórmons acreditam que o casamento feito por quem tem autoridade divina dura para sempre. Costumam dizer que dois anos não são nada comparados à eternidade. Pensando assim pode parecer fácil, mas e quem não vive a mesma religião?

É o caso de Larissa de Matos, 18, de São Bernardo. Ela se apaixonou pelo professor durante as aulas de inglês. Quando descobriu que ele precisava ficar dois anos em missão, Larissa não quis esperar. "Fiquei muito triste e pesquisei sobre o que faria durante esse tempo." Ao encontrar o blog http://esperandomeumissionario.wordpress.com viu que aquela situação era comum para muitas. "Li cada história linda que pensei: por que não tentar? Então, mudei de ideia."

Daniela Benittes, 17, de São Bernardo, também não é mórmon, mas entende o propósito do trabalho missionário. "O mais difícil é olhar as fotos, vídeos e relembrar momentos." Para não sentir-se mal, pensa que a volta do namorado será maravilhosa. "Sei que nenhum outro conseguiria me fazer tão feliz, mesmo com a distância."