A geração de emprego no Grande ABC, de janeiro a novembro, está 54,1% menor do que no mesmo período do ano passado. O saldo de vagas (contratações menos demissões) no acumulado do ano alcançou 13.990 oportunidades. Em 2011, foram 30.509.

Os dados integram o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), que mensura apenas o trabalho formal.

A criação de vagas no período foi bem menos expressiva por conta do cenário industrial, fortemente abalado em 2012 por conta da entrada indiscriminada de produtos importados; temerosos pelos rumos indefinidos da economia, por conta também da recessão europeia e norte-americana, muitos investidores postergaram seus aportes e, portanto, deixaram de gerar emprego. O setor eliminou, até novembro, 5.282 postos de trabalho.

"O problema está localizado. Tanto que, para alcançar o crescimento de 4% do PIB (Produto Interno Bruto), estimado pelo mercado, a indústria terá de se recuperar, principalmente porque vai contaminando os outros setores", afirma o diretor do Departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Santo André, Dalmir Ribeiro. "Se a desvalorização cambial não ocorrer até o fim do primeiro trimestre de 2013, podemos ter um ano perdido."

Para Ribeiro, o ideal para começar a barrar a importação excessiva é mexer no câmbio. Ele considera que é preciso que o dólar chegue a R$ 2,30. Hoje, está em R$ 2,07. No entanto, para começar o processo de recuperação de clientes internacionais, será necessário atingir R$ 2,50. "O mercado mundial para produtos manufaturados, que é o que as indústrias da região mais fabricam, está difícil. Países da América do Sul estão se integrando cada vez mais com os Estados Unidos e achando mais interessante do que fazer negócio com Brasil e Argentina."

NOVEMBRO

No mês, o resultado foi considerado positivo. Por conta de a economia ter cambaleado a maior parte do ano e, somente a partir de outubro ter dado sinais de retomada, os pedidos à indústria demoraram a aparecer e o comércio postergou contratações. Tanto que, do saldo de 2.035 vagas, 1.616 foram geradas pelo segmento. Serviços, como tem ocorrido tradicionalmente, empregou 1.764 pessoas. A indústria demitiu 864 e, a construção, 592.

Em novembro de 2011, o montante havia ficado negativo em 287 postos - foi quando a indústria vivenciou o auge de sua crise por conta da competição desleal com os importados. Em 2010, recorde de geração de emprego, o mês encerrou com 3.306 oportunidades. Em 2009, quando a recuperação econômica estava começando, foram 5.338. Em 2008, no pico da crise, o saldo ficou negativo em 1.860.