Novembro é um mês que tradicionalmente as indústrias dispensam profissionais por conta da baixa demanda do mercado; as lojas já estão abastecidas e, portanto, os pedidos diminuem. Salvo exceções nos segmentos de alimentos e bebidas, confecções, brinquedos, açúcar e álcool, que são usados com mais frequência.

No Grande ABC, as empresas do setor demitiram 220 profissionais no mês passado. As informações foram levantas pela pesquisa mensal realizada pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com base na amostra de seus associados.

No saldo de vagas, que são as demissões subtraídas das contratações, a diretoria regional de Diadema lidera os cortes, com encerramento de contrato de 600 trabalhadores. São Bernardo aparece na sequência, com perdas de 400 empregos. A de Santo André, que abrange também Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, foi na contramão, com a admissão de 750 pessoas, porém, por motivo pontual. Dados da Fiesp/Ciesp apontam que um frigorífico e uma fabricante de serras e facas para corte de carne responderam pelas contratações. Em São Caetano, o saldo ficou positivo em 30 vagas.

O volume de demissões, embora esteja negativo, em novembro do ano passado estava muito pior por conta da enxurrada de importações favorecidas pelo dólar entre R$ 1,60 e R$ 1,80, e das medidas para a contenção do consumo por parte do governo brasileiro, como a elevação dos juros básicos, até o mês de julho, e do depósito compulsório dos bancos. As fábricas do Grande ABC haviam dispensado 1.350 pessoas.

Hoje, embora as indústrias ainda sofram com a competitividade desleal frente aos itens importados, especialmente os chineses, o cenário é bem diferente. O câmbio está na casa dos R$ 2,07 e os juros estão em queda.

A comparação com anos anteriores não oferece retrato muito fiel do comportamento dos empregos em novembro, já que em 2009, com saldo positivo em 530 vagas, o cenário refletia o início da retomada da economia no pós-crise. Em 2010, ano excepcional para o trabalho, foram contratados 150 no mês.

Na avaliação do diretor regional do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva, o governo deveria desenvolver campanha nacional de incentivo à compra de produtos nacionais, oferecendo alguma contrapartida. "Infelizmente o custo da mão de obra nas indústrias do País é muito elevado, custando, ao empresário, US$ 25. Nos Estados Unidos, são US$ 8", afirma. "Se nada mudar no quadro de empregos, não vejo melhoras para 2013."