Política Titulo Situação tensa
Volpi chama Dedé
de traidor; vice rebate

Em carta aberta, o grupo do prefeito de Ribeirão Pires se
opõe à retirada de processo contra Saulo Benevides (PMDB)

Cynthia Tavares
Do Diário do Grande ABC
13/12/2012 | 07:50
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Em carta aberta aos eleitores, o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), chamou de traidor o ex-prefeiturável governista e atual vice-prefeito, Edinaldo de Menezes, o Dedé (PPS). O motivo da publicação foi a decisão do popular-socialista de retirar o processo contra Saulo Benevides (PMDB), chefe do Executivo eleito, que poderia acarretar em cassação da candidatura do peemedebista.

Dedé rebate e diz que sua atitude "é para o bem da cidade", que poderia ficar em situação de instabilidades jurídica e administrativa.

O texto do grupo de Volpi afirma que a coligação composta por oito partidos aliados - excluindo o PPS - não compactua com a postura de Dedé. "Portanto, a decisão de desistir da ação jurídica demonstra claramente uma maracutaia planejada para isolar o grupo que sustentou a campanha", pontuou o comunicado.

"Foi o maior choque político da minha vida pública. Ele tinha possibilidade de ser o candidato, caso houvesse uma nova eleição e se tornar o prefeito", afirmou Volpi ao Diário.

Para tentar manter o processo contra Saulo, desafeto declarado de Volpi, o presidente da coligação, Eduardo Horm, foi ontem ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) protocolar petição em que retifica a desistência da ação. No documento, ele afirmou que "foi induzido ao erro".

Segundo o advogado da coligação, Alexandre Damásio Coelho, a petição protocolada ontem assegura o julgamento, que pode ocorrer terça-feira. "A desistência não tem validade. Dedé é parte ilegítima do processo", avaliou. Mas Eduardo Horm foi quem assinou a desistência da acusação de abuso de poder econômico no fim de semana. O TRE não respondeu se dará andamento ou não ao processo depois dessa confusão. "É uma atitude isolada do presidente da coligação", considerou Dedé sobre Horm voltar atrás.

Caso o tribunal entenda que Saulo cometeu crime eleitoral e casse seu registro, o presidente da Câmara assume o Executivo e prepara outro pleito - a conjuntura se dá porque Saulo teve 57% dos votos válidos. Mas ainda haveria recurso ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Volpi e Dedé, apesar de serem teoricamente do mesmo grupo, se estranharam durante o processo eleitoral. Uma das principais desavenças ocorreu quando o popular-socialista teve a candidatura cassada pelo TRE, em processo impetrado justamente por Saulo. O prefeito foi favorável à substituição da cabeça da chapa. Dedé bateu o pé e se manteve na disputa, ao recorrer ao TSE, que ainda não julgou o caso.

 

DESCULPAS

A carta aberta do grupo de Volpi ainda pede perdão aos 16.831 cidadãos que votaram no ex-prefeiturável da administração. "Lamentamos profundamente o ocorrido e pedimos perdão aos eleitores que acreditavam na idoneidade de Dedé", considerou.

O verde considerou que os eleitores e o grupo político do governo foram desrespeitados. "Ele representava partidos fortes. Transformamos os candidatos a vereador em guerreiros para defendê-lo na rua. Agora devemos explicações", avaliou Volpi.

 

Peemedebista nega articulação com ex-adversário

 

Saulo negou que tenha procurado Dedé para pedir que ele desistisse do processo. O peemedebista garantiu que não participou de negociações e que seu papel na briga governista é de espectador. "Fiquei sabendo da desistência pelo Diário. O problema que ele (Dedé) tem com o Clóvis não é problema meu. Não fiz acordo", alegou.

Segundo fontes ouvidas pelo Diário, a retirada da ação seria o início de uma aproximação entre os adversários.

O prefeito eleito declarou que pretende contar com o PPS, pois seu inimigo político não é o vice-prefeito, mas Volpi. "Estou surpreso com a atitude dele (Dedé). Demonstra que ele tem compromisso com a cidade. Meu inimigo nunca foi ele, mas o Clóvis", recordou Saulo.

O peemedebista afirmou que aguarda julgamento da ação somente para depois da diplomação, na quarta-feira. "Independentemente das investidas do governo para reverter a desistência, o Dedé foi um homem de coragem", elogiou o próximo prefeito. CT

 

Alex Manente defende aliado e banca decisão do correligionário

 

Coordenador do PPS no Grande ABC, o deputado estadual Alex Manente garantiu que Dedé tem total apoio da cúpula partidária na decisão de desistir da ação movida contra Saulo.

O comandante popular-socialista nas sete cidades não quis polemizar as declarações de Volpi. "O prefeito tem direito de dizer o que ele acredita. Só posso afirmar que o PPS continua defendendo as atitudes de Dedé", considerou.

Alex afirmou que Dedé está ciente da sua postura tomada para evitar insegurança no município. "Toda decisão dele terá nosso respaldo, pois ele é uma pessoa de bem e de caráter. Tudo o que ele fizer será defendido pelo partido", ressaltou o deputado.

O coordenador estranhou o fato de o presidente da coligação, Eduardo Horm, alegar que foi induzido ao erro. "Ninguém que tem esse cargo é inocente a esse ponto, de ser enganado. É estranho", destacou o popular-socialista. CT




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