Cultura & Lazer Titulo Teatro
Espelho de nós

Em 'Aberdeen - Um Possível Kurt Cobain', músico renasce para
falar de suas angústias; a peça será exibida hoje e amanhã

Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
11/12/2012 | 07:30
Compartilhar notícia


Os três dias que separam o fatídico momento em que Kurt Cobain cometeu suicídio e a hora em que seu corpo foi descoberto voltam à tona em 'Aberdeen - Um Possível Kurt Cobain', que será exibida hoje e amanhã no Sesc Santo André.

Idealizada pelo ator Nicolas Trevijano, que vive o músico em cena, a montagem põe luz no Kurt que pouca gente percebeu que existia. Música à parte, ele é desvelado por outra égide: não pelo que fez, mas pelo que era.

O projeto surgiu após Trevijano assistir 'Retrato de Uma Ausência', documentário que resgata uma entrevista de 25 horas do roqueiro contando as histórias que viveu. Contemporâneo do Nirvana, o ator se espantou com o retrato de Kurt que estava estampado na obra. "A maioria sempre conheceu poucas coisas sobre ele. Sabia das músicas, que ele tinha temperamento forte e aquela coisa de ser roqueiro, quebrar tudo. O que me chamou atenção é que eu vi um cara muito sensível, delicado, com dificuldade de entender as coisas que vivia", diz Trevijano.

Parte do espetáculo se apoia na carta de despedida assinada pelo músico e endereçada ao seu amigo imaginário Boddah. Em um franco depoimento, Kurt conta que ama as pessoas e sofre demais por elas, mas que não consegue mais prosseguir, não tem prazer no que faz e não pode fingir tê-lo.

"Às vezes as pessoas se apegam ao que a vida é por fora. Ele era um cara com dinheiro, notoriedade, mas vivia outras questões. Em algum momento, quando você se olha no espelho e vê que não é mais a mesma pessoa, mas que por dentro continua sendo o mesmo, então você percebe que o externo não é tão importante."

Por essa questão Trevijano considera essa peça feita também para quem nem conhece Kurt Cobain. Temas como solidão, família, filhos, drogas e a cidade com pensamento provinciano de onde ele veio são abordados na narrativa, que dispensa muitos recursos. Em poucos focos de luz, controlados pelo próprio ator, ele estabelece uma conversa íntima com a plateia (pequena), que é como se fosse o Boddah com quem Kurt troca confidências. "O intento é colocá-lo de protagonista, mas falar de todos nós. Colocamos lupas nos porquês que encontramos ao longo da vida. É isso que a arte faz, a dele ou a minha, tenta entrar em contato e preencher as lacunas da vida."

Aberdeen - Um Possível Kurt Cobain - Teatro. Hoje e amanhã, às 20h. No Sesc Santo André - Rua Tamarutaca, 302. Tel.: 4469-1200. Ingr.: R$ 5 a R$ 20.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;