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Campos do Jordão para todos

Cheia de charme e requinte, passear pela Suíça
brasileira continua sendo um programa imbatível

Andréa Ciaffone
24/07/2014 | 07:07
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Arquivo/DGABC


Na subida da serra da Mantiqueira já dá para sentir a diferença de temperatura e pressão. No percurso de 194 quilômetros que separa Campos do Jordão da capital paulista, especialmente no trecho a partir de São José dos Campos, os ouvidos pipocam e os olhos arregalam – não pelo ar rarefeito, mas sim por causa das montanhas majestosas e vegetação diferente, que inclui a araucária, símbolo da serra.

Localizada a 1.700 metros de altitude é a cidade mais alta do Brasil. Possui clima privilegiado e raro, o tropical de montanha, que traz dias ensolarados e especialmente luminosos no inverno, quando o ar fica mais seco. No verão, a temperatura média é de 22,8 ºC, mas cai para os 6,4 ºC quando a estação gelada chega.

No começo do século, o perfil climático, somado à topografia com cenários deslumbrantes, atraiu para a cidade 20 casas de saúde especializadas no tratamento de problemas respiratórios. Em 1938, o governo do Estado iniciou a construção do Palácio Boa Vista, que seria uma residência de férias para o governador. Foi pensada no moldes da Camp David, nos Estados Unidos, criada para os momentos de descanso presidenciais ou do Castel Gadolfo, na Itália, para o Papa. A construção do palácio de 105 cômodos foi concluída em 1964, mas ditou tendência e reforçou a nobreza de Campos do Jordão.

Ao longo das décadas, as famílias ricas ocuparam as montanhas, principalmente no centro da Vila de Capivari, com casas de campo cinematográficas. A arquitetura em estilo enxaimel, típica das regiões alpinas, rendeu à cidade o codinome de Suíça brasileira.

Seguindo a inspiração europeia, o governador Abreu Sodré decidiu, em 1970, que o palácio seria aberto ao público. O coordenador do espaço, Dr. Luís Arrobas Martins criou versão brasileira do Festival de Mozart, de Salsburgo, Áustria, e assim foi realizado o Primeiro Concerto de Inverno de Campos do Jordão. O evento virou anual e originou o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, que este ano está na sua 45ª edição.

LUXO AO ALCANCE

O clima europeu e a programação cultural erudita fez com que a aura glamurosa de Campos se intensificasse. De olho no potencial mercadológico, inúmeras marcas investiram em ações para aproximar o público-alvo (endinheirado, consumista e com tempo para comprar) dos sonhos. O resultado são inúmeros espaços corporativos de produtos de luxo.

Nesse ano, montadoras como Renault, Mercedes, Suzuki, Mitsubishi, Yamaha e Hyundai levaram suas novidades para lá. Ao mesmo tempo, os empresários capricharam na oferta de entretenimento para jovens e adolescentes. Com tudo isso, o centro de Capivari se torna um formigueiro humano nos finais de semana de julho. A média de visitantes em 2013 foi de 1,5 milhão, boa parte concentrada nos finais de semana.

A badalação acabou afastando alguns turistas que se recusam a passar seu tempo livre na muvuca. Quem não gosta de agito ou tem medo de exagerar nos gastos, começou a pensar mais antes de escolher a cidade para passar férias ou feriados no inverno. O irônico é que ainda há opções de passeios bucólicos e tranquilos, além de grandes atrações gratuitas, que custam pouco ou, no caso dos restaurantes, dão liberdade para o turista escolher o que cabe no seu bolso.

Também existem opções de hospedagem nos mais variados preços. Tanto que é difícil chegar a uma média de valores. Um casal que quer curtir um fim de semana de julho em uma pousada de Capivari deve gastar em torno de R$ 800, incluindo duas diárias com café da manhã. Já nos hotéis mais luxuosos, esse mesmo período custa a partir de R$ 2.000 para apartamentos e acima dos R$ 3.500 para chalés.

Em relação aos passeios, entretanto, os mais clássicos ou são grátis ou tem custo pequeno, em torno de R$ 20 por pessoa. Entre os gratuitos estão as visitas ao Auditório Cláudio Santoro e ao Museu Felícia Leirner (um ao lado do outro), ao Palácio Boa Vista e ao Mirante do Morro do Elefante.
Embora seja um local privado, a Fábrica de Chocolates Araucária também não cobra entrada. Para ver o Horto Florestal é preciso pagar R$ 12. O Amantikir, parque com jardins de estilos diferentes e labirinto de arbustos, custa R$25. É por isso que, embora tenha fama de elitizada, dá para dizer que Campos do Jordão é um destino plural em atrações e níveis de investimento. 

Festival de Inverno dá tom clássico à Mantiqueira

O Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão é considerado o maior e mais importante festival de música clássica da América Latina. A programação deste ano termina no dia 3 e inclui 68 concertos de orquestas, bolsistas e artistas convidados. O grande nome da 45ª edição é o da inglesa Anna Clyne, atual residente da Sinfônica de Chicago. 

Todos os dias há apresentações nos vários palcos do evento. Desde 1978, o Auditório Cláudio Santoro abriga as maiores plateias, mas os concertos também ocorrem na Praça do Capivari, na Capela do Palácio Boa Vista, na Igreja Matriz de Santa Terezinha e no Espaço Cultural Dr. Além. Em boa parte delas não há cobrança de ingresso. Nas pagas, as entradas custam até R$ 80. <EM>Mais do que movimentar o inverno na Mantiqueira, o festival tem importante papel cultural e na formação e evolução dos músicos. Vários solistas e regentes ministram aulas a estudantes de música de várias partes do mundo.

MAIS UMA ATRAÇÃO

Em parceria com a Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP, o maestro João Carlos Martins se apresenta de graça no sábado, às 17h30, no Tênis Clube. Os ingressos já podem ser retirados no local. 




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