Cultura & Lazer Titulo Teatro
Brilho eterno de Cazuza

Musical que retrata a vida do compositor
e cantor estreia em SP com chave de ouro

Vinícius Castelli
22/07/2014 | 07:10
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Divulgação


Não se espante se, por algumas horas, você esquecer que a poltrona que está sentado é a de um teatro em São Paulo e passar a acreditar que está mergulhado na história de Cazuza. Pois é exatamente essa a impressão que dá ao longo das mais de duas horas do espetáculo Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz, o Musical. A montagem chega a Capital após sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro e fica em cartaz no Teatro Procópio Ferreira (Rua Augusta, 2.823. Tel.: 3083-4475) de quinta a sexta-feira (21h), sábado (17h30 e 21h30) e aos domingos (18h). A temporada segue até 26 de outubro. As entradas custam de R$ 50 a R$ 180 e podem ser compradas nas bilheterias do local ou pelo site Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br).

Espalhadas pelo palco, mesa, cadeira, escadas, madeiras, máquina de escrever e garrafas servem de cenário para bares, praia, salas de ensaio, hospital e a casa do casal Lucinha e João Araújo, pais de Cazuza, na peça vividos pelos atores Susana Ribeiro e Marcelo Várzea. Já a tarefa de encarnar o eterno jovem poeta carioca é trabalho de Emílio Dantas, que toma para ele o sorriso, alegria, nervosismo, fala, jeito de mexer a boca e diversos trejeitos do homenageado.

Escrito por Aloísio de Abreu, o musical tem direção assinada por João Fonseca e trata da vida de Cazuza pouco antes de sua entrada na banda Barão Vermelho, nos anos 1980, até sua morte, em 1990. “Trata-se de uma vida incrível, intensa e com muita coisa. É muita responsabilidade, pois tem gente na história que está viva, tem de ter cuidado. É sempre delicado, mas o desafio é muito prazeroso”, diz o diretor.

Bem costurada, a peça aborda com sabedoria e muitos detalhes os dias do artista e de seus próximos por meio de textos sérios, dramáticos e engraçados construidos em cima de pesquisa feita por Aloísio a partir de conversas com pessoas próximas ao cantor. O espetáculo também mostra cada fase da vida de Cazuza com muita música. Uma banda se responsabiliza pelas canções ao vivo enquanto os atores soltam a voz. Emílio Dantas coloca toda sua energia para interpretar temas como Pro Dia Nascer Feliz e Codinome Beija-Flor, entre tantos outros.

Drama, sexo, drogas, alegria e, principalmente, muita emoção narram a história. Boa parte das risadas é mérito sim de Emílio, mas alguns dos melhores momentos da peça são responsabilidade do ator André Dias – que cuida da direção geral de outro musical, Vingança –, no papel do produtor musical Ezequiel Neves, nome que foi muito próximo do protagonista e que conviveu com ele até o fim. Todas as loucuras e tiques nervosos são retratados com muito humor e respeito. A paciência e amor que Ezequiel teve com Cazuza não ficam de fora. Outros pontos altos e baixos em relação ao personagem principal fazem a diferença na obra, como quando Caetano Veloso (Dezo Mota) resolve gravar uma canção sua.

Também não é difícil se emocionar em diversos momentos, seja na relação de Cazuza com o pai – tarefa que levou o ator Marcelo Várzea a estudar cada detalhe do patriarca, já que não se parece fisicamente com ele –, ou na relação repleta de amor de Lucinha com o filho, passando pela alegria até a tristeza dos dias de luta contra a Aids.

Cansada e renovada após a estreia do espetáculo em São Paulo, na última sexta-feira, Susana Ribeiro, que vive Lucinha, disse que conversou muito com a mãe de Cazuza para fazer esse papel. “Somos próximas agora.”

O Cazuza dos palcos conta que sempre quis fazer um personagem biográfico. “É uma história intensa, de uma vida tão curta, não tem como fazer no automático”, diz o ator. Emílio fez as contas rapidamente e disse que aquela era a 170ª apresentação do musical e que “cada vez, a cada dia, havia uma descoberta. Não parece que estamos há dois meses fazendo a peça”.




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