Economia Titulo Finanças Pessoais
Orçamento é para cuidar e não controlar
Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
08/12/2012 | 07:45
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Em época próxima ao Natal, as pessoas ficam cada vez mais propensas a comprar. Além do estímulo que a data proporciona, muitos ainda contam com o acréscimo no orçamento do 13º salário ou dos bônus de fim de ano das empresas. Porém, é necessário atentar às finanças familiares para não passar por apuros nos próximos meses, em que algumas contas já são certas, como os tributos dos imóveis e veículos e, para quem tem filhos, os materiais escolares. Por isso, o consumidor deve ter cuidado com o seu orçamento, e não controle, desta maneira suprirá suas carências e garantirá o bem-estar financeiro futuro. O cuidado é o zelo pelas contas de modo mais sutil do que o controle, que por sua vez é interpretado pelo cérebro das pessoas como um tipo de repressão. "O cuidado é bom. Mas o controle, depois de alguns meses, estoura", diz a psicóloga especialista em finanças comportamentais Angélica Rodrigues Santos. Cuidar do dinheiro é pensar se um gasto aqui, ou uma compra ali, é realmente necessário. Se o consumidor precisa de um determinado produto imediatamente, ele pode comprar. Mas após isso, ele deve pensar onde economizar, deixar de lado algumas coisas não necessárias para que não sofra com as dívidas nos meses seguintes. "Isso exige tempo e muito respeito a si próprio", garante Angélica. Já o controle, diz a especialista, é uma forma de repreender. E é comum do ser vivo, e não apenas do ser humano, explodir após algum período preso. O controle é nunca comprar ou satisfazer suas vontades e carência por causa do orçamento apertado ou no vermelho. "Tudo na natureza que é reprimido em algum momento explode. Pense em uma água represada, se por algum acaso a comporta não abrir, a força da água vai estourá-la. Isso ocorre muito com as pessoas, seja um controle de dinheiro, sexualidade ou até agressividade. Têm momentos que você precisa liberá-los para não explodir lá na frente e, por esse motivo, é necessário cuidado e não controle", explica Angélica. ESTÍMULO  A vontade de comprar, normalmente, é causada por um impulso, que é ligado ao inconsciente. E é ativado emocionalmente, ou seja, quando as pessoas passam por alguma carência. "A compra gera um prazer imediato", destaca Angélica. Por isso, as pessoas deixam de lado a previsão de sofrimento com o pagamento das contas no futuro e compram para se sentirem bem no presente. Basicamente, o consumidor tem quatro tipos de carência: amor, que é amar e ser amado; aceitação, que é ser aceito e aceitar do jeito que a pessoa é; confiança, que é ter credibilidade com as pessoas com quem se relaciona e confiar em si; e o pertencimento, que é se sentir útil, importante para o grupo, necessário para a sociedade. "Se uma dessas necessidades básicas não está suprida, surge a carência", diz Angélica. O funcionário público andreense Severino Correia Dias, 42 anos, atualmente passa por um momento difícil em sua vida. Há algumas semanas ele e sua ex-mulher se divorciaram. Por isso, afirma, passa por um momento de muita carência. E para suprir as suas necessidades não correspondidas, ele tem comprado muito. "Não paro de comprar livros. Ao menos estou um pouco consciente dos valores que posso gastar e adquiro eles em sebos, onde são mais baratos", conta Dias, lembrando que alguns desses itens ele ainda não conseguiu ler, mas já adquiriu outros. Angélica destaca que é difícil, mas orienta que aqueles que estiverem sentindo alguma carência e desejarem comprar algo que não há a necessidade podem recorrer a um encontro com a família e com os amigos. Os produtos, como no caso de uma mulher que quer se sentir mais bonita e acaba comprando uma roupa, geram conforto muito rápido e passageiro. Mas as amizades e o amor familiar são duradouros, garante Angélica. O resultado é um sentimento gostoso por ser querida pelos outros. Com isso, é possível compensar, integral ou parcialmente, outras carências.




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