A campanha bem sucedida do deputado estadual Carlos Grana (PT) sobre o atual prefeito de Santo André, Aidan Ravin (PTB), na eleição de outubro simbolizou mais um triunfo do PT perante o PTB na cidade, comandada pelas duas agremiações há 30 anos. Com o resultado, os petistas somam três vitórias e empatam contra os petebistas em confrontos diretas entre os partidos. Mas ao todo, PT venceu cinco vezes na cidade.

A primeira eleição em que as duas legendas concorreram foi em 1982, quando Newton Brandão, no PTB, venceu Celso Daniel pelo PT.

Seis anos depois, era a vez de o PT ter a sua primeira vitória perante o PTB, novamente apostando em Celso contra o petebista José Cabral de Almeida Amazonas.

Em 1992, porém, o PT foi para o pleito em crise interna devido às prévias entre o então vice-prefeito José Cicote e o coordenador de Planejamento do partido, Antônio Carlos Granado, que tinha a preferência de Celso. No fim, Cicote saiu vitorioso e foi para a eleição contra Brandão, mas com o partido rachado, ele sofreu revés diante do candidato do PTB.

Na eleição de 1996, Celso novamente entrou na corrida eleitoral contra o petebista Duílio Pisaneschi e, mais uma vez, chegou ao comando do Paço. Ali nasceria a hegemonia do PT em Santo André.

HIATO

A partir de 2000, a rivalidade entre petistas e petebistas esfriou, pois o PTB em vez de lançar candidato próprio ao Paço, aderiu à chapa de Celso Russomano, do PPB (atual PP). Contudo, Celso Daniel, desta vez podendo disputar reeleição, foi às urnas e obteve mais 70% dos votos por mais quatro anos à frente da Prefeitura.

Na sequência, a trajetória de Celso foi abruptamente interrompida, com seu assassinato em 2002. Dessa forma, o vice João Avamileno (PT) assumiu o Executivo e, dois anos depois, brigou voto a voto contra Brandão, já no PSDB. O PTB apoiou a candidatura tucana, tendo Duílio como vice na chapa. A eleição foi disputada, com dois turnos, entretanto o petista venceu.

RESSURGIMENTO DO PTB

Em 2007, porém, o PT mergulhou em mais uma crise. A então vice-prefeita Ivete Garcia e o deputado estadual Vanderlei Siraque, apoiado por Avamileno, disputaram prévias conturbadas que estremeceram o Paço. Com a vitória interna do parlamentar, 13 secretários se desligaram da administração. Assim a legenda foi para a eleição de 2008 totalmente fragmentada.

Enquanto isso, o PTB reaparecia encabeçando uma chapa majoritária, apostando em uma dobrada caseira, com os vereadores Aidan Ravin, eleito para o cargo com mais de 10 mil sufrágios em 2004 pelo PDT - mudou de partido um ano antes do processo eleitoral - e Dinah Zekcer, há 16 anos na Casa.

Aidan iniciou a campanha sem pretensão, contudo cresceu a ponto de superar nomes considerados mais fortes, como de Raimundo Salles (DEM) e Brandão, morto em 2010, e conseguiu ir para o segundo turno contra Siraque.

Desgastado internamente e perante a população após 12 anos consecutivos na administração, a campanha do PT perdeu gás e Aidan passou a ser visto como uma alternativa. Logo elegeu-se com 214 mil votos, recolocando o PTB no primeiro andar da Prefeitura.

RETOMADA PETISTA

Quase quatro anos depois, o PT decidiu cicatrizar feridas do passado e entrou em processo de consenso interno em torno do nome do deputado estadual Carlos Grana para a eleição desse ano. Ao mesmo tempo, a gestão de Aidan era mal avaliada pela população. Segundo série de pesquisas do Diário, sua rejeição não ficava abaixo dos 30% do total de entrevistados.

Na frente nos dois turnos e vitorioso em redutos do petebista, como Vila Luzita, Grana fez o PT regressar ao Executivo e Aidan se tornou o primeiro prefeito a não se reeleger na cidade.