Economia Titulo Empregos
Indústrias da região demitem 550 trabalhadores em outubro
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
14/11/2012 | 07:47
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As indústrias do Grande ABC não estão reagindo aos estímulos do governo federal ao setor automotivo. Embora em outubro, segundo dados da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos automotores), a produção de veículos tenha crescido 19,9% na comparação com setembro, e 33,6% frente ao mesmo mês no ano passado, resultados impulsionados pelo IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido, que elevou a demanda, o emprego industrial nas sete cidades encerrou outubro com saldo negativo de 550 vagas.As informações foram levantas pela pesquisa mensal realizada pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), com base na amostra de seus associados. O cenário negativo do emprego surge na contramão da reação esboçada em setembro, quando o saldo havia ficado positivo em 500 postos, maior volume de contratações desde julho de 2011. Na avaliação do diretor do Ciesp de Santo André, que abrange as cidades de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Emanuel Teixeira, isso ocorre porque a produção de veículos foi normalizada. "Com as paradas que as montadoras realizaram entre maio e junho (desde o início do ano as fabricantes da região adotaram férias coletivas, jornada de trabalho de quatro dias e licença remunerada), os estoques baixaram e, entre agosto e setembro (com a renovação do IPI reduzido até outubro), para retomada da produção, houve aumento nas contratações. Porém, quando viram que tinham estoque suficiente, novamente os pedidos diminuíram e as demissões aumentaram."As diretorias que registraram os maiores cortes de funcionários foram as de São Bernardo, com saldo negativo de 300 postos puxados pelos setores de máquinas e equipamentos, produtos alimentícios e veículos automotores e autopeças e Santo André, com demissões de 350 pessoas nos segmentos de produtos de borracha e de material de plástico, máquinas e equipamentos, veículos automotores e autopeças e produtos químicos. Outro fator que deveria ter contribuído para manter os empregos foi a entrada em vigor, no início de outubro, do aumento do Imposto de Importação para 100 produtos. Dentre os contemplados na lista, aparecem produtos químicos, resinas plásticas e itens de borracha, a exemplo dos utilizados em veículos e pneus. O diretor do Ciesp de Santo André defende que, em muitos casos, mesmo com a elevação do tributo, os produtos importados entram no País com preço inferior ao de similares fabricados por aqui. "Se uma peça custa R$ 2,70, e com o imposto sobre para R$ 4, ainda fica muito mais barata do que a brasileira vendida por R$ 7", afirma. "O preço não consegue ser competitivo por problemas que envolvem custos dos empresários brasileiros, como a elevada carga tributária, alto preço de energia elétrica e falta de infraestrutura."Para Teixeira, essa diferença fica evidente quando se compara o preço de um mesmo veículo aqui e no Exterior. "Um Toyota Corolla, vendido nos Estados Unidos por US$ 13,5 mil, que equivale a R$ 27 mil, aqui sai por R$ 80 mil. As peças e componentes lá fora custam 30% do valor que são vendidas aqui. É claro que a montadora não pensa duas vezes. Como obrigá-la a comprar aqui custando muito mais?"




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