Com sua linha de produtos envelhecida por mais tempo que deveria, a Chevrolet começou bem sua fase de renovação. Primeiro, foi a vez do sedã médio Cruze, apresentado à imprensa em setembro na Alemanha. Agora é a vez do Cobalt, que chega para substituir Astra Sedan e Corsa Sedan.

A receita é parecida com a do Renault Logan: ambos têm preços acessíveis, porte equivalente a modelos de categoria superior e visual conservador. Como foi enfatizado pelo diretor de planejamento de produto da General Motors, Marcos Paiva, o foco do novo sedã é a classe C, que já ultrapassou 100 milhões de pessoas no Brasil que estão ávidas por novidades, prontas para consumir.

O novato de gravata, avaliado na versão topo de linha LTZ, com preço de R$ 45.980, enfrenta o veterano da Volkswagen, o Voyage, avaliado na versão 1.6 Comfortline, com valor inicial de R$ 41.610.

O modelo da montadora de origem alemã ocupa o respeitável terceiro lugar no ranking de vendas entre os sedãs pequenos, com 75.693 unidades emplacadas de janeiro até a primeira quinzena de novembro, segundo indicam dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores. À sua frente estão o Chevrolet Classic (junto com o Corsa Sedan) e o Fiat Siena.

À primeira vista, o visual do Cobalt gera certa polêmica. Alguns não gostaram, outros acharam bonito. A verdade é que o design foi baseado nas clínicas feitas com consumidores, que são pesquisas mais detalhadas. Segundo Carlos Barba, diretor de design, os potenciais clientes queriam linhas clássicas.

Ante o Voyage, o Cobalt destaca-se pelas dimensões: são 25 centímetros a mais de comprimento, 8 cm a mais de largura e 16 cm de vantagem na distância entre os eixos. O espaço para bagagem também é muito superior, são 83 litros de vantagem.

Isso reflete muito no espaço para os ocupantes, que viajam com mais conforto no banco traseiro do Chevrolet que no do Volkswagen.

A posição de dirigir é boa em ambos. O interior do Cobalt tem linhas mais modernas, enquanto as do Voyage são convencionais. O velocímetro do Cobalt é digital.

Mas é nos itens de série que o Cobalt ganha muitos pontos. O modelo sai de fábrica bem completo nesta versão, com itens importantes como air bag duplo, freios ABS com EBD, direção hidráulica, ar-condicionado, trio elétrico, computador de bordo e CD player. O Voyage tem direção hidráulica, travas e vidros dianteiros elétricos. Ambos oferecem faróis de neblina.

Rodamos com cinco pessoas

O Cobalt tem sob o capô o motor 1.4 8V Econo.Flex, que rende até 102 cv a 6.200 rpm e 13 mkgf de torque a 3.200 giros com etanol. O Voyage, com propulsor 1.6 8V Total Flex, é mais potente: são 104 cv a 5.250 rpm e 15,6 mkgf de torque a 2.500 rpm com o mesmo combustível.

Para fazer a prova de fogo, rodamos em circuito urbano, inclusive em ladeira íngreme, com cinco ocupantes, totalizando 400 quilos. O Voyage demonstrou ser mais ágil nas saídas, com acelerações rápidas. Mas na arrancada da ladeira, ambos sofreram, exigindo o auxílio do freio de mão.

Os passageiros ficaram melhor acomodados no Cobalt, com mais espaço para cabeça, ombros e pernas. O acerto da suspensão oferece conforto na medida certa. Agrada no Cobalt e no Voyage a boa sintonia entre motor e câmbio.

VEREDICTO

O Cobalt destacou-se e levou a melhor por oferecer lista completa de equipamentos, mais conforto para os ocupantes, maior espaço interno e para bagagem. O Voyage tem bom desempenho, mas menos espaço e, apesar de ter valor inicial mais baixo, seu preço sobe para quase R$ 50 mil se adicionarmos os mesmos itens do Cobalt.