Automóveis Titulo Indenização
Aumenta a procura pelo DPVAT
Alexandre Calisto
Especial para o Diário
30/11/2011 | 07:00
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O número de pessoas indenizadas pelo Seguros de Danos Pessoais Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre cresceu 41,57% de janeiro a setembro deste ano, se comparado com o mesmo período do ano passado. Ao todo, foram atendidas 256.479 pessoas, enquanto em 2010, 181.158 receberam indenização.

Os dados, divulgados pela Seguradora Líder, responsável pelo DPVAT, também revelam o perfil dos usuários do seguro obrigatório. De acordo com o relatório, das três coberturas realizadas pelo seguro, 65% dos ressarcimentos foram por invalidez permanente, seguidos por despesas médicas (19%) e por morte (16%).

Para o diretor de relações institucionais da Seguradora Líder, Marcio Norton, o crescimento está atrelado ao número de acidentes que, segundo ele, também cresceram. "Não é só o fato de as pessaos conhecerem o seu direito sobre o seguro obrigatório. Aliás, ainda falta conhecimento". Segundo Norton, as vítimas e os familiares devem ficar atentos a fraudes. "Há em alguns hospitais advogados que propõem intermediar o processo, mas ressaltamos que não é necessária a ajuda de terceiros para receber a indenização", alerta.

De acordo com Patrícia Gejer, analista de segurança viária do Centro de Experimentação e Segurança Viária Brasil, o aumento pode ser explicado pela imprudência dos condutores no trânsito. "É preciso considerar também o preparo dessas pessoas para lidar com o trânsito."

Os motoristas são os que mais recebem a indenização por invalidez. Com base nos dados, 43% foram para condutores, sendo 38% para homens, sexo que predomina no ranking, e apenas 5% para mulheres.

Dirceu Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, aponta a falta de conscientização dos condutores sobre o poder de utilizar o veículo. "Um rapaz de 18 anos, por exemplo, pega o carro e desenvolve a velocidade para se exibir. Mas a função do veículo é a mobilidade".

 

HISTÓRIA

O seguro obrigatório foi criado pela Lei nº 6.194, de 19 de dezembro de 1974. É direito de todos, seja motorista, passageiro ou pedestre, receber a indenização após acidente com veículos automotores.

Segundo Norton, a taxa do seguro não deve ser confundida com o Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores, junto com a qual é cobrado.

 

Saiba como solicitar a indenização

 

O processo de entrada para indenização varia de acordo com a situação, seja por morte, invalidez ou reembolso de despesas médicas e, principalmente, não necessita de intermediário, o serviço é gratuito.

Cada tipo de indenização exige documentos específicos. Por isso, o interessado deve entrar no site do DPVAT, especificar a ocorrência e o tipo de indenização.

Para qualquer processo, é indispensável dois documentos. Primeiro, o boletim de ocorrência, que registra o acidente. O segundo documento fundamental para requerer a indenização é o boletim de primeiro atendimento, emitido pelo hospital que recebeu a vítima. No documento devem constar as medidas adotadas para socorrer o acidentado. Aliás, ter esse boletim também é direito de qualquer paciente.

Vale lembrar que a seguradora tem, no máximo, 30 dias para realizar o pagamento.

 

Mais informações:

Telefone: 0800 022 12 04

Site: www.dpvatseguro.com.br

 

Cobertura vai até R$ 13,5 mil

 

O seguro obrigatório cobre três tipos de situações em todo o território nacional: morte, invalidez permanente e despesas médicas, incluindo o custo com hospitais e exames,

Vale ressaltar que o DPVAT não cobre danos materiais como roubo, furto, batida ou incêndio, apenas os danos com vítimas de acidentes de trânsito.

No caso de morte, quem recebe são os familiares. De acordo com os números da empresa, o valor de indenização por falecimento pode chegar a R$ 13,5 mil por vítima.

A invalidez permanente varia com base na gravidade das lesões e quem recebe a indenização é a própria vítima. O valor também pode chegar a R$ 13,5 mil por acidentado.

Para as despesas médicas e hospitalares, o paciente deve apresentar à seguradora todos os exames e as documentações que comprovem o gasto. De acordo com o custo e a comprovação, o valor do reembolso chega a R$ 2.500.

A vítima tem até três anos, contando a partir da data do acidente, para requerer a indenização. É importante saber também que trens, bicicletas e barcos não se enquadram no seguro.

O proprietário do veículo que não pagar o seguro obrigatório, além de circular sem licença, o que é considerado infração gravíssima e passível de multa, não terá direito a cobertura do seguro caso se envolva em acidentes, apenas as outras vítimas serão indenizadas.

 

Motociclistas lideram o ranking

 

Dos 69.486.415 veículos espalhados pelos País, 15.279.643 são motocicletas, número que representa 22% do total da frota, segundo dados de outubro do Departamento Nacional de Trânsito.

No entanto, diferentemente das estatísticas da frota, os motociclistas lideram o ranking de indenizados por invalidez permamente.

Os dados são alarmantes. Lucas Pimentel, presidente da Associação Brasileira de Motociclistas, acredita que o alto índice esteja relacionado ao crescimento da frota de veículos de duas rodas.

Dirceu Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, acredita que o preço baixo das motocicletas atraia os consumidores e, como consequência, a frota cresce.

A classe também lidera outros itens do levantamento, como o índice de indenizados por morte e reembolso com despesas hospitalres.

Segundo Alves, a explicação pode ser a excessiva exposição vivida pelos motociclistas ao utilizarem a motocicleta como meio de locomoção. "O motociclista não tem, assim como nos outros veículos, a lataria para proteger o condutor. Outro fator é a ausência de equipamentos de segurança, como o capacete e até roupa específica, para proteger o condutor."

O especialista ainda alerta sobre a falta de preparo dos motoristas. "A formação dos indivíduos está precária. Eles são formados em ambientes fechados, aprendem e são avaliados em locais fechados. Quando recebem a carteira nacional de habilitação, vão para as ruas com total inexperiência."

A falta de fiscalização é outro motivo. Fernanda Gejer, analista de segurança viária do Centro de Experimentação e Segurança Viária Brasil, lembra que, em locais onde a fiscalização não é frequente, como nos Estados do Nordeste, os índices de acidentes por falta de segurança são maiores.

 

Homens se envolvem mais em acidentes

 

Os homens entre 18 e 34 anos somam 40% do total de vítimas indenizadas pelo seguro obrigatório.

O relatório ainda aponta que em todas as faixas etárias, classificadas de zero a mais de 65 anos, o homem apresenta números expressivos quando comparados com os das mulheres.

Os dados são preocupantes. Patrícia Gejer, analista de segurança viária do Centro de Experimentação e Segurança Viária Brasil, acredita que os motoristas do sexo masculino se arriscam mais no trânsito, mas lembra também que os homens são maioria em profissões como motoboys, taxistas e caminhoneiros.

 

ANOITECER

É quando o sol se põe que o perigo para os motoristas cresce. O relatório do DPVAT também traçou os horários de maior número de acidentes. O período de maior incidência de ocorrências para motocicletas e carros é ao anoitecer. No ranking, as motos sofrem mais acidentes na parte da tarde (14%) e da noite (15%). Os automóveis estão mais vulneráveis também ao anoitecer, (6%). Segundo Dirceu Alves, diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego, o maior inimigo dos motoristas é o cansaço, que é mais comum no fim do dia, quando já foram realizadas diversas tarefas de trabalho.




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