Economia Titulo Finanças
Juros baixos prejudicam
acionistas dos bancos

Investidor diminuiu interesse e três das maiores institições
financeiras brasileiras perderam R$ 35 bilhões até o dia 5

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
11/11/2012 | 07:19
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Três dos maiores bancos brasileiros acumularam desvalorização enorme em 2012, até o dia 5. Santander, Itaú Unibanco e BB (Banco do Brasil) perderam, em valor de mercado, US$ 17,7 bilhões, ou R$ 35,5 bilhões. O montante seria o suficiente para comprar 116 mil imóveis de médio padrão, em torno de R$ 300 mil. Ou ainda pagar 23 mil salários mensais do atacante do Santos Neymar, que está próximo de R$ 1,5 milhão.

As informações são da consultoria Economatica, que elaborou levantamento com os 19 bancos com mais de US$ 100 bilhões em ativos na América Latina e nos Estados Unidos. Três dos quatro brasileiros listados são os únicos com queda no valor de mercado, que é a multiplicação entre o número de ações da instituição financeira e o preço de cada papel. Os demais da lista são norte-americanos.

As perdas foram de 11% para o Itaú Unibanco, 12% para o BB e 14% ao Santander Brasil. Tudo porque os investidores da Bolsa, em geral, diminuíram o nível de interesse pelas ações desses bancos. E quem perde com isso são os acionistas, que têm em mãos papéis talvez mais baratos do que pagaram. "As perdas só influenciarão o mercado de ações, ou seja, os investidores", diz o professor do Laboratório de Finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração) José Roberto Savoia.

Os clientes, portanto, não serão prejudicados, avalia o professor de Finanças da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras) Eduardo Vieira dos Santos Paiva. "Aparentemente, um dos motivos para essa queda são exatamente os benefícios que os clientes receberam ao longo do ano, como as reduções de juros, spread e tarifas, o que resultou na desvalorização dos bancos", explica.

Operador sênior da corretora TOV, Júlio Mora aponta que um dos fatores que contribuíram para a baixa no valor de mercado das instituições foi a pressão do governo. "Depois que a presidente Dilma (Rousseff) interveio por meio dos bancos públicos, o BB enfrentou grande desvalorização em suas ações. E os outros (que acompanharam as reduções de juros e tarifas) também", avalia Mora.

Em análise, o jornal britânico Financial Times apresentou mais alguns fatores que tiraram a atratividade dos maiores bancos brasileiros. Segundo o periódico, todo o setor bancário brasileiro sofre com baixas receitas e altos índices de inadimplência, entre 6% e 7%, muito além do restante do mercado mundial, de 1% a 3% com contas em atraso.

Conforme a pesquisa da Economatica, o Itaú foi dono da maior perda de valor de mercado na lista dos 19 bancos. A queda foi de US$ 8,2 bilhões, ou R$ 16,6 bilhões. A instituição financeira passou de US$ 73,2 bilhões para US$ 64,9 bilhões. Santander e BB apresentaram decréscimo, cada um, de US$ 4,6 bilhões, ou R$ 9,3 bilhões. O primeiro diminuiu de US$ 31,9 bilhões para US$ 27,3 bilhões. Já o BB passou de US$ 36,2 bilhões para US$ 31,5 bilhões.

Presente na lista, o Bradesco foi a única instituição financeira brasileira que teve expansão, na ordem de 0,16%, passando de US$ 57,02 bilhões para US$ 57,11 bilhões.

 




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