Automóveis Titulo Duas rodas
Triumph, enfim, chega ao Brasil

Inicialmente, três modelos serão feitos em Manaus

Lukas Kenji
Especial para o Diário
07/11/2012 | 07:00
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O Brasil mal completava 30 anos de existência, os ingleses já aportavam em nossas terras em busca de novos negócios. Caminho contrário fez a Triumph. Só depois de 110 anos de história, a montadora da terra da rainha chegou ao País em busca de compradores de motocicletas acima de 500 cm³.

"Este segmento, também chamado de premium, é muito pequeno. Representa menos de 3% de todo o mercado. Por isso, entendemos que há muito espaço a ser explorado", afirma o gerente geral da marca, Marcelo Silva.

Por isso, a Triumph colocou a mão na massa em sua fábrica (construída em Manaus) e selecionou três modelos a serem produzidos em sistema CKD, com peças oriundas da planta da marca na Tailândia. São elas a roadster Bonneville T100, a super naked Speed Triple e a fora de estrada Tiger 800XC.

Mais três modelos também estarão à disposição do consumidor e virão importados da Inglaterra: a cruiser Thunderbird Storm, a touring Tiger Explorer e a custom Rocket III Roadster.

Todas estas magrelas podem ser adquiridas a partir de sábado (10), quando será inaugurada a primeira concessionária da montadora no País, localizada em São Paulo.

O executivo da marca garante que serão comercializadas 200 unidades ainda neste ano. "Recebemos 500 inscrições em nosso cadastro de futuros compradores. Esta demanda significa que teremos fila de espera em torno de dois a três meses", indica Marcelo Silva.

Já no primeiro trimestre de 2013, mais três concessionárias serão inauguradas e outras oito revendas devem ser instaladas daqui dois anos, o que representa uma rede de 12 pontos de vendas em todo o País - com exceção da região Norte.

Segundo o diretor mundial de marketing e vendas da Triumph, Paul Stroud, o sistema de compra e pós-vendas chega para ser um diferencial da marca. "Focamos na qualidade e não quantidade. Por isso um centro de treinamento de concessionários foi implementado (na Capital)", explica. A fabricante inglesa também conta com instalações em Louveira, no interior do Estado. A planta tem o papel de tratar de assuntos referentes a peças e acessórios, como jaquetas, calças e camisetas.

Tudo isso fez com que a Triumph desembolsasse cerca de R$ 19 milhões nesta que é a décima subsidiária da marca no mundo, e que gera espextativas de dar lucros ao ponto de transformar o Brasil no sexto principal mercado para a montadora - Estados Unidos e Grã-Bretanha são os principais.

Marca almeja 6% de participação

A intenção da Triumph é bater de frente com as principais concorrentes do segmento de motocicletas premium. A montadora pretende atingir 6% de participação no mercado em 2013, número que posiciona as vendas ao patamar de 2.000 a 3.000 unidades.

Apesar de traçar objetivos ambiciosos, a marca sabe que encontrará dificuldade no Brasil em virtude da falta de conhecimento do mercado. "Temos uma história rica. Nossos anos de ouro foram na década de 1960 e 1970. Mas observamos muitos percalços nos anos seguintes. Só voltamos a nos recuperar na década de 2000, registrando ótimos números (vendas). O brasileiro não esteve muito atento, por isso temos grande desafio de mostrar a nossa marca", explica o diretor mundial de marketing, Paul Stroud.

O executivo reconheceu que houve dificuldades para entender o comportamento do mercado nacional. Segundo ele, muitos estudos foram feitos referentes às certificações e homologações com a intenção de que a montadora pudesse atender a todas as exigências do governo federal.

"A Triumph talvez seja a empresa que mais tenha estudado para entrar no Brasil. Digo isto porque, ao contrário das concorrentes, a marca está no País sem intermédio de representantes", diz o gerente geral da montadora, Marcelo Silva.

Terminado o processo de pesquisas, a empresa aporta em terras brasileiras sem medo de ser feliz. O fraco momento do mercado nacional - que registrou recuo de 34% no acumulado de setembro em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) - não amedronta os executivos. "Percebemos muitos problemas no âmbito do financiamento. Porém, o mercado premium é menos sensível a isso, pois há consumidores que compram à vista", explica Silva. No mundo, a Triumph tem market share de 5,8% no segmento de motocicletas de luxo.

Trancos, barrancos e glórias em 110 anos

A Triumph iniciou as atividades em 1902. A fábrica situada na cidade inglesa de Conventry não possuía peças e componentes de motorização. Isso porque a empresa desenvolvia apenas bicicletas.

Sequer um ano havia passado e a primeira motocicleta já era produzida e batizada de Nº1, equipada com motor de 2,25 cv.

A marca atingiu forte produção durante a Primeira Guerra Mundial, quando produziu 30 mil motocicletas para atender à demanda do Exército britânico.

Se nesta batalha a Triumph se saiu bem, o mesmo não pode ser dito com relação à Segunda Grande Guerra, quando sua fábrica foi destruída.

A empresa só voltou a ter glórias na década de 1960, época em que chegou a produzir 47 mil unidades. O sucesso foi tanto, que não era raro observar astros da música e do cinema, como Elvis Presley e Steve McQueen (ver mais na página 7), a bordo de uma magrela da Triumph.

Depois dos chamados anos dourados, a montadora só voltou a se reerguer após John Bloor - presidente até hoje da marca inglesa - assumir o comando dos negócios.

No entanto, como a história da Triumph sempre passa por reviravoltas, em 2002 - ano do centenário da marca - a unidade fabril em Hinckley, na Inglaterra, foi incendiada. No mesmo ano foi reconstruída e deu vida ao modelo superesportivo Daytona 600, muito conhecido no Brasil.

Dois anos mais tarde, a empresa produziu a motocicleta com maior motor da história. A Rocket III foi concebida com propulsor de incríveis 2.294 cv.

Ou seja, se depender da história, a Triumph terá sucesso no Brasil.




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