Economia Titulo Trabalho
IPI reduzido aumenta
emprego metalmecânico

Por outro lado, o benefício contribuiu com as demissões do
comércio de veículos usados; muitas lojas fecharam as portas

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
01/11/2012 | 07:24
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Uma moeda de duas faces. Esse é o efeito que tem a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a compra de carros zero-quilômetro no emprego do Grande ABC. Se por um lado o benefício fiscal ajudou a elevar as contratações na indústria metalmecânica em setembro, por outro, contribuiu com as demissões no comércio de veículos usados - muitas lojas, inclusive, fecharam as portas.

O ramo metalmecânico, que inclui atividades de metalurgia, caldeiraria, moldes e ferramentaria, contratou em um mês 5.000 profissionais - de 6.000 de toda a indústria na região. O subsetor emprega 55% da mão de obra da totalidade das fábricas no Grande ABC, com 180 mil trabalhadores. Ao todo, 334 mil pessoas atuam em indústrias.

Os dados integram a PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego) do Seade/Dieese divulgada ontem no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A pesquisa domiciliar é realizada em 600 casas, com 2.500 pessoas. São contabilizados todos os tipos de emprego - com e sem registro em carteira e autônomos. Em torno de 20% dos entrevistados trabalham fora da região.

"Desde maio, quando o governo anunciou a redução do IPI, o setor metalmecânico vem admitindo mais. Com a indústria em geral isso ainda não aconteceu", afirma a técnica do Dieese Ana Maria Belavenutto. O benefício fiscal que isenta os carros 1.0 do imposto e diminui a alíquota para os que têm motor mais potente era válido, inicialmente, até agosto, depois foi postergado para outubro e, agora, para dezembro.

O gerente de pesquisas do Seade, Alexandre Loloian, ressalta que, de qualquer maneira, os números mostram que o mercado de trabalho da região está estável. "Esse é um excelente sinal. O que ocorre é que muitas das fábricas que têm condições seguram os funcionários (mesmo que em férias coletivas ou sob o esquema de lay-off, caso da Mercedes, que tem 1.500 funcionários recebendo mas sem trabalhar) e não demitem. Ou seja, têm capacidade ociosa e não precisam contratar. Por isso o crescimento não é expressivo."

Quanto ao segmento de comércio e reparação de veículos, que perdeu 7.000 profissionais em setembro, mas ainda emprega 190 mil pessoas, boa parte do cenário se explica, de acordo com os especialistas, pela forte depreciação do preço do carro usado gerada pelo IPI reduzido, que barateou os veículos novos. Vendendo menos também diminui a demanda por reparação e, com isso, é reduzida a necessidade de pessoal.

Mesmo assim, o saldo de empregos no Grande ABC ficou positivo, graças ao impulso da indústria metalmecânica. Tanto é que o desemprego foi reduzido em 8.000 pessoas, e fez com que a taxa baixasse de 10,2% em agosto para 9,6% em setembro. Essa é, inclusive, a melhor marca para setembro desde o início da série histórica da PED, em 1998. O total de pessoas sem emprego ou em busca de ocupação recuou de 144 mil para 136 mil.

O total de pessoas empregadas na região cresceu em 11 mil, somando 1,276 milhão. Aumentou também o volume de trabalhadores com carteira assinada; em setembro 12 mil conseguiram vaga com registro, totalizando 698 mil. Por outro lado, o número de autônomos diminuiu em 4.000, ainda assim 179 mil trabalham por conta própria.

 

 




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