Economia Titulo Investimento
Rendimento da poupança
é menor que a inflação

Caderneta completa 151 anos com ganho baixo; ela não
é suficiente para compensar a perda do poder aquisitivo

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
31/10/2012 | 07:22
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A tradicional caderneta de poupança completa hoje 151 anos. Foi criada pelo imperador Dom Pedro II com o objetivo de guardar em local seguro as economias dos brasileiros das classes sociais menos favorecidas. A aplicação centenária, entretanto, teve seu rendimento alterado pelo governo com o objetivo de equilibrar o sistema financeiro nacional. Assim, o ganho dos brasileiros que buscam facilidade e segurança na modalidade foi diretamente atingido. Enquanto a caderneta oferece rendimento de 5,07% ao ano, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) - que reflete o custo de vida de famílias com renda mensal de um a 40 salários-mínimos - acumula alta de 5,28% em 12 meses. "O retorno não é suficiente para compensar a perda do poder aquisitivo do dinheiro", explica o professor de Análise de Investimento da FIA (Fundação Instituto de Administração) Bolívar Godinho.

De acordo com o governo, a mudança, determinada em maio, foi necessária porque os investimentos atrelados à taxa básica de juros, a Selic (como é o caso dos fundos de renda fixa), perderam atratividade diante de suas quedas. Até então, a caderneta tinha rendimento fixo (veja arte acima) e nenhum custo para o poupador, o que poderia incentivar a migração para a poupança. Ficou decidido que toda vez que o BC (Banco Central) reduzir a taxa para patamar igual ou menor que 8,5% ao ano, os recursos da poupança terão rendimento de 70% da Selic mais a TR (Taxa Referencial).

Desde a alteração nas regras, o governo reduziu a taxa básica por quatro vezes e, por isso, a remuneração mensal da poupança já caiu de 0,43% (em maio) para 0,41% (em outubro)."Mas as grandes vantagens da poupança continuam sendo a liquidez, já que é possível resgatar o dinheiro a qualquer momento, sem a incidência do IR (Imposto de Renda)", explica o consultor financeiro da Dinheiro em Foco, Ricardo Fairbanks. Além disso, se o banco quebrar, o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) garante a devolução de até R$ 70 mil ao detentor da conta poupança.

Para o educador financeiro e fundador da Academia do Dinheiro, Mauro Calil, quem poupa por mês até R$ 100 e projeta usar o dinheiro em no máximo seis meses pode manter o dinheiro na poupança. "A caderneta deve unir o pouco dinheiro com o curto prazo."

Porém, se os planos para utilização dos recursos superam meio ano, os depósitos devem seguir para outras aplicações. Um exemplo são os papeis da dívida do governo (títulos do tesouro) que não estejam atrelados à Selic - há também os que se baseiam na inflação. Investimentos em fundos de renda fixa são outra opção.

A estratégia vale mesmo para valores menores, como R$ 20 mensais, mas que serão usados em 10 anos.

 

Títulos do tesouro são opção de investimento

Os papeis da dívida pública são opção ao baixo rendimento da poupança. O produto funciona assim: o investidor empresta dinheiro para o governo e depois recebe as devidas correções. Para aplicar na modalidade é preciso se cadastrar em uma corretora.

Mas, diferentemente da caderneta, o investidor precisa arcar com o IR (Imposto de Renda), que varia entre 15% e 22,5%, e com a taxa de negociação de 0,10% sobre o valor da operação, além da taxa de custódia da BM&F Bovespa de 0,30% ao ano sobre o valor dos títulos. Há corretoras que também cobram taxa de administração, mas existem as que oferecem o serviço de graça, veja na página www.tesouro.fazenda.gov.br/tesouro_direto/consulta_titulos/consulta_ranking.asp.

Mesmo com a incidência desses custos, a rentabilidade do tesouro é atrativa. Quem aplica R$ 400 por mês, durante três anos, acumulará R$ 15.780 com os papeis e R$ 15.492 na poupança - diferença de R$ 288 no período.

O professor Bolívar Godinho, da FIA , recomenda adquirir títulos que tenham rentabilidade definida no momento da compra, como a LTN (Letra do Tesouro Nacional), ou indexados à inflação - chamados de NTN-B (Notas do Tesouro Nacional). Neste caso, vale a pena porque a inflação está em 5,28%, acima do centro da meta, de 4,5%.

O especialista recomenda organizar o fluxo do dinheiro assim que o salário cair na conta. A dica é separar imediatamente o montante que será destinado ao pagamento das contas do mês e o que irá compor as reservas financeiras.

 




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