Diarinho Titulo Tira-dúvidas
Por que o sapo tem língua comprida?
Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
21/10/2012 | 07:00
Compartilhar notícia
Ricardo Trida/ DGABC


O sapo tem língua comprida para capturar alimento. Como consome insetos e invertebrados, que nem sempre ficam pertinho dele, o órgão facilita a tarefa. Ao ver a presa, o animal abre a bocona e arremessa a língua em alta velocidade em direção ao bichinho. Isso é possível porque é diferente da nossa. A língua humana é presa atrás e solta na frente. O contrário acontece com a do anfíbio: fixa na frente e livre no fundo.

Ao atingir o inseto, a língua gruda nele, pois a saliva é bem pegajosa. Então, o sapo a recolhe para dentro da boca e ingere o que pegou. Curioso é que o anfíbio usa os olhos para ajudar a empurrar a presa para o sistema digestivo. Por isso, sempre que abocanha algo dá uma grande piscada com os dois olhos.

É difícil saber exatamente o tamanho da língua, pois varia de acordo com a espécie. E há desde anfíbios muito pequenos, como o sapinho-pingo-de-ouro, que atinge cerca de 1 cm, a grandões, caso do sapo-cururu, que pode chegar a pouco mais de 20 cm.

MAIS LINGUARUDOS - Na natureza, muitos animais também utilizam a língua comprida para conseguir comida. O camaleão, que é réptil, a usa de forma semelhante à do sapo. Ele a lança rapidamente contra o inseto, que fica colado na ponta grudenta sem poder escapar. Em espécie com 60 cm, a língua pode alcançar 1 m de comprimento.

Além de longa (atinge até 60 cm), a língua do tamanduá é fininha. Com ela, o mamífero invade os pequenos buracos de cupinzeiros e formigueiros. Como a saliva é viscosa, os insetos ficam presos. Então, basta puxá-la de volta para comer tudo.

 

Anfíbios ajudam o homem

Assim como todos os animais, os anfíbios (sapo, rã, perereca, salamandra e a cobra-cega) têm papel superimportante na natureza. Como ingerem principalmente insetos, ajudam a controlar a população daqueles que podem prejudicar o homem ao destruir plantações ou causar doenças. Além disso, servem de alimento para muitas espécies de répteis, aves e mamíferos.

Estão entre os bichos mais ameaçados. A pele, delicada e bastante permeável, é usada junto aos pulmões na respiração. Por isso, os anfíbios são muito sensíveis a alterações no clima e poluição, sendo o primeiro grupo a sofrer as consequências dos problemas ambientais.

O Brasil tem a maior diversidade de anfíbios no mundo, com cerca de 1.000 espécies conhecidas. Calcula-se, no entanto, que exista o dobro disso. Mas por causa da destruição do habitat natural, é possível que muitas desapareçam sem que sejam descobertas pelos cientistas.

E tem mais. Substâncias químicas encontradas na pele de sapos, por exemplo, são usadas no desenvolvimento de remédios que podem salvar vidas. Se os animais sumirem antes de serem estudados também perderemos a chance de fazer valiosas descobertas.

 

Saiba mais

É comum que os anfíbios tenham veneno na pele. Mas, ao contrário do que muita gente imagina, a maioria não o esguicha. Segundo cientistas, isso ocorre com apenas uma espécie de sapo que vive na Amazônia. Além disso, nem toda substância faz mal para os humanos; o veneno de alguns animais é tóxico apenas para predadores ou para bactérias e fungos que atacam a pele deles.

Sabia que os sapos têm vários tipos de coaxos? É como a impressão digital de cada espécie. Quando os cientistas estão com dúvidas se um anfíbio encontrado é realmente novo, escutam o som que ele produz. Se nunca ouviram antes, trata-se de uma descoberta.

Se você ou algum familiar encontrar um anfíbio em casa, não o machuque ou o mate. Quando a pele dele é ferida uma glândula de veneno pode se romper, espirrando a substância sem querer. Por isso, se não gostar da presença do animal, basta espantá-lo com cuidado.

 

Sthefany Pereira de Andrade, 10 anos, de São Bernardo, nunca viu o tamanho da língua de um sapo de verdade. Imagina, no entanto, que seja longa por causa da maneira como é retratada nas animações, como A Princesa e o Sapo (2009). "No desenho, o príncipe (transformado em anfíbio por um bruxo) estica a língua bem longe para pegar o vaga-lume porque acha que é um mosquito qualquer. Depois, eles viram amigos." A menina garante que teria coragem de pegar o animal na mão. "Não tenho medo. Queria ver como é."

 

Consultoria de Célio Haddad, professor de Zoologia da Unesp de Rio Claro.

 

 

 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;