A adesão do ex-vice de Nilson Bonome (PMDB), Rafael Daniel (PMN), ao prefeito Aidan Ravin (PTB), candidato à reeleição, embaralhou o cenário com relação à batalha por apoios no segundo turno de Santo André. A aliança entre PMDB e PT, considerada certa nos bastidores antes do acordo, pode naufragar por conta da relação pregressa de Aidan com Bonome, ex-homem-forte da administração petebista, aliada à ínfima ajuda que o ex-candidato recebeu de seu partido no primeiro turno.

O acordo parecia questão de tempo pela votação pró-PT do diretório e também da parceria firmada em âmbito federal. A presidente Dilma Rousseff (PT) já requisitou ao vice Michel Temer (PMDB) apoio às candidaturas petistas nas cidades em que os peemedebistas não estiverem no segundo turno. Em contrapartida, garantiria a manutenção da chapa presidencial para a disputa eleitoral de 2014, continuidade que está sendo colocada em xeque.

Na esfera municipal, o apoio de Bonome segue indefinido. Com a derrota do PMDB, as instâncias nacional e estadual pressionam o diretório local, presidido pelo ex-prefeiturável, a aderir ao projeto petista, seguindo a linha adotada em São Paulo, com Fernando Haddad, e Campinas, com Márcio Pochmann.

Caso o peemedebista não acate a decisão, ficaria sem espaço na legenda. Para o PT, o ingresso do PMDB no arco de alianças é considerado essencial, apesar da baixa votação. Bonome conquistou 17,3 mil votos (4,7% dos válidos). Na primeira reunião pós-eleição, na semana passada, Bonome demonstrou contrariedade com a situação e teria ficado insatisfeito com contribuição dada à sua candidatura. Além da pouca estrutura financeira, ele não contou com grandes lideranças em seu palanque. Pelo contrário. As atividades em conjunto com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), e o então postulante à prefeitura da Capital pelo PMDB, Gabriel Chalita, agendadas pela assessoria, foram canceladas.

Por outro lado, os caciques do PMDB deram atenção a outros correligionários do Grande ABC. Skaf compareceu em ato na campanha de Paulo Pinheiro, em São Caetano, Saulo Benevides, em Ribeirão Pires, e Vanessa Damo, em Mauá, mas desmarcou em Santo André por ‘incompatibilidade de agenda'. Chalita faria caminhada na divisa entre os municípios, na Fazenda da Juta, só que faltou ao encontro.

Coincidência ou não, nas cidades vizinhas, os três candidatos apoiados lideravam pesquisas de intenções de voto, enquanto que Bonome aparecia em quarto lugar nos levantamentos, bem aquém do pelotão da frente. Os dois primeiros foram eleitos no dia 7. Já Vanessa Damo passou para o segundo turno contra Donisete Braga (PT).