Passados dois dias depois do primeiro turno, o prefeito de Diadema e candidato à reeleição pelo PT, Mário Reali, iniciou o processo definido pelo petismo para desconstrução da candidatura de seu rival, Lauro Michels (PV). O primeiro passo foi atacar justamente a inexperiência administrativa do verde.

"A cidade não pode entrar em uma aventura e a candidatura do Lauro é uma aventura. Diadema não merece isso", disse Reali ontem, após assinar compromisso Prefeito Amigo da Criança patrocinado pela Fundação Abrinq.

À tarde, antes do fechamento da aliança entre o ex-deputado José Augusto da Silva Ramos (PSDB) com Michels, o petista questionou a estratégia do PSDB estadual de se aproximar da empreitada do verde em Diadema. "Acho contradição para os tucanos. Em São Paulo, a experiência é importante (devido ao ex-governador José Serra). O (Fernando) Haddad (prefeiturável do PT) é o novo com experiência. Aqui o Lauro é um vereador sem experiência nenhuma. Teve mandato inexpressivo na Câmara, não tem trabalho para apresentar. Como o PSDB aposta em um jovem que não tem expressão? O PSDB vai ter de explicar isso."

Reali também esperava que José Augusto se mantivesse neutro na segunda etapa do pleito. "Sinto que nós teremos mais uma postura de neutralidade do que apoio explícito à nossa candidatura até pelo arco de alianças que formamos. Tínhamos arco de aliança muito amplo. As candidaturas pautadas tinham discursos de mudança, de oposição. Claro que vão ter mais, pelo perfil da candidatura do Lauro, postura de neutralidade do que apoio explícito à nossa candidatura. Neutralidade acaba não sendo favorável, mas não adere à candidatura do Lauro", avaliou Reali.

O prefeito tinha designado seu chefe de Gabinete, Osvaldo Misso (PT), para negociar com o cacique tucano. Mas o acordo não deu certo.

COLLOR

Militantes petistas também começaram com ataques a Michels nas redes sociais, focando a camada mais jovem (a qual o verde teve expressiva votação). Ontem, circulou montagem feita por apoiadores de Reali colocando Michels ao lado de Fernando Collor de Mello, ex-presidente da República e atual senador pelo PTB de Alagoas. Collor sofreu processo de impeachment em 1992.

O material coloca fotos de Collor e Michels e tem três dizeres: ‘O lobo pode vir disfarçado em pele de ovelha'; ‘O vilão pode vir disfarçado de bom-moço'; e ‘O velho político pode vir disfarçado de novo'.

A cúpula petista também comparou Michels a Celso Russomanno (PRB), terceiro colocado na corrida eleitoral da Capital. A coordenação do projeto de reeleição de Reali crê que o desempenho de Michels no primeiro turno foi atípico e que, em debate individual, o vereador do PV não consegue manter o ritmo de crescimento.