Economia Titulo Café da manhã
Trigo mais caro eleva em até 10%
o preço do pão francês na região

A alta na demanda pelo produto faz com que o valor médio
chegue a R$ 7,95, o quilo, mas valores podem atingir R$ 10

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
09/10/2012 | 07:19
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O rotineiro e saboroso hábito de comprar o tradicional pãozinho francês de manhãzinha ou no fim da tarde está ganhando gosto amargo. De setembro para cá, o consumidor do Grande ABC tem se deparado com aumento entre 5% e 10% no preço do quilo do alimento. Hoje, a média que se desembolsa nas sete cidades pelo quilo, de acordo com o Sipan (Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria de Santo André), é de R$ 7,95, com valores que vão de R$ 6,20 a R$ 10. Ou seja, por pãozinho, paga-se mais de R$ 0,50.

O grande vilão do café da manhã é o trigo, que é importado de países como Argentina, Canadá e Estados Unidos, e, há cerca de três meses, tem apresentado preços até 50% maiores. "A saca de trigo, que era encontrada por R$ 55, hoje é vendida por até R$ 85", conta o presidente do Sipan, Antonio Carlos Henriques. Segundo ele, cada saca dá conta da produção de 55 quilos de pão.

O motivo para tamanha alta nos preços, de acordo com o economista Celso Grisi, presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, se deve a dois fatores: diminuição da produção por conta de problemas climáticos, como falta de chuvas e tempo seco, e, ao mesmo tempo, forte crescimento na procura pelo grão. "A demanda por importação do trigo cresceu em todo o mundo porque o seu farelo, utilizado na engorda de boi e na produção de leite, foi muito procurado para ração, em substituição ao milho e à soja, que começaram a faltar no mercado", explica Grisi. "Até mesmo o nosso trigo, que nunca foi usado para a fabricação de pães, começou a ser para evitar a falta."

Embora o Brasil possua o plantio do item, por conta do clima tropical o produto não tem tão boa qualidade quanto o importado. "Ele se desenvolve muito bem onde há clima temperado e faz mais frio", diz o economista.

Segundo ele, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) está desenvolvendo pesquisas para produção de semente mais adaptada ao nosso clima a fim de reduzir a dependência do produto externo. "Enquanto isso, temos de nos curvar à elevação de preços."

CONCORRÊNCIA - Na Padaria Samara, em São Caetano, o proprietário, Vergilio Nunes, conta que elevou em 7% o preço do quilo do pão, que passou para R$ 9,90. "Não repassamos o reajuste total que sofremos com o custo do trigo para não penalizar tanto o consumidor", justifica. "Já sofremos com a concorrência desleal da venda do pãozinho de porta em porta, que não paga impostos, o que é ilegal, e com os supermercados, que conseguem vender a preços menores (como compram matéria-prima em maior quantidade, barganham descontos). Se aumentarmos mais o valor, vamos perder vendas, mesmo com a nossa qualidade sendo maior", considera.

A opinião é compartilhada pelo gerente da Padaria Vitória Régia, de Santo André, José Ires de Souza. "Muitas vezes há aumentos que nem repassamos, pois procuramos fazer o máximo para não prejudicar os clientes", diz. Ele relata que, logo após a alta de 4% em setembro no quilo do pão, para R$ 9,45, muita gente reclamou e até levou quantidade menor. Hoje, porém, as pessoas se acostumaram e o consumo foi retomado.

 




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