Economia Titulo Estoques
Produção industrial cai pelo segundo mês seguido
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
25/11/2011 | 07:15
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Um cenário preocupante para as indústrias. É o que aponta pesquisa sondagem industrial, divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria, que mostrou, em outubro, retração na produção, pelo segundo mês consecutivo, estoques acima do planejado pelas fabricantes e início de demissões.

Para o economista da CNI Marcelo Azevedo, já era esperada redução na fabricação, para ajustar os estoques, que estavam elevados. O indicador da atividade registrou 48,8 pontos (em escala que vai de zero a 100, abaixo de 50 indica retração) mas, mesmo assim, as empresas permanecem acumulando mercadorias.

O acúmulo de produtos estocados preocupa, pois deve reduzir ainda mais a produtividade da indústria nos próximos meses, segundo Azevedo.

Além disso, a utilização da capacidade instalada ficou abaixo do usual para o mês, com 43,9 pontos, o menor índice desde junho de 2009.

Outro aspecto do estudo, que também gera temores da entidade, diz respeito aos empregos. As vagas começaram a recuar em outubro. O indicador caiu de 50,3 pontos em setembro para 49,1 pontos. A maioria dos setores analisados na pesquisa já começa a reduzir seu quadro de pessoal, relata Azevedo.

OTIMISMO MENOR - Essa retração contínua da atividade industrial afeta as expectativas dos empresários para os próximos seis meses. O índice ficou em 53,3 pontos em novembro e é o menor desde 2009. O otimismo em relação à demanda está cada vez menos disseminado na indústria, destaca a sondagem.

Os demais índices de expectativas - em relação a compras de matérias-primas, número de empregados e quantidade exportada - se reduziram, ficando abaixo da linha dos 50 pontos, o que sinaliza pessimismo dos empresários para os próximos seis meses.

Azevedo diz que, apesar das expectativas serem afetadas pela sazonalidade - os últimos e os primeiros meses do ano são mais fracos para a indústria, porque já foram feitas as entregas das vendas natalinas -, neste mês estão muito abaixo do registrado em novembro de 2010. "Com os estoques se acumulando significativamente, não faz sentido as empresas comprarem matérias-primas nem contratar", diz o economista da CNI.

INCERTEZAS - Para o diretor adjunto da regional do Centro das Indústrias no Estado de São Paulo em Santo André, Shotoku Yamamoto, se por um lado a queda da taxa básica de juros ajuda a desvalorizar o real, favorecendo os exportadores, a crise europeia pode afetar o País, diminuindo a demanda no Exterior e restringindo o crédito, como ocorreu em 2008.

Outro problema, segundo ele, é a perspectiva de crescimento menor na China, o que afetará a venda de commodities (produtos básicos, como minério e petróleo) do Brasil para aquele mercado.




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