A Mercedes-Benz planeja ingressar de forma mais efetiva no mercado de ônibus chinês e, para isso, pretende exportar chassis fabricados em São Bernardo para serem encarroçados por parceiros naquele país. A informação foi passada ontem, durante o Salão Internacional de Veículos Comerciais, em Hannover (na Alemanha), pelo presidente mundial da Daimler Buses (a divisão de ônibus do grupo), Hartmut Schick.

Atualmente, a subsidiária brasileira não tem vendas para aquele mercado e a participação de todo o grupo alemão no segmento na China é ínfima, menor de 1%. Tradicionalmente, a Mercedes Brasil exporta cerca de 5.000 a 7.000 chassis de ônibus por ano - com exceção de 2011, em que foi priorizado o mercado interno -, para mais de 30 países.

Segundo a empresa, para que o plano se concretize, no entanto, Schick aproveita o evento na Alemanha para negociações com grupos do país asiático. Uma das alternativas que estão sendo avaliadas é o fornecimento do item sem motor para a Foton, grupo chinês com a qual a Mercedes já estabeleceu joint-venture, mas para a fabricação de caminhões naquele mercado.

O reforço nas exportações pode ser uma forma de compensar as fracas vendas da empresa no Brasil. As indústrias nacionais de caminhões registram queda de 40% na produção de janeiro a agosto frente ao mesmo período de 2011, enquanto a fabricação de ônibus no País tem retração de 28%.

Em vendas no mercado interno, a Mercedes contabiliza, na área de veículos de carga, redução de 17%, enquanto a comercialização de veículos de transporte coletivo de passageiros é 5% menor que nos primeiros oito meses do ano passado.

A fraca demanda levou a empresa a negociar com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC o congelamento do reajuste salarial (a data-base é 1º de setembro) até início de 2013, em troca do compromisso de não fazer demissões em massa na fábrica da região.

FLEX

Outro projeto divulgado em Hannover pelo executivo da Daimler Bus é a intenção de que a fábrica do Grande ABC passe a produzir chassi de ônibus bicombustível (gás/diesel) para o mercado brasileiro.

O produto já está em testes na fábrica e o veículo segue a estratégia de apostar em modelos mais sustentáveis, com apelo ambiental. O objetivo é ter o modelo CF51flex/CF disponível ao mercado até a Copa do Mundo de 2014 no Brasil.