Setecidades Titulo Saúde
Pacientes sofrem com a
falta de ar-condicionado

Problema atinge UTI e internação do CHM de Santo André;
segundo funcionários, situação se arrasta há quatro anos

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
20/09/2012 | 07:00
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Pacientes que estão internados na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do CHM (Centro Hospitalar Municipal de Santo André), na Vila Assunção, sofrem com a falta de ar-condicionado. O equipamento central está sem manutenção e, segundo funcionários, o problema se arrasta há quatro anos.

A equipe do Diário teve acesso ao terceiro andar da unidade na terça-feira à tarde, quando a temperatura na cidade marcava 34°C. Médicos, enfermeiros e familiares reclamam constantemente da situação. O hospital conta atualmente com 21 leitos de UTI.

A denúncia foi feita pela mãe de um dos pacientes. Há quatro meses ela faz duas visitas diárias ao filho. Regina Maria Francisco, 55 anos, cansou de pedir ajuda aos diretores do hospital e protocolar reclamações na ouvidoria da unidade. "Ninguém dá ouvidos a nós." Onde o filho de 32 anos está internado pelo menos outros dez pacientes são obrigados a suportar o mesmo incômodo. Entre funcionários, o pedido é unânime. Porém, mesmo notificada, a Secretaria de Saúde não atendeu às solicitações.

Parentes que fazem visitas improvisam para tentar espantar a alta temperatura. A transpiração chega a escorrer entre os fios acoplados no peito que monitoram os batimentos cardíacos. Do lado de dentro, a sensação térmica era de 30°C. "Coloco gaze com água gelada sobre o corpo dele. Já me dispus a comprar aparelho para colocar perto do meu filho, mas não deixaram trazer."

Em certo momento Regina teve de enxugar o suor do filho para que não escorresse até a traqueostomia, tubo inserido no pescoço para facilitar a ventilação mecânica. Enfermeiros explicaram que o estado febril da maioria dos pacientes pode aumentar devido ao calor excessivo. Embora a situação seja crítica, Regina poupa a equipe médica das reclamações. "Nunca faltou assistência. O atendimento é ótimo, mas essa situação chegou ao limite. Nem os funcionários conseguem trabalhar direito."

RISCOS

Além do desconforto, o que mais preocupa familiares e equipe médica são os riscos impostos pela alta temperatura, que contribui para proliferar infecções, fungos e bactérias. Questionado, um médico que fazia visitas aos leitos admitiu que o problema interfere na recuperação dos pacientes. "Se prejudica? Bastante. Prolonga o tempo de internação também. Antes o andar era todo climatizado e com boa pressão", afirmou o médico, sem saber da presença do reportagem.

A Prefeitura não respondeu quando a situação se normalizará. Apesar de a equipe do Diário ter constatado que o problema é generalizado, a administração informou que a falha ocorre apenas em alguns quartos e que vistorias já foram feitas na unidade.

Situação não é a ideal, explica pneumologista

Para o pneumologista da Faculdade de Medicina do ABC Elie Fiss, qualquer ambiente hospitalar sem refrigeração adequada tem potencial para comprometer o quadro de saúde de pacientes, especialmente os internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva). "O controle da temperatura sempre irá ajudar o paciente mais grave. Não é uma situação ideal. Temperaturas muito altas podem, sim, provocar mais infecções", explica o especialista.

Segundo recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que estabelece regulamento técnico para serviços de tratamento intensivo, um dos recursos físicos recomendados para funcionamento das UTIs é a climatização feita por ar-condicionado central, com temperatura entre 18°C e 22°C.




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