As vendas de materiais de construção registraram recuo de 3,5% em outubro, na comparação com setembro. Por outro lado, em relação ao mesmo mês do ano passado, houve crescimento de 3,9%. No acumulado do ano, de janeiro a outubro, a alta foi de 2,4% em relação ao mesmo período em 2010. Isso é o que aponta levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção.

"Estamos otimistas quanto ao último bimestre do ano. Acredito que as expectativas sejam positivas por conta da disponibilidade de crédito, elevado nível de emprego e da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos materiais de construção", comenta Walter Cover, presidente da Abramat.

Outubro foi o quinto mês a apresentar variação positiva na comparação do faturamento das vendas no mercado interno com o mesmo mês do ano anterior, após três meses consecutivos de variações negativas.

REGIÃO - Apesar do otimismo da entidade, que representa os fabricantes do setor, lojistas do Grande ABC estão desanimados com o comércio neste fim de ano.

"As vendas estão mais fracas nesse período porque as pessoas estão pensando mais antes de gastar com materiais de construção. Elas querem viajar, comprar roupas, e não itens de acabamento (tintas, louças e metais, por exemplo)", diz Michele Gonzaga, auxiliar de compras de uma loja em São Caetano. "Trabalhamos com produtos importados que levam, em média, 40 dias para chegar. Porém, os fornecedores já não estão mais entregando, só em janeiro. Com isso também perdemos vendas."

O vendedor Francisco Macedo, de Santo André, concorda com Michele. "Esse é um período em que as pessoas pensam mais no luxo. As vendas vão voltar a ficar fortes lá para fevereiro ou março, quando será usado o que sobrou do 13º salário para reformar a casa", acredita. Na primeira quinzena de novembro, a sua loja, que comercializa material básico, como cimento e areia, teve queda de 15% nas vendas.

MUDANÇA - O discurso está bem diferente do dito em 2010, quando o comércio de materiais de construção na região estava mais animado, especialmente nos últimos dois meses do ano. No ano passado, a economia estava mais aquecida e, portanto, as compras eram maiores. "O ano de 2010 foi bem melhor que este", diz Michele.

Levantamento da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção vai ao encontro das reclamações, com queda de 7% no comércio de outubro em relação a setembro.

O resultado inverteu a tendência de alta do setor, que ampliou as vendas em 4% no acumulado do ano e em 4,5% nos últimos 12 meses.