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Personalidade sobre rodas
Marcelo Monegato
Enviado a Itu (SP)
12/09/2012 | 07:00
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Marcelo Monegato


Vigevano, na Itália, é uma pequena cidade a cerca de 40 quilômetros de Milão, com aproximadamente 64 mil habitantes e conhecida pela Piazza Ducale, uma das praças mais belas da Europa. Legal. Mas o que Vigevano tem a ver com Automóveis? Pois bem, de lá veio simplesmente um dos três Fiat 500 (modelo antigo) de que se tem notícia circulando no Brasil, trazido por Alvaro Valente, engenheiro civil nascido e criado em Santo André.

Trata-se de um modelo ano 1966 branco, impecável - parece ter acabado de sair da linha de montagem. A pintura está perfeita. Não há sequer um ponto de ferrugem. Todos os selos espalhados pelos vidros parecem ter sido colados no dia anterior à reportagem e o motorzinho original, que em 46 anos já rodou mais de 79 mil quilômetros pelas estreitas estradas do Norte italiano, pelas ruas esburacadas e apressadas do Grande ABC e, agora, desfruta da tranquilidade de Itu (SP), funciona com suavidade,

"O que me chamou a atenção foi o estado de conservação dele", lembra Valente, que, após contato por e-mail com o então proprietário do 500, viajou para Vigevano em 2009 para, finalmente, fechar a compra.

Trazê-lo para o Brasil, no entanto, foi uma longa e burocrática novela. "Demorou dez meses para chegar aqui. O Brasil exige muitos documentos e o pagamento de inúmeras taxas", critica Valente. "Lá (Itália), em uma semana eu já tinha toda a documentação em mãos", completa.

Mostrando álbum de fotos do 500 dentro do contêiner vindo para o Brasil apoiado em almofadas, Valente conta que deu um tapa no carrinho. Os serviços de mecânica, funilaria e tapeçaria foram feitos em Santo André. "Fiz tudo em três meses apenas."

Filho de italianos e muito agradável de se conversar, Valente não é um apaixonado por carros antigos, mas um grande admirador da personalidade e da história do pequeno Fiat. "Foram fabricados quase 3,9 milhões. É o Fusca da Itália", exalta o engenheiro, que começou a ser seduzido em 1988 pelo carrinho projetado para ser barato em uma época que a Europa passava pelo pós-guerra.

Quanto pagou para ter o pequeno sonho na garagem, Valente não conta. Porém, garante que não irá vendê-lo. "Vai ficar para os netos", sorri.

 

PEQUENO FANTÁSTICO

O Fiat 500 ano 1966 de Alvaro Valente, que conta com a documentação original e os nomes de todos os proprietários - o primeiro foi uma mulher chamada Teresa Belluzzo -, é equipado com motor dois cilindros (quatro tempos a gasolina) de 498 cm³ que gera modestos 18,2 cv de potência e 2,79 mkgf de torque. O tanque tem capacidade para 22 litros e o consumo médio supera os 20 km/l. O câmbio é manual de quatro marchas. Em termos de dimensões, o Fiat 500 tem 3,03 m de comprimento, 1,33 m de altura, 1,33 m de largura, 1,85 m de entre-eixos e pesa 510 kg.

 

Impossível não sorrir ao volante

 

"Quer dirigir?" Assim, após sessão de fotos em que fez questão de não aparecer para dedicar todos os flashes ao Fiat 500, Alvaro Valente convidou o Diário a conduzir o pequeno de volta à garagem.

Sem hesitar, aceitamos com imediato "sim!", acompanhado de discreto sorriso. Em segundo pulamos para dentro do italianinho e colocamos os 18,2 cv para trabalhar. E que barulho delicioso faz o motor de dois cilindros (quatro tempos) de 499 cm³.

A posição ao volante estava longe da ideal e o espaço entre os pedais era pequeno até mesmo para quem calça 40. A cabeça ficava a milímetros do teto - sensação estranha para quem mede 1,72 metro de altura. Mas e daí? Quem se importava? Estávamos diante de um mito da indústria e a única vontade era acelerar.

Engatamos a primeira com certa dificuldade no curto câmbio de quatro velocidades, tiramos o pé da dura embreagem e o 500, ligeiro, pulou - quase morreu.

Estamos rodando. O sorriso, antes tímido e envergonhado, se escancara. Ficamos longe das altas velocidades, mas percebemos que esperto, o Fiat é - e bastante. A suspensão firme agradou, também.

Foram somente alguns metros ao volante. Poucos para o 500. Porém suficientes para nunca serem esquecidos.




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