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Heavy Metal conversível

Aceleramos - com todo prazer - o Mercedes SLS 63 AMG
Roadster de 571 cv, que tem preço inicial em US$ 760 mil

Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
12/09/2012 | 07:00
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O que seria um excelente heavy metal alemão? Scorpions? Talvez. Rammstein? Possivelmente. Porém, para quem é viciado em automóveis, metal pesado de qualidade é - com certeza - o som do motor central-dianteiro 6.2 V8 do Mercedes-Benz SLS 63 AMG Roadster, avaliado pelo Diário e que parte de US$ 760 mil - cerca de R$ 1,5 milhão.

Difícil definir o temperamento deste bólido projetado pelo pessoal da AMG - divisão esportiva da fabricante alemã. Endiabrado, insano, infernal. Várias foram as palavras que de maneira rápida invadiram a mente ao despejar no asfalto estúpidos 66,2 mkgf de torque a 4.750 rpm e descomunais 571 cv a 6.800 giros. O propulsor berra e as saídas duplas do escapamento funcionam como amplificadores. Impossível não curtir.

Segundo a Mercedes, este monstro de 1.660 quilos e teto escamoteável (tecido) - que se recolhe em 11 segundos rodando a até 50 km/h - acelera de 0 a 100 km/h em insignificantes 3,8 segundos e atinge a velocidade máxima de 317 km/h, limitada eletronicamente.

Para aguentar o ímpeto dos oito cilindros aspirados - isso mesmo, nada de turbo -, o SLS Roadster utiliza transmissão automatizada (dupla embreagem) de sete velocidades AMG Speedshift DCT, que possibilita trocas manuais por meio de aletas atrás do volante.

Com esta caixa, o motorista também opta, usando seletor no console central, entre quatro tipos de condução: ‘C' (Eficiência Controlada), ‘S' (Sport), ‘S+' (Sport plus) ou ‘M' (manual). Nas três últimas, o sistema de dupla embreagem entra em ação nas reduções, tornando a condução ainda mais esportiva e permitindo que, ao baixar as marchas, o escapamento pipoque, como os carros de competição.

A eletrônica também se faz muito presente neste superesportivo de corpo, alma e coração. O controle de estabilidade (ESP) funciona em três níveis: ligado, parcialmente ligado e desligado. Durante a avaliação, rodamos 99% do tempo com o ESP ligado, mas - para um pouco de diversão (faz parte do trabalho, fazer o quê?) - testamos os dois outros modos em uma estrada pouco movimentada, e constamos que o SLS Roadster pode ser muito mais temperamental do que aparenta.

Ponto positivo para o excelente ajuste da suspensão esportiva (opcional), que utiliza amortecedores controlados eletronicamente e possibilita três opções de acerto: ‘Comfort', ‘Sport' e ‘Sport Plus' - que não apresentam grandes diferenças de ajuste. Sempre firme ao extremo, como deve ser um superesportivo, o Mercedes é bom de curva. Com toda a eletrônica ligada, fazer o carro sair de frente ou traseira pode ser uma brincadeira - muito - perigosa.

Em termos de medidas, o SLS é interessante. São 4,63 metros de comprimento - 2,68 metros de distância entre os eixos -, 2,07 metros de largura e apenas 1,26 metro de altura. A divisão do peso (1.660 kg), com o posicionamento do motor atrás do eixo dianteiro, permite distribuição da massa bastante equilibrada.

O SLS 63 AMG Roadster é uma máquina fantástica. Digna de admiração. Definitivamente, o melhor grupo de heavy metal da Alemanha dos últimos tempos.

 

Vida analisada por um ângulo diferente

 

Familiares, amigos ou amigos dos amigos sempre perguntam como é a vida - mesmo que por poucos dias - dentro de supercarros, como é o caso do Mercedes-Benz SLS 63 AMG Roadster.

Primeiro que esta máquina é o melhor remédio para mau humor. Não tem como não sorrir em plena terça-feira ao sair de casa e se deparar com um esportivo estacionado na garagem.

As ruas esburacadas e o trânsito pesado reprimem a vontade de sair acelerando. Porém, o conforto entregue pelo Mercedão faz o passeio ser prazeroso do mesmo jeito. Os bancos esportivos revestidos em couro têm todos os tipos de regulagens elétricas para melhor vestir o motorista. O acabamento traz metal fosco e costuras que elevam o requinte.

Console central alto, volante com base achatada e o painel de instrumentos compacto têm um pouco da aviação. O modelo oferece de série ar-condicionado, oito air bags, rodas de 19 polegadas (dianteira) e 20 (traseira), conectividade Bluetooth, sistema de som Bang & Olufsen Beosound AMG (11 alto-falantes), leitor de DVD, GPS, entre muitos outos itens que deixam o passeio - mesmo que a baixas velocidades - muito agradável.

Engraçado é ver as pessoas se aproximando do carro, admirando suas curvas e som, e se decepcionando ao ver que dentro dele não tem nenhum ator ou jogador de futebol, mas um ilustre desconhecido - longe de ser milionário para poder comprar um carro destes...

 

Mercedes não descarta fábrica de automóveis no Brasil

 

Em entrevista exclusiva ao Diário, o diretor de vendas e marketing de automóveis e vans & desenvolvimento de rede da Mercedes-Benz do Brasil, Dimitris Psillakis, revelou que existe - e muito forte - a intenção de a marca alemã construir uma fábrica para produzir automóveis no País.

De acordo com o executivo, a decisão passa por uma postura mais transparente do governo brasileiro, principalmente em relação às questões tributárias. "Para realizarmos investimentos, precisamos das regras claras e definidas", disse Psillakis. "O governo está para anunciar o novo regime automotivo para os próximos quatro anos, que deve esclarecer as medidas fiscais e tributárias. Então vamos analisar este quadro e ver se podemos encaixar uma fábrica aqui. Queremos. Temos vontade. Mas tem que ter regras", completou, lembrando que as empresas que importam veículos precisam de tempo maior de planejamento para trazer os veículos.

Nascido na Grécia e com 20 anos de história na Mercedes-Benz, Psillakis aponta o aumento do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) em 30 pontos percentuais, em setembro de 2011, como principal culpado pelo primeiro semestre fraco de vendas. "Os consumidores anteciparam as compras no fim do ano passado, refletindo início de ano realmente muito ruim. Porém, desde maio, os números começaram a mostrar recuperação."

Em 2011, a fabricante alemã fechou o ano com 11.328 unidades vendidas - recorde da marca no mercado brasileiro. Para este ano, a Mercedes acredita que poderá chegar às 8.000 unidades, caso as regras do jogo não mudem novamente. Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), de janeiro a agosto foram vendidos 3.383 automóveis da marca.

Para melhorar estes números e atingir o patamar sonhado, Psillakis aposta no lançamento de produtos no mercado brasileiro - até o fim do ano serão entre cinco e seis novos veículos, entre eles os novos GLK e SL, atrações da Mercedes-Benz no Salão do Automóvel de São Paulo, que acontece entre os dias 24 de outubro e 4 de novembro.

O executivo acredita, porém, que a principal cartada estará na chegada do novo Classe B, que passará a ser o veículo de entrada no País, deixando a estrela de três pontas pouco mais competitiva em comparação às duas principais concorrentes: BMW, que conta com o Série 1, e Audi, que trouxe há dois anos para o Brasil o A1. O novo Classe A, porém, deve desembarcar por aqui somente no próximo ano.

Questionado sobre o que se desenha para 2013, Psillakis mostrou incerteza, exatamente pela instabilidade do governo. "Temos dois cenários: o atual, que lutamos para ter volume de vendas razoável, com condições não claras; e outro ideal, como antes de 2011", disse. "Quem importa veículos, hoje, está prejudicado", completa.

 

SMART

Se para os automóveis da Mercedes-Benz, Dimitris Psillakis não descarta construir uma fábrica no Brasil, para o fortwo, da smart, o cenário é completamente diferente. Segundo ele, o fortwo - modelo comercializado pela marca no País - sempre será um veículo de nicho. "O smart nunca será um veículo de volume, pois é feito para pessoas que compram racionalmente e emocionalmente", explica.

Com tecnologia presente em automóveis da própria Mercedes, como freios com ABS, sistema de som com tela sensivel ao toque e navegação por GPS, rodas de liga leve, air bag duplo, o executivo reconhece que eleva o preço do veículo. "Tem que pagar por essa tecnologia. Se não quiser, o smart não é um carro para você."




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