O diretório do PT de São Caetano abriu comissão de ética ontem para apurar o caso do ex-prefeiturável da sigla, vereador Edgar Nóbrega, que foi filmado em suposta negociação de ‘mensalinho' por oposição de fachada com o ex-secretário de Governo Tite Campanella (DEM). A legenda não descarta a possibilidade de expulsar o parlamentar.

De acordo com o vice-presidente estadual do PT, Rafael Marques, o efeito da comissão é imediato e já deve começar a ouvir os envolvidos no caso - além de Edgar, o candidato a vereador Pio Mielo e João Formiga foram citados na gravação. "Essa comissão pode durar de 60 a 90 dias. A possibilidade de expulsão existe, não é a minha posição, mas ouço pessoas com esse pensamento. Não tenho todos os elementos, tem muita coisa que a gente não sabe, por isso o Edgar tem que ser ouvido", comentou Marques.

Cerca de 10 mil exemplares de uma carta de esclarecimentos sobre o ocorrido endereçado à população de São Caetano serão distribuídos na segunda-feira para tentar proteger a imagem do PT. O material vai pregar o voto nulo na eleição para prefeito, exaltar os candidatos a vereador e informar que Edgar será alvo da comissão de ética. Os dirigentes querem encerrar o uso da rejeição petista na cidade pelas candidaturas do PTB, Regina Maura Zetone, e do PMDB, vereador Paulo Pinheiro. Ambas as campanhas têm tentado associar apoio petista ao adversário.

Consciente de que o fato arranha a chapa proporcional, Marques destacou que o caso impediu o processo de reconstrução do partido. "Tivemos o problema com o Hamilton Lacerda (réu no caso de compra de dossiês contra tucanos em 2006) e agora, de novo, um caso sério", disse. O presidente municipal do PT, Márcio Della Bella, alertou que os postulantes à Câmara também terão novos materiais de divulgação. "Vamos investir neles e pregar o ‘vote 13'." O candidato ao Legislativo Ricardo Rios afirmou que nenhuma das candidaturas à Prefeitura "satisfaz" o PT. "Temos que deixar isso claro."

O vídeo de 17 minutos foi divulgado no dia 25 e teria sido gravado pelo próprio Tite, em 2009. A conversa revela negociação de R$ 100 mil para Egdar chegar ao comando do PT, além de R$ 10 mil que seriam repassados para garantir a oposição "tranquila". Tite pediu exoneração do cargo e o petista se afastou da direção do PT e renunciou à candidatura ao Paço. O prefeito José Auricchio Júnior (PTB) abriu sindicância e o Ministério Público iniciou inquérito.