Sair do aluguel é um dos sonhos da assistente de programação Vanderlúcia Silva Carvalho, que desde janeiro está recebendo orientação do educador financeiro Reinaldo Domingos para organizar melhor seu orçamento doméstico. "Eu e minha mãe (que reside com ela) estamos pensando em comprar uma casa, até porque o aluguel está em R$ 450. Com o dinheiro dá para pagar a prestação."

Para Domingos, a moradora de Mauá poderá substituir o valor da prestação da locação do imóvel pelo pagamento de um financiamento imobiliário. Entretanto, antes de fechar negócio, terá de colocar tudo na ponta do lápis. "Pode ser uma ótima troca, mas a reserva financeira é importante já que ela terá uma série de gastos como escritura, instalações e até mesmo com a compra de móveis, que vão além do custo mensal. Mas a decisão de comprar a casa mostra que ela começou a tomar atitude."

O especialista também orienta a analisar o ambiente onde está localizado o imóvel. Um exemplo é a distância da casa até o trabalho, que pode encarecer o custo de deslocamento com transporte de Vanderlúcia e de sua família. Entretanto, ela não tem reservas financeiras, por isso, a recomendação do educador, é acumular pelo menos o valor referente ao gasto extra que ela e a mãe terão. "Caso contrário, é arriscado comprar. A assistente, que já tem saldo acumulado no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) há quatro anos, poderá, segundo o especialista, pagar com o recurso do fundo a entrada do imóvel.

DESCUIDO

Após seis meses sem gastos com mimos pessoais, no mês passado, Vanderlúcia resolveu se presentear. Ela desembolsou R$ 500 após comprar roupas e ir ao salão de beleza. Mas o resultado não foi positivo. O montante devido foi parcelado no cartão de crédito da mãe - já que ela não tem o plástico. "No fim das contas, não consegui pagar a mensalidade da faculdade (R$ 300 referente a agosto) porque tive que dar o dinheiro para minha mãe."

De acordo com Domingos, agora é o momento de atenção para que a situação financeira atual não regrida. Isso porque, quando começou a receber assessoria financeira, em janeiro, Vanderlúcia não conseguia arcar com a mensalidade do curso porque teve de pagar dívidas antigas. Além disso, na época, a moradora de Mauá não tinha controle das despesas e das receitas. "A Vanderlúcia ainda não está dominando o próprio dinheiro. Agora todo cuidado é pouco, ela terá de equilibrar mais a ansiedade com os gastos."

No mês passado, a assistente recebeu a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), mas usou o dinheiro, cerca de R$ 1.000, para pagar um advogado e iniciar o processo de divórcio na Justiça - Vanderlúcia está separada do ex-marido há cinco anos. "Com certeza a separação legal era algo que a perturbava, mas a Vanda poderia ter usado o dinheiro para fazer acordo e quitar a dívida do cartão de crédito (no valor de R$ 1.600)."

A última reportagem da série sobre a orientação financeira prestada a Vanderlúcia será dia 7 de outubro.