Economia Titulo Alimentos
Alta de 122% no preço do tomate
prejudica restaurantes e clientes

O clima atípico reduz a oferta e dá força à inflação; na Ceasa
Grande ABC, tomate salada ficou 156% mais caro até agosto

Pedro Souza
Diário do Grande ABC
02/09/2012 | 07:17
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O tomate está superando toda as expectativas de inflação para este ano. No Grande ABC, já atinge 122% de alta nos preços médios para os consumidores. O IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), que já apresenta variação acumulada entre janeiro e agosto, subiu apenas 6,07%. E tudo indica que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que apresenta a inflação oficial do País, não ficará muito distante desse resultado.

Segundo levantamento da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), com base na pesquisa da cesta básica semanal realizada em supermercados da região, o quilo do tomate às famílias, em dezembro, tinha preço médio de R$ 2,88. O resultado de agosto foi de R$ 6,40.A última vez que o valor do produto atingiu picos anuais no período entre junho, julho e agosto foi em 2004. Portanto, não é comum o consumidor encontrar tomates tão caros nessa época em que o clima deveria estar frio e o consumo de salada é inferior ao tempos mais quentes.

O engenheiro agrônomo do Craisa Fábio Vezzá de Benedetto, que atua na companhia há quase 20 anos e é especialista em precificação de tomate, opinou que a demanda dos consumidores neste ano pode estar maior do que em outros anos, o que sustentaria preços maiores, já que os comerciantes continuam vendendo.No entanto, os custos no atacado também evoluíram, o que indica repasse de inflação. Na Ceasa (Central de Abastecimento Sociedade Anônima) Grande ABC, o tomate salada, que é mais verde e dura mais, ficou 156% mais caro entre janeiro e agosto, passando de R$ 1,11 para R$ 2,85, em média, por quilo. O tomate maduro, comercializado para ser consumido em poucos dias, teve saldo de 118%, de R$ 1,09 para R$ 2,38.

A analista de mercado Larissa Pagliuca, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo), tem tese diferente para o encarecimento atípico. "No começo do ano as regiões de cultivo passaram por períodos quentes e secos. Isso fez com que toda a produção fosse escoada em massa e a preços menores, tendo em vista que os tomates amadureceram mais rápido", diz. Na safra de verão, entre novembro e abril, normalmente o tomate encarece devido às chuvas que prejudicam a cultura.

Agora, na safra de inverno (em que as principais regiões produtoras paulistas são Mogui Guaçu e Sumaré), que segue de abril a novembro, o tomate normalmente está mais barato, já que os produtos não enfrentam chuva e a demanda menor pelo clima frio, quando os consumidores comem menos salada. "Mas isso não ocorreu. Em maio começou a chover nas regiões produtoras e o cenário mudou", pontua Larissa, destacando que os agricultores estão compensando a perda de preço do começo do ano com oferta reduzida.


IMPACTO - Mesmo com o consumo de saladas em baixa, o brasileiro é acostumado a comer massas ou pizzas. E o tomate é um ingrediente essencial. Como os preços do produto subiram, os cardápios também devem acompanhar.Na cantina Fratelli D'Itália, em São Bernardo, os preços devem subir nesta semana. "Usamos tomate para 100% dos molhos. Pagava R$ 20 pela caixa (25 quilos) no começo do ano, cheguei a pagar R$ 70, e na semana passada comprei por R$ 55. Até agora segurei o preço. Mas com o aumento da carne neste mês, de cerca de 15%, terei que alterar os preços dos pratos", conta o proprietário Fernando Kosbiau.




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