Quando um convite para um cineminha, uma viagem bacana com os amigos ou o bolo delicioso da avó não são suficientes para tirar você do quarto é porque algo está bem estranho. Se tentou, mas nada acabou com a angústia e tristeza que te acompanham há semanas (às vezes, sem motivo aparente) pode ser depressão. Já pensou nisso?

A doença não é só coisa de adulto. Aliás, segundo especialistas, é diagnosticada em quem tem de 15 a 19 anos e, em alguns casos, ainda na infância. A OMS(Organização Mundial da Saúde) estima que a depressão afete mais de 121 milhões de pessoas no mundo e que, em 2030, seja a doença mais comum. O Brasil, inclusive, é um dos países com mais depressivos em todo o planeta.

A doença compromete os neurotransmissores responsáveis pelo funcionamento normal do cérebro. Por isso, nada de achar que trata-se só de frescurinha, preguiça, cabeça vazia e de que vai passar em um simples passe de mágica. "Ainda há muito preconceito com tudo o que é relacionado à psiquiatria e à psicologia, mas a depressão é doença (com alterações bioquímicas) e deve ser bem tratada", afirma Rita Cecilia Ferreira, médica do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Mais do que indisposição, pensamentos negativos (inclusive suicidas), incapacidade de sentir prazer em atividades antes agradáveis e baixa autoestima, há mal-estar físico, o que atrapalha as tarefas do dia a dia. "É muito parecida com a depressão do adulto com, entre outros sintomas, dificuldade para dormir ou acordar e alterações de apetite. Para ser depressão, os sintomas devem persistir por mais de duas semanas todos os dias", explica a psiquiatra Ivete Gattás, da Unidade de Psiquiatria da Infância e Adolescência da Unifesp, que aponta traumas, situações de estresse, ansiedade, perdas, separações e predisposição genética como possíveis desencadeadores das crises depressivas.