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Famílias de baixa renda querem reformar a casa

Gastos com imprevistos, porém, deixam sonho mais distante

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
27/10/2011 | 07:29
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As famílias com menor renda, que ganham entre R$ 1.000 e R$ 1.600 por mês, denominadas como classe D, querem reformar ou ampliar suas casas se conseguirem aumentar o rendimento mensal. O segundo principal desejo é liquidar as dívidas, seguido pela compra de eletrodomésticos.

Isso é o que aponta levantamento da empresa de pesquisas de mercado QuorumBrasil, realizado na Capital, que também espelha o que acontece na região. “Como estamos muito próximos, dificilmente há diferenças entre o comportamento da classe D de São Paulo com a classe no Grande ABC. Esses cenários, pela proximidade, se refletem até em Campinas”, garantiu o sócio da empresa Cláudio Silveira.

Esse é o caso do supervisor de montagem andreense Sebastião Correia de Araújo, 58 anos. Ele vive com a mulher e, entre seus principais desejos, está a construção de uma lavanderia na casa. “Também preciso colocar o piso, que não temos ainda”, lembrou.

Mas as coisas não são tão fáceis para Araújo. Depois de fazer os cálculos há alguns anos, ele deu entrada em financiamento para comprar um carro, ano 2005. “Agora pago as prestações, todas em dia”, contou, dizendo que, quando as parcelas acabarem, mesmo se não tiver uma elevação considerável na renda, começará a pensar no “puxadinho” em sua casa.

O professor de Economia do Insper Otto Nogami explicou que é comum que as pessoas desejem reformar a casa. Mas garantiu que sempre existem imprevistos no meio do caminho. O que atrapalha o planejamento, muitas vezes, é a falta de renda disponível. “Sempre temos alguma coisa que incomoda de imediato. E se sobrar dinheiro, provavelmente será para se livrar desse incômodo”, pontuou.

BOLSO GORDO - A ampliação ou modernização da casa, mesmo como principal desejo em possível ampliação da renda, ainda é vista como sonho para as famílias com menor renda. “A reforma sempre fica para o segundo plano, porque despende mais gastos”, explicou Nogami.

Silveira acrescentou que, há um ano, os anseios da classe D eram elevados quanto à casa própria. “Mas aqueles que não conseguem comprar, se esforçam para melhorar o local onde vive atualmente.”

Eletrodomésticos garantem conforto

Nilza Maria da Silva Cordeiro, 41 anos, mora em Santo André e sobrevive com uma pensão que o governo paga a um de seus filhos, Julio da Silva Cordeiro, 20. “Meu lindo, infelizmente, não fala, não escuta, não enxerga e não anda. Então não posso trabalhar. Minha vida é para cuidar dele”, contou. “Mas meu sonho, se conseguir ganhar um pouco mais, é comprar uma máquina de lavar roupa”, revelou.

Apesar das dificuldades, Nilza iniciou a venda de produtos de beleza para as conhecidas para tentar realizar seu sonho.

Ela se enquadra no resultado da pesquisa, que revelou que comprar eletrodoméstico é um dos principais desejos das famílias de baixa renda.

“Eles normalmente investem dentro de casa por morarem longe dos centros e não sobrar tantos recursos para diversões fora. O lazer deles é em casa”, explicou o sócio da QuorumBrasil, Cláudio Silveira.




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