Mesmo diante da ausência do prefeito de Santo André e candidato à reeleição pelo PTB, Aidan Ravin, o debate realizado ontem na Câmara teve clima quente, com troca de farpas entre os concorrentes, sem deixar de lado a apresentação de propostas. Organizado pelo Sindserv, Udesa e Acisa, o evento simbolizou verdadeiro tiroteiro cruzado de temas delicados da biografia dos próprios pleiteantes ou protagonizado pelos partidos, só que, especialmente, críticas ao governo petebista.

Deixando o tom ameno do último enfrentamento, o postulante do PT, deputado Carlos Grana, logo na primeira resposta, afirmou que a principal carência ficou evidenciada no plenário do Legislativo. Segundo o petista, os problemas dimensionados desde 2009, quando Aidan assumiu o Paço, se deram pela ausência efetiva de um prefeito. "Não houve gestão, nenhum planejamento. A marca da administração é a inoperância. Há consenso (entre os candidatos) por mudança, pois essa é a oportunidade de caminharmos no mesmo passo do governo federal."

Ex-homem-forte do governo, o candidato Nilson Bonome, do PMDB, sustentou que, à sua época como secretário de Gabinete, até janeiro, brigou com o secretariado para, em 2011, conceder 14% de reajuste ao funcionalismo, foco de valorização que, para o peemedebista, encerrou com sua saída. "Após meu desligamento, o aumento foi de 3,5%." Por outro lado, Bonome sofreu ataques por ter integrado "com mão e cérebro como suposto primeiro-ministro". "Cheguei a assumir três Pastas, mas não era o prefeito. Deixei a gestão justamente por não concordar com o modelo."

Pleiteante pelo PDT, Raimundo Salles destacou que o governo Aidan se concretizou numa decepção, por falhar, principalmente, na Saúde, da qual deveria ser prioridade por sua formação como médico. "Casa de ferreiro, espeto de pau. Os equipamentos que funcionam na cidade pertencem ao governo do Estado. Isso também se deve por ele ser braço curto, deixando o governo nas mãos de outros", disse, prometendo transformar os PAs (Pronto-Atendimentos) em hospitais.

Pela rede social, Aidan mencionou que os debates perderam o real significado da palavra, transformando-se em palco de distorções de propósitos, no qual não se discutem projetos nem ideias. Por isso, continuará sua rotina de dialogar com a população, sem intermediários.

FALHA NO SOM

A falha temporária no som do telão no ambiente externo gerou revolta de militantes que tentaram entrar no plenário. O clima tenso somente terminou com a chegada da GCM (Guarda Civil Municipal) e restabelecimento do áudio.

Grana muda tom do discurso e parte para o ataque contra Aidan

O estilo ‘paz e amor' do candidato petista à Prefeitura de Santo André, Carlos Grana, foi deixado para trás. No debate, o postulante ao Paço partiu para o ataque contra o prefeito Aidan Ravin (PTB), que concorre à reeleição e não compareceu no confronto entre os prefeituráveis.

Grana disse que o petebista tem divulgado na página oficial da candidatura no Facebook informações equivocadas sobre as ações do atual governo. "Ele diz que reformou 102 unidades escolares durante o mandato. Isso é impossível porque temos apenas 77 na cidade", afirmou o candidato.

Durante uma de suas declarações, Grana empunhou panfleto da campanha de Aidan e citou que o slogan do petebista é "ameaça" à população andreense, já que o prefeito vem divulgando em seu material de propaganda que "fez e vai fazer mais". "Como tem coragem de dizer isso? Será uma catástrofe se ele continuar à frente da Prefeitura", atacou o postulante do PT.

O prefeiturável também focou em falas sobre continuidade dos projetos petistas na cidade.

Salles acusa rival do PRTB de mentir sobre profissão e parentesco

Sentados um ao lado do outro, os candidatos do PDT, Raimundo Salles, e do PRTB, Alexandre Fláquer, trocaram duras farpas durante parte do debate. No entanto, as críticas do pedetista foram mais fortes, acusando o rival renovador-trabalhista de mentir sobre a profissão, parentesco e cargo que exercia durante a gestão de Aidan Ravin (PTB).

"Você se diz advogado, mas nunca foi nem estagiário de Direito. Fala que foi gerente do CHM (Centro Hospitalar Municipal), só que era simples auxiliar administrativo. Nem bisneto do senador Fláquer é, basta puxar seu histórico familiar para comprovar", disparou Salles.

O clima esquentou entre os dois quando Flaquer perguntou como o pedetista se sentia em ser o primeiro político da região a ser enquadrado na Lei de Ficha Limpa, citando a eleição de 2010, quando o prefeiturável tentou vaga como deputado federal. "Volte ao banco da escola e estude antes de discutir leis comigo. Fui absolvido em todas as instâncias nesse processo. O que você diz demostra sua insignificância cultural e moral", atacou Salles.

Flaquer dispara para todos os lados, citando Mensalão e caso Semasa

O candidato do PRTB à Prefeitura de Santo André, Alexandre Flaquer, foi ao debate com discurso ácido. Em suas declarações, o prefeiturável disparou críticas a todos os adversários de urna, poupando apenas o postulante do Psol, Marcelo Reina.

O renovador-trabalista citou os casos do Mensalão - suposto esquema de desvio de verba pública durante a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que está sendo julgado pelo STF - e de possíveis compras de licença no Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) - que está sendo investigado pela Polícia Civil e Ministério Público.

"Grana, como vão acreditar em seu partido com tantas acusações?", perguntou Flaquer. "Até que prove o contrário, todos são inocentes. Se a população desacreditasse do PT, não teria reeleito o Lula (2006) e eleito a Dilma Rousseff (2010) como a primeira mulher presidente", respondeu o petista.

O candidato do PRTB voltou a exaltar o nome da família. "Estou presente na cidade há 100 anos", disse Flaquer.

Bonome volta a exaltar atuação como secretário e fala muito em Saúde

O homem que chegou a chefiar três secretarias (Gabinete, Finanças e Saúde) simultaneamente durante o governo Aidan Ravin (PTB), Nilson Bonome, candidato à Prefeitura de Santo André pelo PMDB, voltou a exaltar as realizações feitas enquanto esteve trabalhando na administração municipal.

"Quanto fui secretário, iniciei a construção de três UPAs (Unidades de Pronto Atendimento 24 horas), o hospital na Vila Luzita e tinha projeto para fazer mais duas UPAs no 2º Subdistrito", declarou o postulante ao Paço andreense.

No entanto, apesar de enfatizar os próprios feitos, Bonome não deixou de criticar a atual administração, fazendo promessas de ações que eram para ser implementadas durante o governo petebista. O peemedebista se desligou da Prefeitura em janeiro para concorrer a prefeito.

O prefeiturável chegou a ser elogiado por Carlos Grana (PT), que disse ter encaminhado emendas no valor de R$ 200 mil, como deputado estadual, para a área da Saúde na cidade, por solicitação de Bonome, mas que Aidan não utilizou.

Utilização da imagem de Celso Daniel é ação oportunista, diz Reina

Assim como no primeiro debate entre os candidatos a prefeito de Santo André, que ocorreu no dia 8, o postulante ao Paço andreense pelo Psol, Marcelo Reina, manteve discurso ferino. As críticas mais fortes foram feitas a Nilson Bonome (PMDB), acusado pelo socialista de ser oportunista ao utilizar a imagem do prefeito Celso Daniel (PT- morto em 2002) em materiais de campanha.

"Você e seu vice (Rafael Daniel, PMN, sobrinho de Celso) nem estavam na cidade quando ele governou (1989 a 1992 e 1997 a 2002). Minha coligação é a única que possui laço com o Celso, já que tem o Bruno Daniel, irmão dele, como um dos coordenadores", criticou Reina.

A declaração do candidato foi um dos pontos altos do confronto, já que deixou o peemedebista exaltado. A resposta de Bonome foi em alto tom. "Tenho orgulho de carregar a imagem do Celso, porque tenho o sobrinho dele ao meu lado."

Reina também tentou emplacar que os outros concorrentes ao Paço assinassem carta compromisso para disponibilizar moradia no Jardim Teles de Menezes, mas não houve adeptos.