Assim como a Arena Pantanal, em Cuiabá, e a Arena Amazônia, em Manaus, o Estádio Mané Garrincha, em Brasília, é considerado um elefante branco – grande, vistoso, mas que não tem tanta utilidade quando o assunto é futebol. Motivos não faltam: o Distrito Federal não tem equipe nas três principais divisões do Campeonato Brasileiro – Brasiliense e Luziânia disputam a Série D – e a média de público do Campeonato Estadual não passou de 2.367 pessoas por jogo, sendo que o estádio, que já recebeu quatro jogos da Copa do Mundo e sediará mais três, possui 72.778 assentos.

O desinteresse do torcedor pelo futebol local é tão grande que a Federação Brasiliense teve de intervir para que os números do Candangão, como é chamado o Campeonato Estadual, não fossem ainda piores. Na final, que deu o título inédito para o Luziânia diante do Brasília, quase todos os 45.461 torcedores presentes ganharam o ingresso – os time se comprometeram a distribuir os bilhetes nas escolas para não pagar o aluguel do Mané Garrincha, que pode custar desde R$ 200 mil até 15% da renda bruta.

O público da final representou 24,5% dos 186.972 torcedores que compareceram nas 79 partidas da temporada.

 Apesar das estatísticas desfavoráveis, os torcedores dos dois times mais populares do Distrito Federal, Brasiliense e Gama, mostram otimismo.

 “Ainda não vi o Gama jogar no Mané Garrincha, mas a minha expectativa é que daqui para frente a gente fique com esse legado, que não se torne um elefante branco”, comentou a torcedora Mônica Santos. “Espero ver aqui shows musicais, jogos de outros times e que nosso futebol local possa aproveitar essa estrutura para investir e crescer. Torcida tem, com toda certeza”, garantiu.

 Pedro Rodrigues, fã do Brasiliense, tem opinião semelhante. “O Mané Garrincha é uma coisa de louco, com certeza vai atrair mais torcedores tanto do Brasiliense como do Gama e de outros clubes da região”, projetou.