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Reflexão além
dos palcos

Coreógrafo andreense Sandro Borelli traz
para a região o espetáculo ‘Colônia Penal’

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
08/06/2014 | 09:19
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Divulgação


 Causar reflexão por meio da arte. Esse é o objetivo do coreógrafo andreense Sandro Borelli nos últimos anos. “A arte que eu procuro fazer tem que sair do palco e ganhar discussões em outros meios. O debate é o que me interessa. Já faz um tempo que não quero mais falar sobre a estética criativa pois encontrei empolgação em uma arte com ideologia política e social”, afirma o responsáveis por montagens como A Metamorfose (2002), Artista da Fome (2008) e Produto Perecível Laico (2011), todas da Cia Carne Agonizante – antiga Cia Borelli. “O imaginário das pessoas trata a dança com a beleza do corpo. Quando chegamos com uma pegada diferente, o pessoal fica meio introspectivo, sem saber como reagir.”

Essa ânsia por ampliar os horizontes do universo da dança dita o ritmo do espetáculo Colônia Penal, com o qual o veterano bailarino tem viajado o País desde o segundo semestre do ano passado. No palco, ele utiliza a mescla entre a linguagem dos movimentos com o teatro para retratar angústias e sofrimentos da ditadura militar no Brasil em meio à adaptação do conto Na Colônia Penal, do escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924). O elenco traz Alex Merino, Amanda Santos, Francisco Silvino, Júnior Gadelha e Rafael Carrion.

“Trata-se de um texto violento mesmo. É uma tortura que ocorre durante todo o tempo em cena, sem pena. O interessante é perceber que a violência na primeira cena é impactante, mas que, com o passar do tempo, o público fica confortável com o que está acontecendo.”

O projeto fará sua estreia no Grande ABC amanhã, com passagem única pelo Teatro Santos Dumont, em São Caetano. Com entrada franca, a exibição ocorre a partir das 9h30 e é recomendada para maiores de 16 anos. A apresentação será voltada principalmente para alunos do Ensino Médio, mas também será aberta ao público em geral.

Após a performance, o espaço irá receber o encontro Memória Política no País – Arte Engajada no Viés Social/Político a Partir do Golpe de 1964, promovido para discutir e trazer à tona elementos ainda pertinentes sobre o período do regime militar. O evento será mediado por Marco Escrivão, diretor do projeto Memórias da Resistência, e contará com a presença dos dançarinos e do coreógrafo.

Segundo Borelli, o encontro com espectadores mais jovens é essencial para seu espetáculo e para a plateia. “Precisamos colocar essa galera mais jovem para pensar de maneira crítica. Nas escolas se fala muito por cima sobre a ditadura militar e seus demônios da maneira que realmente aconteceram. Aparecemos com um debate político mesmo, abordando todo os parênteses existentes sobre o tema. A graça é falar sobre o Brasil”, diz.

Colônia Penal – Dança. Amanhã, a partir das 9h30. No Teatro Santos Dumont – Avenida Goiás, 1.111, São Caetano. Tel.: 4238-3030. Grátis.




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