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Estudo pago por Eletrobrás repete conclusão de relatório
04/06/2014 | 09:37
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A Eletrobrás desembolsou cerca de R$ 10 milhões neste ano por um estudo que chegou às mesmas conclusões de um relatório feito oito anos antes pela própria área técnica da companhia, sem custo. Ambos os estudos, de 2006 e 2014, foram feitos para encontrar uma solução para suas distribuidoras. Nos dois casos, a conclusão do estudo era a venda do controle das distribuidoras, mas em nenhum deles o conselho de administração da companhia seguiu a recomendação.

O relatório elaborado em 2006 por um grupo de trabalho da Eletrobrás ia além da simples recomendação. A análise demonstrava que as distribuidoras tinham se tornado um "sorvedouro de recursos" desde sua aquisição e projetava déficit operacional de R$ 7,36 bilhões até 2015. Os resultados negativos se confirmaram. Em 2013, elas foram responsáveis por um prejuízo de R$ 2,46 bilhões. Em 2012, as perdas atingiram R$ 1,555 bilhão.

Em fevereiro deste ano, um estudo do Santander apresentado no Conselho de Administração da Eletrobrás recomendou a venda de parte das ações das distribuidoras. O banco sugeria três cenários como os mais favoráveis, nos quais a Eletrobrás ficaria com participação minoritária, entre 20% e 49%.

Em 10 de fevereiro de 2006, o Conselho ouviu a mesma conclusão. "Para um 'choque de gestão' capaz de enfrentar com sucesso esses e outros problemas existentes nessas organizações, de uma maneira geral, acredita-se que a melhor solução é a alienação das ações das distribuidoras", diz o texto, que considerava as distribuidoras de Alagoas e Piauí as mais atraentes ao setor privado.

Sorvedouro

Em 15 páginas, o documento interno relata que as distribuidoras exigiram, desde sua aquisição, um "desembolso elevado de recursos da própria Eletrobras e da RGR (encargo setorial)", "e o que deveria ser um investimento transitório tornou-se um sorvedouro de recursos". Em 2006, os valores investidos pela Eletrobrás nas empresas já atingiam R$ 6,6 bilhões. "Mesmo assim, essas empresas continuaram apresentando resultados precários e a requerer novas medidas saneadoras."

O relatório já previa que a forma de gestão das distribuidoras seria prejudicial à companhia. "Em síntese, a manutenção do atual modelo de gestão de empresas federais de distribuição não interromperá o fluxo de recursos da Eletrobras, pelo contrário, a situação irá se agravar." O documento projetava um déficit operacional, entre 2006 e 2015, de R$ 7,36 bilhões.

O relatório apontava como causas dos problemas de gestão a "falta de agilidade inerente às empresas estatais em função de suas limitações legais, assim como as fortes influências dos interesses locais de sua gestão". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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