O relatório elaborado em 2006 por um grupo de trabalho da Eletrobrás ia além da simples recomendação. A análise demonstrava que as distribuidoras tinham se tornado um "sorvedouro de recursos" desde sua aquisição e projetava déficit operacional de R$ 7,36 bilhões até 2015. Os resultados negativos se confirmaram. Em 2013, elas foram responsáveis por um prejuízo de R$ 2,46 bilhões. Em 2012, as perdas atingiram R$ 1,555 bilhão.
Em fevereiro deste ano, um estudo do Santander apresentado no Conselho de Administração da Eletrobrás recomendou a venda de parte das ações das distribuidoras. O banco sugeria três cenários como os mais favoráveis, nos quais a Eletrobrás ficaria com participação minoritária, entre 20% e 49%.
Em 10 de fevereiro de 2006, o Conselho ouviu a mesma conclusão. "Para um 'choque de gestão' capaz de enfrentar com sucesso esses e outros problemas existentes nessas organizações, de uma maneira geral, acredita-se que a melhor solução é a alienação das ações das distribuidoras", diz o texto, que considerava as distribuidoras de Alagoas e Piauí as mais atraentes ao setor privado.
Sorvedouro
Em 15 páginas, o documento interno relata que as distribuidoras exigiram, desde sua aquisição, um "desembolso elevado de recursos da própria Eletrobras e da RGR (encargo setorial)", "e o que deveria ser um investimento transitório tornou-se um sorvedouro de recursos". Em 2006, os valores investidos pela Eletrobrás nas empresas já atingiam R$ 6,6 bilhões. "Mesmo assim, essas empresas continuaram apresentando resultados precários e a requerer novas medidas saneadoras."
O relatório já previa que a forma de gestão das distribuidoras seria prejudicial à companhia. "Em síntese, a manutenção do atual modelo de gestão de empresas federais de distribuição não interromperá o fluxo de recursos da Eletrobras, pelo contrário, a situação irá se agravar." O documento projetava um déficit operacional, entre 2006 e 2015, de R$ 7,36 bilhões.
O relatório apontava como causas dos problemas de gestão a "falta de agilidade inerente às empresas estatais em função de suas limitações legais, assim como as fortes influências dos interesses locais de sua gestão". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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