De janeiro a julho foram contratados 7.339, enquanto que no
mesmo período do ano passado foram abertos 18.060 postos
As empresas do Grande ABC estão contratando substancialmente menos do que em 2011. De janeiro a julho, o saldo (admissões menos demissões) chegou a apenas 7.339 vagas com registro em carteira, enquanto que no mesmo período do ano passado - época marcada por medidas do governo para frear a inflação e conter o consumo por meio de juros altos e prazos reduzidos de financiamento - foram abertos 18.060 postos. Ou seja, 10.721 empregos ou 60% a menos. Para efeito de comparação, em 2010, ano em que a economia se recuperava da crise a pleno vapor, o montante chegou a 28.973. Os dados, divulgados ontem, integram o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do MTE (Ministério do Trabalho e Emprego).
Considerando apenas julho, o saldo foi de 1.170 vagas, 46% a menos do que no mesmo mês de 2011, quando foram registradas 2.169 oportunidades. Em 2010, foram 4.626.
"Este foi um ano muito difícil para a indústria, em que muitas empresas lançaram mão de esforços para manter seus empregados, como férias coletivas e suspensão temporária de contrato. As que não tinham como fazê-lo, tiveram de demitir", explica o diretor do departamento de Indicadores Sociais e Econômicos da Prefeitura de Santo André, Dalmir Ribeiro.
O setor industrial amargou salgo negativo de 5.277 vagas, 179% a menos do que de janeiro a julho no ano passado. Mesmo serviços, que lidera a geração de emprego na região, e está com acumulado positivo de 6.906 postos, teve queda de 32% frente a 2011. Comércio gerou 1.324 oportunidades, 33% menos que no ano passado. Só construção civil foi melhor, com crescimento de 400%, com 3.597 chances.
Apesar da desaceleração não só na abertura de vagas como na capacidade de evitar demissões, o resultado mostra reação quando comparado ao de junho, quando os cortes superaram as admissões e o saldo ficou negativo em 1.883 postos de trabalho.
Na avaliação de Ribeiro, a sinalização de melhora se deve à estabilização do dólar na casa dos R$ 2 (ontem fechou em R$ 2,02), à Selic (taxa básica de juros) em queda, atualmente em 8% ao ano. "Podemos ver uma reversão na tendência de importação com esse cenário", diz. "Acho que, aos poucos, as indústrias podem voltar a receber pedidos. Se ficar mais barato, será mais vantajoso produzir e contratar mão de obra local."
O diretor avisa, porém, que a retomada vai demorar um pouco, pelo menos até o segundo trimestre do ano que vem. "O modelo de crescimento não será mais baseado no consumo, mas em investimento, favorecido pelo cenário e pelas obras de infraestrutura, que vão movimentar bastante a construção civil."
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