Cultura & Lazer Titulo Além do desenho
Dramas e cores
da melancolia

Bonecos de pano vivem no mundo real na
história em quadrinhos ‘A Vida de Jonas’

Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
04/05/2014 | 09:27
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Andréa Iseki/DGABC


Com Vila Sésamo e Os Muppets, os bonecos se tornaram referência de comédia e diversão. Essas características não são encontradas nas figuras de A Vida de Jonas (Zarabatana Books, 64 páginas, R$ 40 em média), HQ que coloca esses personagens em contexto mais real e que aborda temas adultos com história reflexiva.

As páginas apresentam Jonas, boneco cuja trajetória é marcada por complicações de relacionamento causadas por seu alcoolismo. Longe das bebidas, ele tenta se estabelecer com uma vida mais segura ao mesmo tempo em que certos fantasmas insistem em se aproximar.

O projeto é assinado pelo quadrinista Magno Costa, de Santo André, que levou cerca de dez meses para finalizar a obra patrocinada pelo ProAC da Secretaria de Estado da Cultura. Ele confessa que houve grandes mudanças em relação ao projeto original. “A base do conto era a mesma, mas a concepção era para ser algo bem mais divertido, mas com um tema forte. A minha forma de contar histórias talvez não seja alegre”, explica. “Acho que acabo indo naturalmente para um lado mais sério. Apesar de usar bonecos, eles não são felizes. Faço tudo meio melancólico mesmo.”

Sexo, violência, angústia e morte aparecem no conto em contraste com as cores dos personagens, entre eles o amigo Tony (azul) e a ex-namorada do protagonista, Júlia (amarela). Os tons foram escolhidos por Marcelo Costa, irmão gêmeo do autor.

Magno diz que a ideia de mesclar universos e formatos sempre lhe agradou. “Gosto de trabalhar com algum tipo de alternativa incomum e com versões diferentes das coisas. O comum acaba sendo muito chato. A Pixar faz muito isso nos seus filmes, mas eu tento colocar tudo com uma pegada mais adulta. Tanto faz se são animais falantes ou bonecos. O importante é a história. No caso do Jonas, isso acaba dando uma quebrada na expectativa das pessoas quando elas veem a capa.”

NOVO PASSO
O andreense despontou no mercado em 2012, quando lançou o ótimo Oeste Vermelho em parceria com o irmão. A briga de gatos e ratos em cenário western rendeu à dupla o Troféu HQMix na categoria novo talento – desenhista. No ano passado, Magno lançou o também elogiado Mary, uma pocket história sobre a perseguição a mulheres consideradas bruxas no século 17.

Dar continuidade à boa fase é tarefa difícil. “É uma pressão, mas positiva. Quadrinho é uma coisa muito séria. Quando eu estava fazendo o Jonas ficava preocupado com que as pessoas gostassem deste trabalho como ocorreu com os outros. Também me cobro mais e tento fazer melhor ou diferente”, afirma Magno.

A visibilidade vinda com o ProAC também lhe chamou a atenção. “Todos já sabem que você foi aprovado e querem saber sobre o projeto antes mesmo de ele estar pronto”, brinca. “Tem ajudado de uma maneira bem legal. Acabei tendo um feed back e tive de me esforçar para corresponder.”




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