Economia Titulo São Bernardo
Missa tradicional na matriz reúne cerca de 800 fiéis

Houve protestos contra desemprego,
assédio moral e precarização do trabalho

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
02/05/2014 | 07:26
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André Henriques/DGABC


Dos 1.000 lugares disponíveis na Igreja Matriz de São Bernardo (também conhecida como Basílica Menor de Nossa Senhora da Boa Viagem), cerca de 800 foram ocupados ontem por trabalhadores e aposentados que assistiram à celebração da tradicional missa de 1º de maio. A cerimônia do Dia do Trabalho acontece há 34 anos (desde 1980) com o intuito de comemorar as lutas e conquistas da classe operária.

Com o tema Trabalhadores: da escravidão à libertação, o Padre Roberto Alves Maragon, vigário-geral da Diocese de Santo André, representou o bispo diocesano dom Nelson Westrup, que participava de seminário da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). “Precisamos agradecer pelos benefícios que já conquistamos ao longo dos anos, e com muito custo. No entanto, apesar de hoje (ontem) ser um dia de festa, temos de ‘sacudir’ a consciência de todos aqueles que trabalham, dos operários e dos acadêmicos. Todos merecemos ter acesso às políticas públicas, à boa saúde. Temos também de lembrar daqueles que dependem da Previdência (Social) para seu próprio sustento, e que trabalharam uma vida toda”, reforça Padre Beto, como é conhecido. Além disso, ele lembrou que ontem também foi comemorado o Dia de São José Operário, o simples carpinteiro, marido de Maria e conhecido como pai de Jesus.

Durante a celebração, trabalhadores participaram carregando cartazes em protesto aos assédios morais e sexuais, às metas abusivas, ao desemprego, à terceirização e ao trabalho infantil, entre outros. A Liturgia da Palavra falava sobre os muitos operários que perderam a vida por um mundo mais justo.

Na cerimônia, o teleoperador de call center André Gregório Matta Gould, 27 anos, em depoimento, enfatizou algumas das bandeiras de lutas comuns a todos os trabalhadores brasileiros. “Precisamos de reforma agrária e é necessário reduzir a jornada de trabalho. Temos direito a uma Educação decente e de qualidade.” Para ele, a classe trabalhadora deve ir às ruas a fim de repensar o sistema capitalista em que vivemos. “Precisamos dizer não à economia de exclusão, que oferece mais oportunidades para uns do que para outros.”

Diferentemente dos anos anteriores, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, não compareceu à missa. Estavam presentes a deputada estadual Ana do Carmo e o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. “Participo dessa celebração todos os anos, desde o tempo em que eu era funcionário da Ford, na verdade, há 34 anos. É uma maneira de refletir sobre os nossos ganhos e novos objetivos”, disse o deputado.

Segundo ele, os sindicatos precisam ter, principalmente, sabedoria para definir como transmitir aos trabalhadores mais jovens toda a história de lutas e conquistas. “Na verdade, muitos aproveitam o 1º de maio para ir aos shows, mas não podemos deixar de lutar por melhores condições.” 




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