Houve protestos contra desemprego,
assédio moral e precarização do trabalho
Dos 1.000 lugares disponíveis na Igreja Matriz de São Bernardo (também conhecida como Basílica Menor de Nossa Senhora da Boa Viagem), cerca de 800 foram ocupados ontem por trabalhadores e aposentados que assistiram à celebração da tradicional missa de 1º de maio. A cerimônia do Dia do Trabalho acontece há 34 anos (desde 1980) com o intuito de comemorar as lutas e conquistas da classe operária.
Com o tema Trabalhadores: da escravidão à libertação, o Padre Roberto Alves Maragon, vigário-geral da Diocese de Santo André, representou o bispo diocesano dom Nelson Westrup, que participava de seminário da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). “Precisamos agradecer pelos benefícios que já conquistamos ao longo dos anos, e com muito custo. No entanto, apesar de hoje (ontem) ser um dia de festa, temos de ‘sacudir’ a consciência de todos aqueles que trabalham, dos operários e dos acadêmicos. Todos merecemos ter acesso às políticas públicas, à boa saúde. Temos também de lembrar daqueles que dependem da Previdência (Social) para seu próprio sustento, e que trabalharam uma vida toda”, reforça Padre Beto, como é conhecido. Além disso, ele lembrou que ontem também foi comemorado o Dia de São José Operário, o simples carpinteiro, marido de Maria e conhecido como pai de Jesus.
Durante a celebração, trabalhadores participaram carregando cartazes em protesto aos assédios morais e sexuais, às metas abusivas, ao desemprego, à terceirização e ao trabalho infantil, entre outros. A Liturgia da Palavra falava sobre os muitos operários que perderam a vida por um mundo mais justo.
Na cerimônia, o teleoperador de call center André Gregório Matta Gould, 27 anos, em depoimento, enfatizou algumas das bandeiras de lutas comuns a todos os trabalhadores brasileiros. “Precisamos de reforma agrária e é necessário reduzir a jornada de trabalho. Temos direito a uma Educação decente e de qualidade.” Para ele, a classe trabalhadora deve ir às ruas a fim de repensar o sistema capitalista em que vivemos. “Precisamos dizer não à economia de exclusão, que oferece mais oportunidades para uns do que para outros.”
Diferentemente dos anos anteriores, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, não compareceu à missa. Estavam presentes a deputada estadual Ana do Carmo e o deputado federal Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho. “Participo dessa celebração todos os anos, desde o tempo em que eu era funcionário da Ford, na verdade, há 34 anos. É uma maneira de refletir sobre os nossos ganhos e novos objetivos”, disse o deputado.
Segundo ele, os sindicatos precisam ter, principalmente, sabedoria para definir como transmitir aos trabalhadores mais jovens toda a história de lutas e conquistas. “Na verdade, muitos aproveitam o 1º de maio para ir aos shows, mas não podemos deixar de lutar por melhores condições.”
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