Economia Titulo Trabalho
Indústrias do Grande ABC
voltam a gerar empregos

Setor contrata 350 e tem primeiro resultado positivo em 12
meses; em junho, o montante ficou negativo em 550 postos

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
15/08/2012 | 07:14
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As indústrias do Grande ABC deram uma freada no ritmo de demissões e julho terminou com 350 contratações. Este é o primeiro saldo positivo em um ano; no mesmo mês do ano passado foram registradas 700 vagas a mais. À exceção de agosto, quando não houve movimentações, em todos os meses seguintes o volume de cortes superou o das admissões. Em junho, o montante ficou negativo em 550 postos.

Os dados foram levantados pelas diretorias regionais do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) no Grande ABC, com base nas informações de suas associadas.

A reação foi puxada pelas empresas de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, que geraram 650 empregos. Em São Bernardo, São Caetano e Diadema, por outro lado, foram fechadas 100 vagas em cada cidade.

Para o diretor do Ciesp de Santo André, Emanuel Teixeira, o resultado é um sinal de alento, já que a escalada de demissões não foi continuada. Porém, não significa que a situação das fábricas da região, a maior parte integrante da cadeia automotiva que há meses sofre com a redução de encomendas por conta da enxurrada de importações, tenha sido revertida. "O indicador do emprego nas indústrias do Grande ABC se baseia em setores, e não na situação individual de cada empresa. Uma companhia pode ter migrado para a região e suas contratações terem puxado a recuperação", avalia.

Sua empresa, a Metalmech, que fabrica molas, artefatos e arames (para quebra sol, por exemplo), integra a estatística de Mauá. Em julho, Teixeira recuperou quatro dos 12 postos que teve de eliminar desde o início do ano. "A Honda e a Toyota retomaram os pedidos e conseguimos contratar. Porém, da perda de 20% do meu quadro de funcionários, que em janeiro eram 60, ainda temos de repor 15%."

A preocupação do dirigente está em depois do dia 31, quando o governo já avisou que vai suspender o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) reduzido para carros zero-quilômetro. "Com medidas como essas, que são paliativas, temporariamente os pedidos voltam a ser feitos, porém, não se está dando competitividade para as indústrias, não houve redução de custos. Efetivamente nada mudou para a cadeia."

De fato, no ano, as fábricas da região ainda amargam a perda de 7.000 postos de trabalho. Teixeira aponta que, com as incertezas em relação ao cenário externo e o alto endividamento da população, não é possível visualizar tendência de melhora. "Ainda há muitas dúvidas sobre o andamento da economia até o fim do ano. E os empresários seguem preocupados."

 

Em todo o Estado são criadas 500 vagas

As indústrias paulistas geraram quase o mesmo saldo de vagas (admissões menos cortes) do que o Grande ABC em julho. As fábricas da região contrataram 350 trabalhadores e, as empresas em todo o Estado de São Paulo, incluindo o Grande ABC, 500. Ou seja, foram apenas 150 postos no restante do Estado.

Dos 22 setores que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) analisa, em dez houve mais demissões do que contratações, em nove, as admissões se sobressaíram, e três ficaram estáveis.

A queda no emprego do setor de açúcar e álcool - que vinha contratando bastante - equivale à variação negativa de 0,06%. Já as demais áreas foram responsáveis pela criação de 1.419 postos de trabalho no mês passado, com variação positiva de 0,09% em relação ao mês anterior.

No acumulado do ano, a indústria paulista gerou 32 mil empregos, positivo em 1,23% para o período. Mesmo assim, essa é a variação percentual mais baixa já notada, com exceção de 2009, ano da crise econômica, quando o indicador registrou queda de 2,06% no acumulado daquele ano.

A previsão da Fiesp é que o emprego industrial encerre 2012 com 80 mil a 90 mil vagas a menos. "Nossa sensação é de que as indústrias estão hoje com seu quadro maior do que a necessidade atual. Portanto, ainda teremos processo de absorção desta folga antes que venha a ocorrer crescimento", diz Paulo Francini, diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos.

A entidade espera sinais de começo da recuperação da atividade industrial no fim do ano, mas ainda há dúvidas quanto ao vigor desse movimento.

 




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