Economia Titulo Automóveis
Consumidor começa
a olhar para usados

Remoção gradativa de IPI para compra de carro novo e preços menores impulsionam mercado de revenda

Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
25/04/2014 | 07:07
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Orlando Filho/DGABC


A demanda do consumidor está sendo direcionada, aos poucos, para os veículos usados. Para os empresários do setor, está nítido que a mudança é consequência da retirada gradual do incentivo fiscal aos automóveis zero-quilômetro. Prova disso são as vendas de usados no País no primeiro trimestre, que subiram 8,54%, contra queda de 1,68% dos novos.

Na região, o cenário acompanha o resultado nacional. Incrementos nas vendas nos primeiros três meses de 2014 chegam a até 10% sobre o mesmo período do ano passado. Isso ocorre mesmo com a postura de restrição adotada por financeiras e bancos, que têm liberado bem menos financiamentos em virtude da classificação de risco dos interessados.

Dados da Cetip, entidade que opera o SNG (Sistema Nacional de Gravames), base de informações que reúne o cadastro das instituições financeiras referentes a veículos dados como garantia em operações de crédito em todo o Brasil, apontam 10.641 financiamentos no primeiro trimestre no Grande ABC. O resultado é 8,2% inferior ao registro de 2013, quando 11.594 veículos foram financiados.

O técnico de segurança do trabalho Adenilson Correa, 44 anos, integra o grupo que deixou de lado o crédito, mas contribuiu para potencializar os resultados do setor de revendas. Após seu irmão desistir de parceria em investimento imobiliário, o morador de Santo André pegou sua parte do negócio, que acumulou após vender carro antigo, acrescentou um pouco mais e decidiu comprar, à vista, um Ford Fiesta, ano 2005.

“O custo de um carro novo é muito alto. Além das possíveis parcelas de um financiamento, você tem o emplacamento, o licenciamento, toda a documentação. Preferi o seminovo, que está com tudo em dia, com a lataria perfeita e poucos quilômetros de uso”, justificou Correa. Ele destacou ainda que não é possível desconsiderar o preço em relação a um veículo zero-quilômetro. “Paguei R$ 16,5 mil.”

Há 21 anos no mercado de revendas, o proprietário da Auto Visual, de Santo André, Edson Hernandes, disse que suas vendas subiram cerca de 10% no primeiro trimestre, mesmo com o freio que a restrição de crédito impôs ao setor. “A nossa maior dificuldade é a aprovação das financeiras. De cada dez contratos que enviamos, apenas dois são aprovados. Então, nossa saída é indicar os clientes aos bancos”, observou, acrescentando que a taxa de aprovação sobe para cinco a cada dez pedidos.

Proprietário da VR Motors da mesma cidade, Felipe Andrade disse que, em sua loja, veículos mais confortáveis, com preços aproximados aos de carros zero-quilômetro completos, têm sido a preferência no primeiro trimestre. Ele disse que não faz muitas contas para quantificar a evolução da loja, mas reconhece que a procura, ao menos, aumentou.

O sócio-proprietário das duas lojas da Edcar, de São Bernardo, Maurício Pistonha, entretanto, destacou que ainda há muito para melhorar. “Estamos vendo um cenário de economia ruim em todo o País. Na hora de comprar um carro, isso pesa”, disse. Ele também destacou que a maior restrição das financeiras para aprovar empréstimos tem feito os clientes buscarem as próprias agências bancárias, o que não diminui suas receitas. “Hoje, em média, com menos de 30% de entrada dificilmente se tem crédito.”
 




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