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Sem propostas, Padilha critica crise no Sistema Cantareira

Pré-candidato do PT ao Estado insinua que teria de haver ligação do reservatório em Bragança com Billings

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
24/04/2014 | 07:02
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Nario Barbosa/DGABC


Sem apresentar propostas, o pré-candidato do PT ao Estado e ex-ministro da Saúde, Alexandre Padilha, critica o baixo nível de água do Sistema Cantareira em sua primeira aparição em cadeia nacional de televisão como nome petista à eleição estadual. Na inserção de pouco mais de 30 segundos, Padilha insinua que deveria haver conexão entre o reservatório do Cantareira com a Represa Billings, ligação considerada inviável por especialista ambiental.

“Enquanto o Sistema Cantareira está quase seco, o reservatório da (Represa) Billings está repleto de água. Mais uma prova de que não falta água na Grande São Paulo. Falta governo estadual. Falta planejamento. Faltam obras que reduzam a dependência do Cantareira e distribuam melhor a água na região”, discursa Padilha no vídeo que ontem foi ao ar em horário nobre, sem divulgar alternativas.

Operando com 11,7% da capacidade total, o Sistema Cantareira, que abastece mais da metade da Região Metropolitana, fica a 136 quilômetros de distância da Represa Billings. Segundo o gestor ambiental Luiz de Deus, fazer “correlação entre as represas é, no mínimo, irresponsável”. “Não há relação hídrica. O clima (das duas regiões) é diferente. Tem de ser levado em consideração também que o Cantareira abastece 55% da Região Metropolitana”, ressalta o especialista, que foi representante da sociedade civil no comitê da Bacia do Alto Tietê.


Para minimizar os efeitos da seca no Cantareira para a Capital, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) anunciou que vai transferir parte da vazão da Represa Billings para atender 200 mil moradores de São Paulo. A utilização do braço Rio Grande, que abastece Diadema, São Bernardo e Santo André, integra lista de ações implementada pelo governo do Estado para reduzir o impacto da crise no Cantareira devido à falta de chuvas.


A Sabesp garante que o Grande ABC não será prejudicado porque o Sistema Rio Grande opera em quase sua plenitude, com 95,6% da capacidade total, e também haverá ampliação do trabalho da ETA (Estação de Tratamento de Água) Rio Grande em 500 litros por segundo. Ontem, a estatal condenou os ataques de Padilha à crise no abastecimento.


Articulador da aprovação da Lei Específica da Billings na Assembleia Legislativa em 2009, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB) criticou a postura de Padilha, a quem chamou de “oportunista”, “despreparado”, “pior ministro da Saúde da história” e “pastel sem recheio”. “Esperava que ele fizesse balanço da atuação como ministro na sua primeira aparição na TV como pré-candidato ou apresentasse propostas. Mas se aproveitou da catástrofe natural que o Estado passa, a maior seca dos últimos 80 anos”, avalia. “Fez crítica vazia e cheia de sensacionalismo.”


Por nota, o presidente estadual do PT, Emidio de Souza, saiu em defesa de Padilha e condenou os questionamentos feitos pela Sabesp ao vídeo produzido pela pré-campanha petista. “Mais uma vez, o PSDB e a presidente da Sabesp, Dilma Pena, se furtam do debate sobre questão séria e que interfere na vida de milhões de pessoas. Toda vez que apresentamos dados, a resposta do governo tucano é a grosseria e arrogância.”
 




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