Economia Titulo Balança
Importações da região
têm queda de 6,6%

Retração reflete desaquecimento da economia
e redução de investimentos das empresas

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
23/04/2014 | 07:15
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Arquivo/DGABC


As importações do Grande ABC no primeiro trimestre recuaram 6,6% ante igual período de 2013. A retração, no entanto, está longe de significar melhora na competitividade das indústrias da região em relação aos itens fabricados no Exterior. Segundo analistas ouvidos pela equipe do Diário, o recuo tem mais a ver com a desaceleração da atividade econômica nacional, que está levando as empresas a pisarem no freio de investimentos, adiando, por exemplo, a renovação de maquinários.

“As empresas não exportam, mas também não importam, porque a economia está estagnada”, disse o empresário e diretor do departamento de comércio exterior da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, José Rufino Júnior.

A trajetória de alta na taxa básica de juros, pelo Banco Central, iniciada há um ano, com o objetivo de conter a inflação, está contribuindo para desacelerar a economia, observa o coordenador de curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero. Os juros mais altos colaboram para reduzir o consumo das famílias e, com a demanda mais retraída, as companhias diminuem as compras de itens de outros países.

Dessa forma, as aquisições de bens de capital (maquinários) pelas indústrias diminuíram. Por exemplo, em Diadema houve recuo de 24%; em São Caetano, retração de 27% e em Mauá, queda de 19% nas importações de máquinas e equipamentos nos três primeiros meses do ano.

SALDO NEGATIVO - Mesmo com o volume menor de importações, o saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) dos sete municípios ficou mais negativo no primeiro trimestre deste ano. O deficit ficou em US$ 309,6 milhões. No ano passado, no mesmo período, estava em US$ 203 milhões.

Neste início de ano, as empresas da região obtiveram US$ 1,25 bilhão com as encomendas enviadas ao mercado internacional – 14,7% menos que no período de janeiro a março de 2013. Ao mesmo tempo, as compras de produtos do Exterior, 6,6% menores, totalizaram US$ 1,67 bilhão nos três meses iniciais de 2014.

Dois fatores colaboram para a redução nos embarques de produtos fabricados na região. Um deles é o efeito cambial. “A alta dos juros fez o câmbio recuar”, diz Balistiero. Rufino Júnior acrescenta que o dólar, que chegou a R$ 2,40 em janeiro, hoje está na faixa de R$ 2,20, e com isso, a rentabilidade para exportar ficou apertada. “E os custos continuam subindo”, afirma. Outro fator é a crise na Argentina, principal destino dos produtos do Grande ABC. O governo daquele país vem impondo barreiras na alfândega para a entrada de produtos brasileiros. As exportações de São Bernardo para esse mercado recuaram 14% e as de São Caetano, 51%. Nesta última cidade, o principal item da pauta exportadora, veículos leves de carga (a Montana, fabricada pela General Motors), teve retração de 49% nas encomendas.
 




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