Turismo Titulo Chapada dos Guimarães
Espaço cheio de energia vital

Parque Nacional no Mato Grosso completa 25 anos envolto em muito misticismo e natureza preservada

Andréa Ciaffone
17/04/2014 | 18:45
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Divulgação


O enorme horizonte verde revelado do alto dos paredões de pedra impressiona quem visita a Chapada dos Guimarães por sua beleza estética. Mesmo a criatura mais sem imaginação e cética do planeta terá de reconhecer que a mera visão da paisagem justifica a viagem até o Mato Grosso.


Para os que acreditam que a ciência é a estrada mais segura para compreender o mundo, a Chapada dos Guimarães oferece 500 milhões de anos de história. De acordo com os geólogos, a paisagem que se vê no município mato-grossense se desenvolveu sobre uma das placas tectônicas mais antigas da Terra e guarda testemunhos das várias fases pelas quais o planeta passou. Mesmo de olhos bem abertos, é fácil imaginar a planície coberta pelas geleiras da Era Glacial há 500 milhões de anos. Ou aquela mesma imensidão submersa nas águas do mar que se formou com o degelo há 300 milhões de anos.


Mais um ajuste na máquina do tempo e podemos ver o deserto que se formou na região há 150 milhões de anos e que guardou algumas das suas dunas fossilizadas e bem visíveis.


Mas nem o deserto resistiu à passagem do tempo e, há 64 milhões de anos, a região estava coberta de vegetação nutritiva, transformando-se no lar de várias espécies de dinossauros que deixaram algumas ossadas para provar sua passagem por lá.
Recentemente, há apenas 15 milhões de anos, o surgimento da Cordilheira dos Andes provocou o afundamento do que hoje conhecemos como Planície Pantaneira, mas manteve a placa tectônica do planalto central, formada de rocha cristalina, intocada.

Assim, a Chapada dos Guimarães fica exatamente na borda do Planalto Central, o que cria uma diferença de altura vertical de mais de 350 metros em relação à planície. Quando a diferença é calculada a partir do Morro de São Jerônimo, o desnível chega a 800 metros. Para evitar a possível vertigem que chegar na beira do precipício causa, alguns visitantes optam por observar a paisagem deitados de barriga para baixo. 

Oficialmente, a cidade da Chapada fica 811 metros acima do nível do mar, o que se traduz em um clima mais ameno, bem diferente do calor que caracteriza Cuiabá, que fica a apenas 74 quilômetros de distância e que está a apenas 125 metros acima do nível do mar.

O tempo mais fresco à noite e quente durante o dia favorece bastante a biodiversidade. De acordo com estudos realizados por botânicos, no cerrado que cobre este pedaço do Brasil encontra-se enorme variedade de plantas medicinais, sendo que 38 espécies são consideradas endêmicas – ou seja, só existem nesta região.

Esse patrimônio, somado a 46 sítios arqueológicos, dois paleontológicos, 59 nascentes e 487 cachoeiras, justifica a criação, em 1989, do Parque Nacional da Chapada dos Guimarães, que tem 3.300 km². Além do território da reserva, há 2.518 km² de Área de Proteção Ambiental, duas reservas estaduais e dois parques municipais, que guardam cachoeiras, cavernas e lagoas. Para completar a conta, há duas estradas-parque e 157 quilômetros de paredões.

Tudo isso cabe, sim, no município de Chapada dos Guimarães, que já foi o maior do mundo quando tinha 269 mil km² – era praticamente do tamanho da Bélgica – e só perdeu a posição porque foi desmembrado para dar origem a outras cidades, como Alta Floresta, Colíder, Sinop, Nova Brasilândia e Paranatinga, que nasceram com a expansão das fronteiras agrícolas protagonizada pelos produtores de soja.

A criação do Parque Nacional teve como objetivo justamente preservar o patrimônio natural desta expansão, conter o turismo descontrolado e preservar a história da cidade, que possui 42 imóveis tombados pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O esforço dos últimos 25 anos se converteu em um fluxo de turistas suficiente para manter o destino economicamente viável e ambientalmente sustentável.

Posição geográfica dá força a mitos

Fisicamente, o visual da Chapada dos Guimarães já justifica a visita. Mas há quem veja no destino uma série de outros motivos que vão além da vã filosofia do turista que almeja apenas admirar belas paisagens, explorar cachoeiras e vencer trilhas.

Um dos significados ‘ocultos’ está relacionado justamente à sua localização, a 15 graus de latitude Sul. De acordo com os místicos, esse paralelo forma um corredor de energia mística do qual fazem parte as cidades de Porto Seguro, na Bahia; Brasília, no centro do Planalto Central; e o Lago Titicaca, na fronteira entre o Peru e a Bolívia. Quando a longitude é considerada, o significado místico se amplia, pois a Chapada dos Guimarães está no meio do caminho entre os oceanos Atlântico e Pacífico.

Para os místicos, as coordenadas do lugar, somadas à sua longa história geológica, são provas suficientes de que o local possui uma energia tão especial que é capaz não só de afetar os terráqueos como também de atrair extraterrestres e seres de outras dimensões, como gnomos e fadas.

As energias seriam tão boas que cientistas, ecologistas, ufólogos e místicos de todos os matizes convivem harmonicamente nos espaços sem receio de defender as suas crenças.

O fato é que nem é preciso procurar muito para encontrar alguém que afirma já ter conversado com extraterrestres ou que diga que mantém contato frequente com tripulantes de naves espaciais. A teoria dos ufólogos é que o magnetismo da região faz com que ela seja uma espécie de porto para visitantes de outras galáxias.

Outra corrente mística diz que as cavernas da região escondem a entrada de caminhos por debaixo da terra que ligam a Chapada a Machu Picchu, no Peru. Há, ainda, quem diga que esses caminhos são portais para mundos intraterrestres, habitados por povos antigos de origem inca.

Outra corrente com muitos adeptos é formada por místicos que acreditam em seres de outras dimensões, como gnomos e fadas, que, por conta do magnetismo local, teriam escolhido se revelar aos humanos na Chapada por considerar o destino mato-grossense energeticamente compatível com sua natureza etérea.

Diversidade entusiasma

A pracinha central da Chapada dos Guimarães concentra as agências de turismo que operam as principais atrações do município e do parque nacional. Dentre os cartões- postais da região, o único que pode ser visitado sem a presença de um guia especializado é a Cachoeira do Véu da Noiva – uma das vistas que se tornaram símbolo do Estado de Mato Grosso. Lá, as águas do Rio Coxipó são lançadas para um precipício de 86 metros formando um paredão de arenito em forma de meia-lua, o que faz com que o líquido jorre em queda livre até formar um enorme poço no fim do paredão. A trilha que está aberta aos visitantes é a que leva ao mirante na parte de cima da cachoeira. O caminho começa perto da porteira do parque e tem cerca de um quilômetro, mas o acesso pelo lado de baixo está fechado.

Ainda dentro da reserva, há o Circuito das Cachoeiras, percurso de sete quilômetros que costuma ser feito em seis horas para ida e volta e que passa pelas cachoeiras das Andorinhas, da Prainha, de Degrau, do Pulo e Sete de Setembro. Na volta, há parada em uma formação rochosa conhecida como Casa de Pedra.

Para realizar esse passeio é obrigatório estar acompanhado de guia, que pode ser contratado nas agências credenciadas pelo parque. Como há limite no número de participantes desta excursão, é preciso também fazer uma reserva com pelo menos um dia de antecedência junto ao parque nacional informando nome completo, CPF (brasileiros) ou passaporte (visitantes internacionais), data de nascimento e endereço.

O mesmo tipo de reserva é exigido para quem pretende fazer o roteiro que leva aos paredões e também ao alto do Morro de São Jerônimo, que tem 850 metros de altitude. A trilha de 16 quilômetros, que começa no Portão do Mata Burro, é para os fortes, mas recompensa o esforço revelando paisagens espetaculares por todo o percurso e passando por formações areníticas curiosas, como o Jacaré de Pedra, a Pedra Furada e a Mesa do Sacrifício. Conforme o alto do morro se aproxima, a caminhada fica mais díficil, até se tornar uma escalada. Por isso, é fundamental ter um guia local orientando. Esse trecho mais íngreme está na última meia hora do percurso de subida. A descida também merece atenção, principalmente para quem tem problemas nos joelhos. Em dias chuvosos não se recomenda ir até o São Jerônimo porque o piso molhado dificulta bastante a subida. Outro programa que chama atenção é a visita à caverna Aroe Jari (ou Caverna do Francês), que é a maior gruta de arenito do Brasil, com 1.550 metros de extensão. A caverna pertence a uma propriedade particular, a Fazenda Água Fria, que fica a 46 km da cidade. Depois de mais 30 minutos de caminhada está a Gruta da Lagoa Azul, com água cristalina, mas onde os banhos são proibidos para preservar a biologia local. Outra meia hora a pé e chega-se à Caverna Kyogo Brado. O passeio, que dura o dia todo, termina com um banho de cachoeira. A dica é ir de calça comprida para não arranhar as pernas na vegetação e levar um calçado que possa ser molhado.

COMO CHEGAR


Chapada dos Guimarães não tem aeroporto. O ideal é voar para Cuiabá, cidade que é atendida pelas companhias aéreas TAM, Gol e Azul. De Cuiabá para a Chapada, a ligação é feita pela Rodovia MT-305. São 64 quilômetros de rodovia asfaltada em bom estado de conservação. Várias agências de turismo oferecem traslado para a cidade. Também é possível ir de ônibus intermunicipal, O trecho é operado pela viação Rubi (0xx65 3301-1280). Quem preferir alugar um carro deve saber que, embora o acesso seja fácil, a estrada é de pista simples e não tem acostamento. Vale lembrar que Cuiabá está a 125 metros de altitude e a Chapada dos Guimarães fica a mais de 800 metros de altitude, o que faz com que a estrada seja em constante aclive. Por isso, é recomendável viajar durante o dia.

ONDE FICAR


Pousada Penhasco – Fundada em 1997, é uma das mais tradicionais da cidade. Além de quartos confortáveis, oferece um panorama lindíssimo da região não só nos quartos como também nas áreas comuns, como restaurantes e piscina. Oferece day use por R$ 49 por pessoa. Para hospedagem, os valores das diárias partem de R$ 339 e variam conforme o número de dias da estadia e de pessoas no quarto. Reservas: (0xx65) 3624-1000/3301-1555. Mais informações: www.penhasco.com.br.

Atmã Resort – Vista deslumbrante, quartos muito bem decorados e atendimento atencioso fazem do Atmã uma das opções mais interessantes na cidade. Tem espaço para eventos. Diárias a partir de R$ 480 para casal com café da manhã. Reservas: (0xx65) 9982-8545 ou pelo email contato@atmaresort.com.br. Site: www.atmaresort.com.br.

Estância Guapira Jamacá – Localizada em um lugar belíssimo, a pousada tem na gastronomia um dos seus diferenciais. No Bistrô Flor Selvagem, os menus são criativos e os pratos, feitos com ingredientes orgânicos ou modos de preparo ligados à alimentação natural ayurvédica. Embora trabalhe com carnes, o bistrô oferece alternativas saborosas para os vegetarianos. Mesmo quem não se hospeda lá pode ir ao restaurante, que oferece menu a R$ 30 por pessoa sem reserva e R$ 25 com reserva antecipada. Para reservar hospedagem ou restaurante o telefone é (0xx65) 9610-3012 ou (0xx65) 9312-4619. Também é possível fazer contato pela página www.facebook.com/EstanciaGuapiraJamaca/info.


AGÊNCIAS


Na Chapada dos Guimarães vários dos passeios recomendam reservas feitas com antecedência e todos exigem o acompanhamento de guia de turismo especializado e credenciado. A única exceção é a visita ao Mirante da Cachoeira Véu da Noiva, que fica perto da entrada do parque nacional. Para contratar guias contate:


Eco Turismo Cultural – www.chapadadosguimaraes.com.br.
Trilhas Brasil – centraldeguias@yahoo.com.br, Tels: (0xx65) 8119-9324 (Tim), 9906-7058 (Vivo) ou 9269-4854/9278-4456 (Claro).
Chapada Off Road – atendimento@chapadaoffroadl.com, Site: www.chapadaoffroad.com.br. Tels.: (0xx65) 3301-2441 e 8137-6199.
Pantanal Tours Guide – atendimento_ventosul@hotmail.com. Tels.: (0xx65) 3301-2706, 9951-7201 e 9272-0644. Site: www.pousadaventosul.tur.br.
Chapada Explorer – atendimento@chapadaexplorer.com.br, Site: www.chapadaexplorer.com.br. Tels.: (0xx65) 3301-1290, 9228-8154 (Claro) ou 8106-3612 (TIM)
 




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