A base de sustentação ao prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), na Câmara perdeu dois aliados nesta semana. Então governistas, os vereadores Israel Mendonça (PDT) e Clauricio Gonçalves Bento (DEM) se rebelaram contra a administração e integraram a bancada de oposição, composta pelos três vereadores do PT: Benedito Rodrigues de Araújo, Cleson Alves e João Batista, o João da Psiu.

Na prática, os dois parlamentares já não falavam a mesma língua do governo durante as votações. A desarmonia entre os parlamentares e o prefeito ficou evidente com a decisão de Israel, há uma semana, em não aprovar requerimento que garantia a votação do veto de Maranhão à emenda do funcionalismo.

A proposta, que concedia aumento no adicional de insalubridade a funcionários comissionados da Educação, também escancarou o mal-estar entre Maranhão e o vereador Waldemar Perillo (PSDB). O prefeito já havia alertado sobre a falta de recursos para bancar o bônus, mas o tucano insistiu em propor a emenda. Sobrou para o chefe do Executivo o ônus de barrar o benefício aos servidores não concursados.

Nessa conjuntura, com cinco oposicionistas, Maranhão terá dificuldade para aprovar projetos relevantes. Para ver uma medida de vulto aprovada, o Executivo precisa da adesão de nove dos 13 vereadores, ou dois terços do Legislativo. Com o quinteto oposicionista, o prefeito contabiliza apenas oito adesões, situação bem diferente do cenário de um ano atrás, quando desfrutava do apoio da maioria absoluta.

TEMPESTADE?
Mesmo com o saldo negativo a Maranhão na Câmara, o presidente do Legislativo, Edvaldo Francisco Guerra (PV), acredita que o tucano conseguirá apoio suficiente para votar os projetos de interesse do governo.“O prefeito vai, sim, ter de exercer um poder de convencimento grande. Mas acredito que isso, na verdade, é uma tempestade que está prestes a passar”, analisou o dirigente da Casa. “Mesmo na oposição, acredito que nenhum vereador vai deixar de apoiar algum projeto de grande relevância ao município”, completou o verde.

Oficialmente, Israel e Clauricio alegam ser independentes, mas no bastidor comenta-se que aliados do pedetista teriam sido exonerados da Prefeitura. Já Clauricio, que chegou a ocupar o posto de líder do governo na Câmara, vinha se desentendendo com a cúpula do governo nos últimos meses.

Além de travar requerimentos do governo, os parlamentares têm adotado discurso nitidamente ácido à administração. Sem representante na liderança do governo, Maranhão vira alvo fácil da oposição.