Automóveis Titulo Comparativo
Pancadaria: Novo
Corolla é desafiado

Segmento dos sedãs médios continua se renovando;
neste compara, novo Toyota Corolla é a bola da vez

Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
02/04/2014 | 08:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Pensando em comprar um sedã médio? Bom, opções não faltam. E quando são assim, abundantes as alternativas, as dúvidas por este ou aquele modelo só aumentam, e a decisão de bater o martelo fica muito mais difícil.

Hoje, a mais nova pulga atrás da orelha do consumidor deste tipo de veículo se chama Toyota Corolla. Há anos um case de sucesso no mercado brasileiro – mundial, também –, sinônimo de satisfação entre seus compradores, o modelo fabricado em Indaiatuba, interior de São Paulo, quer voltar ao trono do segmento, ocupado ano passado e nos dois primeiros meses de 2014 pelo arquirrival Honda Civic, de acordo com dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

No entanto, para colocar o quase todo reformulado Toyota à prova, não chamamos Civic ou mesmo Chevrolet Cruze, terceiro sedã médio mais vendido do País. Para este duelo, convocamos um trio de peso, que por exatamente não serem campeões de vendas, costumam adotar a filosofia do mais por menos.

O primeiro a topar o embate foi o Nissan Sentra, que ao ser renovado – ano passado –, chamou alguns concorrentes para um duelo aqui no Diário e faturou o cinturão. Também apelamos para uma dupla francesa de responsa. O experiente Peugeot 408, comentado por sua elegância, e o jovem Citroën C4 Lounge. Ambos com motor turbo.

E aí? Será que o Corolla, best-seller em vendas, aguenta este trio? 

Novo Corolla agrada, mas tropeça em (muitos) detalhes

Para voltar ao topo de vendas entre os sedãs médios, o Toyota Corolla passou por reformulação profunda, porém não total. Trouxe design do modelo europeu, retrabalhou visual e acabamento internos, reviu lista de equipamentos de série, adotou nova caixa de câmbio automática (agora CVT) e manteve os bons motores 1.8 e 2.0, ambos flex. No entanto, esqueceu de um detalhe: deixar os preços mais atraentes.

Neste comparativo, a versão intermediária XEi é a mais competitiva por custar R$ 79.990 – a configuração Altis custa astronômicos R$ 92,9 mil. Ainda assim, é o segundo mais caro do embate, atrás apenas do C4 Lounge. O preço das três primeiras revisões, em contrapartida, é o mais baixo de todos.

O Corolla está mais bonito, principalmente quando comprado com a geração anterior, que já fazia hora-extra. Os traços remetem ao Camry – especialmente as lanternas traseiras –, agregando requinte. Porém, quando olhamos para dentro, nos decepcionamos, pois esperávamos mais – muito mais.

O acabamento utiliza peças emborrachadas e os bancos são revestidos em couro, mas o plástico duro presente em alguns pontos, como na maçaneta interna e console central, tem qualidade inferior. Outro ponto que incomoda é o desenho do painel central, chapado e pouco ergonômico para o motorista ao acessar os comandos.

O espaço interno é bom (2,70 metros de entre-eixos). Especialmente para os ocupantes do banco traseiro, que contam com assoalho plano (único deste comparativo). O porta-malas tem 470 litros – ganha só por 20 litros do Citroën.

No recheio, o Toyota é o único a ter sete air bags (traz bolsa de joelho a mais que os outros). Oferece ainda navegação por GPS, sistema multimídia com tela LCD de 6,1 polegadas sensível ao toque. Ar-condicionado de duas zonas e sensor de estacionamento, itens de fábrica nos rivais, não estão disponíveis.

Rodando, o Corolla continua refinado. O motor 2.0 16V Flex de até 153 cv (etanol) agrada pelo bom torque de 20,7 mkgf a medianas 4.800 rotações. Ponto para o câmbio CVT, sinônimo de conforto. Na versão XEi, as trocas podem ser feitas por meio de aletas atrás do volante. No entanto, algo que destoa da proposta do modelo.

Bom de acelerar, C4 Lounge patina nas cifras elevadas

O Citroën C4 Lounge Exclusive THP tem inúmeros atributos. É um belo carro e sequer pode ser comparado ao seu antecessor, o saudoso grandalhão C4 Pallas. No entanto, neste comparativo, o sedã da marca francesa fica em terceiro por ser, principalmente, o mais caro entre os concorrentes, partindo de R$ 80.490 – exatos R$ 7.000 a mais que o Nissan Sentra. O Citroën também tem o custo mais elevado das três primeiras revisões.

Por este valor entrega lista bastante completa de itens de série, como direção eletro-hidráulica, sistema de navegação, seis air bags, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré, tela de 7 polegadas não sensível ao toque e até controle eletrônico de estabilidade – este último oferecido também pelo irmão Peugeot 408 Griffe THP. Como único opcional, o Lounge tem à disposição pacote de teto solar elétrico e faróis de xenon por R$ 3.300.

O interior entrega a qualidade esperada de um veículo deste porte. As peças têm material de qualidade – destaque para as emborrachadas, agradáveis ao toque. Ponto positivo também para os detalhes cromados sem exageros, sugerindo categoria superior.

O espaço é excelente – motorista conta com regulagens do banco e da coluna de direção (altura e profundidade), que ajudam a vestir o carro. Atrás também sobra espaço para cabeça e pernas dos passageiros, no entanto, quem viaja no meio encontra dificuldades com o duto central muito elevado.

Outro problema de espaço está no porta-malas. O C4 Lounge tem 450 litros – número até que interessante, mas pouco diante dos 526 do Peugeot.

O ponto forte do Citroën, definitivamente, está no acelerar. O motor 1.6 16V turbo (THP) é superior aos japoneses – já que o 408 utiliza mesmo bloco. Com 24,5 mkgf de torque já a 1.400 rpm, as arrancadas e retomadas são vigorosas. O câmbio automático de seis marchas casa bem com o propulsor de 165 cv de potência máxima.

A regulagem firme da suspensão auxilia a elevar o prazer ao volante do Lounge, que, assim como Corolla e Sentra, mede 4,62 metros. Nível de ruído interno também é digno de elogios.

Desempenho, espaço interno e preço: trunfos do 408

Chegou no comparativo como azarão por um simples motivo: entre os concorrentes, era o mais antigo. O Peugeot 408 Griffe THP, no entanto, transformou tempo de estrada em experiência e abocanhou a segunda posição deste comparativo com preço competitivo, melhor espaço interno e bom desempenho graças ao motor 1.6 16V turbo (THP).

O modelo de sangue francês custa R$ 75.990 – R$ 4.000 menos que o Corolla e R$ 4.500 inferior ao C4 Lounge, mas ainda assim é R$ 2.500 mais caro que o Sentra. O Peugeot também tem o preço das revisões de 10 mil, 20 mil e 30 mil quilômetros entre as mais caras (ganha só do Citroën), além de ter uma mini-revisão aos 5.000 quilômetros no valor fixo de R$ 90.

O 408 entrega bastante de série. Sistema de navegação, seis air bags, controlador de velocidade, teto solar eletrônico, tela escamoteável não sensível ao toque, sensor de estacionamento traseiro (dianteiro é opcional e, junto com faróis de xenon, custa R$ 3.500) e controle de estabilidade (ESP). Fica devendo, em relação aos demais, a câmera de ré.

O acabamento é que transmite mais requinte pelo bom trabalho dos materiais cromados. Até o painel de instrumentos traz ares de carro superior ao Peugeot.

Um dos trunfos, no entanto, é o espaço interno. Apesar de o entre-eixos ser de 2,71 metros como do C4 Lounge, os centímetros a mais de largura garantem conforto extra para os ombros dos ocupantes traseiros. É entrar no 408 e perceber que o habitáculo e realmente mais amplo.

O porém fica por conta do duto central muito alto, que atrapalha o aconchego das pernas daquele que viaja no meio. No entanto, ao contrário dos outros concorrentes, este duto tem saídas de ar.

Acelerando, o 408 vai bem pela saúde do motor 1.6 16V turbo (THP) de 165 cv. Os 24,5 mkgf de torque máximo são mais que suficientes para colocar os 1.527 quilos em movimento. Mas por suas dimensões avantajadas – é o maior do compara, com 4,68 metros de comprimento –, assumir uma tocada mais esportiva é estranho. A suspensão, como todo o Peugeot, tem uma rigidez um pouco elevada – poderia ser mais macia.

Preço, espaço e custo-benefício garantem o bi ao Sentra

Assim como no último grande comparativo entre sedãs médios, que contou com Renault Fluence, Chevrolet Cruze, Honda Civic e Toyota Corolla, o Nissan Sentra bateu a concorrência neste novo duelo. E as armas são as mesmas: preço extremamente competitivo – custa R$ 73.490 (R$ 7.000 menos que o Citroën C4 Lounge Exclusive THP) – e custo-benefício de encantar os mais exigentes.

O modelo importado do México tem seis air bags, ar-condicionado digital automático de duas zonas, sistema de navegação, tela de 5.8 polegadas sensível ao toque, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e teto solar elétrico. Fica devendo o air bag de joelhos, oferecido apenas no Toyota Corolla, e o controle de estabilidade presente nos franceses Lounge e 408.

Outro ponto que mexe com o bolso do consumidor é o preço fixo das três primeiras revisões, que somam R$ 1.147 – mais caro somente que do Toyota Corolla.

O acabamento segue a linha Nissan. Sóbrio. Nada de exageros. Os materiais das peças agradam – há partes emborrachadas e os bancos são revestidos em couro, como os concorrentes. Os cromados são discretos. E tudo está muito bem encaixado.

Com 2,70 metros de distância entre os eixos, o espaço para os ocupantes é bom, não destoando dos demais. E mesmo tendo o comprimento igual ao dos representantes de Toyota e Citroën (4,62 metros), consegue entregar um porta-malas com capacidade significativamente superior aos dois. São 503 litros contra 470 e 450, respectivamente.

O Sentra, assim como Corolla e principalmente C4 Lounge, evoluiu muito em relação à geração anterior. As linhas estão mais clássicas – assumiu de vez a cara de tiozão – e próximas até mesmo dos modelos da Infiniti, divisão de luxo da marca japonesa e que chega este ano por aqui.

Rodar não é seu forte. Não empolga – principalmente pelo câmbio CVT, que abre mão do desempenho em benefício do conforto. No entanto, o motor 2.0 16V bicombustível – mesmo do antecessor – entrega bons 140 cv e torque interessante de 20 mkgf a 4.800 giros. Suspensão equilibrada entre o firme e o macio também agrada.




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