Economia Titulo Montadora
GM dá férias coletivas a 6.000 trabalhadores

Toda linha de produção ficará em casa dos dias
14 a 27 de abril; há excedente de 8.000 carros

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
29/03/2014 | 07:42
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Denis Maciel/DGABC


A General Motors vai colocar em torno de 6.000 trabalhadores em férias coletivas de 14 a 27 de abril. Isso significa que mais da metade dos cerca de 11 mil empregados da sede da montadora, em São Caetano, ficarão em casa durante 14 dias do mês que vem.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, toda a linha de produção ficará paralisada. Só seguirão trabalhando os profissionais do centro tecnológico, da engenharia experimental (que desenvolve projetos), da ferramentaria e da área administrativa.

Em reunião com a GM ontem, o presidente do sindicato Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, disse que negociou para que não fossem contabilizados os 14 dias como férias coletivas, mas apenas 12, pelo fato de haver dois feriados em abril (dias 18 e 21). “Pelo menos eles terão menos dias descontados de suas férias”, disse. Assim, os trabalhadores que têm férias a vencer terão mais 18 dias de descanso, em vez de 16. “Em mais de 20 anos de sindicato eu nunca vi férias coletivas em abril. E essa é uma válvula de escape para ser usada em situações delicadas uma vez por ano”, afirmou. Ou seja, para que em dezembro seja adotado o recesso, será preciso negociar.

Segundo empregados que preferiram não se identificar, ainda não foi feito anúncio oficial da pausa pela montadora. Por ora, eles informaram que souberam do recesso pela "rádio peão".

ESTOQUE - Mesmo com férias coletivas de 30 dias em dezembro – sendo que o normal, segundo Cidão, é de dez a 14 dias –, day off (folga com desconto no banco de horas) de cinco dias em fevereiro e de dois dias em março, o estoque não recuou.

Hoje, a fábrica possui excedente de 8.000 veículos, o que é considerado acima do normal, segundo Cidão. “Serão necessários de oito a dez dias para desovar essa quantidade, isso se houver um mix de carros. Porque se for de um só modelo, o tempo será muito maior.”

A situação se deve, na avaliação do vice-presidente da entidade, Francisco Nunes Rodrigues, à queda nas vendas de automóveis e para adequação na linha de montagem. “O cenário está muito preocupante. Com o fim do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) zerado (para carros 1.0) no ano passado, o comércio de veículos deu uma caída. Estamos lutando para manter o terceiro turno”, assinalou.

De fato, dados mais recentes da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram que, em fevereiro, foram emplacados 245,9 mil automóveis e comerciais leves zero-quilômetro. O volume representa queda de 17,95% em comparação a janeiro – quando houve corrida às concessionárias para aproveitar as unidades com preços de 2013. Em relação ao mesmo mês do ano passado, os licenciamentos foram 10,5% maiores, porém, o Carnaval havia sido comemorado no período, enquanto neste ano, os impactos do feriado só serão sentidos no fechamento deste mês.

Na avaliação de Cidão, o governo precisa agir. “Ele está parado, esperando que algo aconteça. É importante para o setor que seja retomada política de IPI zero, e que os juros sejam reduzidos. Está mais caro financiar veículo. O consumidor tem que ver a vantagem no preço, senão não compra.”


Demissão voluntária reduz quadro em 348 profissionais

A General Motors abriu, em março, PDV (Programa de Demissão Voluntária) em sua sede em São Caetano. Aderiram à dispensa 348 trabalhadores. “Quem mais aceitou o PDV foram aposentados e profissionais com mais tempo de casa, ou com restrição médica que estavam aposentados por invalidez”, explicou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes Rodrigues. “O acordo foi vantajoso, com 14 salários a mais aos aposentados.”

Enquanto isso, o sindicato negocia com a GM para trazer linha de produção para a unidade, a fim de preservar os cerca de 2.000 empregos do terceiro turno, que funciona da meia-noite às 6h. A maior preocupação está com a queda nas vendas dos veículos Cobalt (de 10%) e Montana (de 24%). A reportagem do Diário apurou, segundo matéria publicada no dia 18 de fevereiro, que a adequação da linha de montagem para produzir o Tracker, utilitário esportivo que atualmente é importado pela montadora do México, é uma tendência, já que sua base é bem próxima à de outros veículos da marca. Além disso, ele tem sido bem aceito pelo consumidor brasileiro.

De acordo com o presidente do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, entretanto, o tempo de vida útil de um modelo é, geralmente, de cinco a seis anos, o que dificultaria trazer uma linha que já é fabricada no Exterior. Nunes disse que, se houver acordo, porém, só em meados de 2015.




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