De todo o gasto com a manutenção de aeronaves da Gol Linhas Aéreas, 60% são especificamente para o reparo pesado do motor. Neste ano, a companhia estima desembolsar US$ 202,5 milhões, o equivalente a R$ 457 milhões no câmbio de ontem, com esse tipo de ajuste, aumento de 12,5% frente a 2013.
A explicação é simples para a previsão. No ano passado, 40 motores foram encaminhados à manutenção pesada. “Cada revisão deste tipo custa US$ 4,5 milhões. Neste ano, estimamos reparar 45 motores”, disse o diretor de manutenção da Gol, Alberto Correnti.
Esse alto custo envolve além da identificação de problemas no motor, o transporte, que exige cuidados de segurança e logística especializada para levar a peça, que pesa seis toneladas, até à fabricante, que possui equipamentos necessários para uma revisão geral, parafuso por parafuso.
O motor, diferentemente ao que muitos imaginam, é a espécie de canhão sob as asas das aeronaves que é normalmente confundida como turbina. Ele é formado por uma hélice gigante na parte da frente, responsável pela sucção e impulso do ar, e pelo motor propriamente dito no meio.
A turbina é um jogo de paletas em forma de ventilador que gera mais força ao motor com 20% do vento jogado pela hélice. E também fica dentro do composto motor, porém na parte traseira da peça.
Atualmente, a Gol trabalha com três níveis de manutenção. São eles o 1, 2 e 3, que em ordem crescente representam o grau de complexidade. A empresa mantém em Confins, em Minas Gerais, seu maior estabelecimento de reparo, o CMA (Centro de Manutenção de Aeronaves). Para se ter noção da importância do local, a empresa tem 15 pontos de reparo nível 1, nos aeroportos, 42 de nível 2, e apenas dois de 3, um na Capital e outro em Confins. No ano passado, 936 aeronaves passaram no centro de reparo. Delas, 140 tiveram manutenção nível 3.
É em Minas Gerais que a empresa realiza a fase inicial da manutenção dos motores e, principalmente, o reparo da parte estrutural (metálica) da cabine do piloto. Este serviço é considerado de nível 3, tanto que a Gol foi a primeira a realizar esse processo no mundo como companhia aérea, garantiu o gerente de inspeção do CMA, Carlos Alberto Queiroz. O trabalho dura 15 dias.
PNEU - Com 41 toneladas em média, os 139 aviões 737 da companhia gastam, cada um, seis pneus a cada 20 dias, período de 200 ciclos de decolagem e aterrissagem antes de mandar para uma das cinco recauchutagens possíveis. O pouso, normalmente a 230 km/h, é o que mais consome, principalmente em aeroportos de pistas pequenas, como o de Congonhas.
É no CMA que a Gol fabrica todas as peças de plástico e têxteis, de acabamento, para a substituições de itens desgastados na parte interna das aeronaves. No caso das poltronas, que têm estrutura metálica, a empresa também realiza a manutenção, mas compra as partes da fabricante. O local também tem a área de pintura. A camada de tinta pesa até 200 quilos, e malfeita, pode significar necessidade de redução de passageiros e mais gasto de combustível na aeronave.
EMPREGO - Premissa básica para entrar no mercado de mecânico aeronáutico é ter inglês fluente. Isso porque todos, na Gol, passam por cursos de atualização na língua estrangeira.
Depois de realizar o curso em escola certificada pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o mercado contrata um auxiliar de mecânico por cerca de R$ 1.500. Após três anos, o órgão federal disponibiliza um teste oral para que este profissional garanta uma carteira de mecânico efetivo, cuja renda atinge até R$ 5.000. Só após quatro anos com esse documento que é possível se tornar um inspetor, uma espécie de encarregado, com remuneração aproximada a R$ 8.000.
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