D+ Titulo Comportamento
Ôpa, esse não sou mais eu!

Até que ponto as mudanças estéticas e o uso de acessórios da moda ajudam na integração à sociedade?

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
30/03/2014 | 07:00
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Seri


O tempo passa e as gerações mudam, mas a vontade de pertencer a um grupo continua. Na adolescência, a pressão é mais forte, mas não quer dizer que a busca pela ‘perfeição’ estética acabe por alí. Os procedimentos feitos por Anitta no nariz e seios, que transformaram a cantora em ‘outra pessoa’, foram os assuntos da semana.

Embora não sejam colocados cirurgicamente, os aparelhos dentários fakes, comprados em camelôs, também são polêmica pura. “Fios e elásticos inadequados trazem risco ao tecido de suporte dos dentes (osso e gengiva), que podem se tornar irreparáveis”, avisa a dentista Mara Cinthia dos Santos Fernardes, coordenadora do curso de Especialização em Ortodontia da Associação Brasileira de Odontologia. Os objetos também prejudicam a arcada dentária e podem provocar perda de dentes, além de alterações ósseas na mandíbula.

Mudar a cor dos olhos com lentes de contato ou usar óculos de grau sem necessidade pode ser megaperigoso, de acordo com a oftalmologista Tania Schaefer, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. “O uso das lentes sem os cuidados adequados pode levar até à cegueira. Quanto aos óculos, podem acarretar em dores de cabeça e desconforto.”

DITADURA DA BELEZA?
Sabendo disso, será que vale a pena colocar a saúde em risco e mudar, literalmente, de rosto para pegar carona nas modinhas? A discussão rendeu entre os alunos do Colégio Singular, de Santo André, convidados pelo D+ para um bate-papo. Para Alanis Guillen Caratella, 15 anos, mudar o estilo é bom na maioria das vezes. “Buscamos o autoconhecimento, especialmente na fase em que estamos. Sentimos a necessidade de experimentar para saber o que é legal ou não.”

Mas, mesmo entre a galera, nem tudo é tão aceitável assim. Eles não fariam nada que não fosse legal para a saúde, como usar os tais aparelhos falsos. “Sempre vamos ter de lidar com a divergência do que é padrão ou não, o que é identidade, o que é bom. Às vezes, as coisas passam da conta, então é preciso respeitar os limites”, acredita Jan Klink, 16.

Orlando Filho

Giovana Guimarães Bonicio, 16, compartilha da mesma ideia. “Vivemos em sociedade de esteriótipos, de coisas fúteis. A verdade é que tudo depende da nossa autoestima. Se eu estou bem, não tenho necessidade de ser como o outro.” “Acho que estamos na melhor idade, temos de conversar com pessoas diferentes, viver as coisas, mas com cautela. O diálogo com os pais pode ser um caminho”, justifica Victor Zampieri Marinho, 15.

Para Vinícius André de Faveri Ferreira, 15, é preciso saber separar as coisas bacanas das ruins. “Absorver tudo de todos os amigos pode não ser tão bom. É preciso selecionar”, aponta o garoto. Com cabelo pintado e piercing no nariz, Laura Montealto Carneiro e Silva, 15, não se preocupa muito com a opinião dos outros no que diz respeito ao seu jeito de ser. “Meus pais me apoiam e me orientam, para mim é o suficiente. Faço as coisas que acho legal, mas com responsabilidade”, conclui.

Busca por identidade é constante - Descobrir e aceitar a própria individualidade não é tarefa fácil e, nessa hora, muitos recorrem a procedimentos cirúrgicos e mudanças estéticas. A confusão ocorre, principalmente, quando estamos descobrindo quem somos, do que gostamos, ao que pertencemos (grupos sociais). Experimentar coisas novas nos dá liberdade, mas é a dose dela que precisa ser administrada.

“A individualidade assusta. Quando pertencemos a um grupo deixamos de ser sós. Esse é o motivo para os mesmos sinais, roupas e estilos”, defende o terapeuta Miguel Perosa, professor da Faculdade de Psicologia da PUC-SP. Ele explica que a identidade do ser humano é multifacetada e até os 18 anos isso é vital. “Não somos os mesmos o tempo todo.” Com tantas experiências, o diálogo e a amizade com os pais ajudam nesse encontro com o ‘mundo’ ao qual pertencemos. “Os pais devem saber falar e ouvir seus filhos.”




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