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Muito mais que Bonito

Destino pantaneiro é hoje internacionalmente
reconhecido como exemplo de gestão sustentável

Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
27/03/2014 | 07:07
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divulgação


Quando se pesquisa sobre a cidade de Bonito, no Mato Grosso do Sul, as palavras planejamento, reservas e restrições aparecem com a mesma frequência que adjetivos como deslumbrante, espetacular e inesquecível. Isso porque o acesso às atrações ecoturísticas do município é administrado com mão de ferro para que a presença humana não estrague seu patrimônio natural.

Dentro de um mês, a cidade receberá uma comitiva formada por cerca de 1.000 visitantes. Para um destino turístico que tem como premissa manter o número de turistas em suas atrações sob controle, essa invasão soaria como calamidade caso esse volume de pessoas não estivesse se dirigindo para Bonito com um motivo nobre: discutir formas economicamente viáveis e ambientalmente responsáveis para permitir que mais terráqueos desfrutem do privilégio de conhecer ecossistemas preservados como o desta região pantaneira. A discussão integra o calendário da oitava edição da Conferência de Ecoturismo e Turismo Sustentável promovida pela Ties (The International Ecotourism Society), principal entidade a promover em escala mundial o desenvolvimento da atividade turística em locais em que o bom estado de preservação da natureza é a principal atração.

Para Bonito, ter sido escolhida como sede para esse evento – que de 27 a 30 de abril trará para a cidade os mais atuantes especialistas em turismo sustentável do planeta – é uma espécie de prêmio em reconhecimento à administração acertada que a gestão municipal e seus empresários vêm fazendo para manter o patrimônio natural da região.

A escolha da cidade sul-mato-grossense foi anunciada no ano passado, na mesma ocasião em que Bonito recebeu o prêmio mundial na categoria Melhor Destino para Turismo Responsável concedido pelo WTM (World Travel Market). O resultado foi importante porque, por ser um dos mais prestigiados prêmios mundiais, atrai intensa concorrência. Só em 2013 houve mais de 1.000 inscritos.

O fato é que a rígida política de controle de Bonito no número de visitantes que recebe vem se traduzindo em prestígio crescente para a cidade. Formadas ao longo de milhões de anos por uma série de felizes combinações de elementos minerais, água, flora e fauna, as atrações do município – como grutas, lagos e rios – são tão frágeis quanto deslumbrantes, e só se manterão íntegras para as gerações futuras por causa de uma série de circunstâncias favoráveis em termos de conscientização ecológica, oportunidades mercadológicas e conjuntura econômica determinadas pelo fato de que elas só passaram a ser conhecidas e exploradas nos anos 1990, quando a preocupação com a ecologia já tinha se tornado uma importante moeda no mercado de turismo. Como boa parte das mais deslumbrantes atrações fica em propriedades particulares, a gestão dos volumes de visitação ficou mais fácil e efetiva.

Enquanto isso em Hainan, China

Exatamente no mesmo período em que a cidade de Bonito estiver recebendo os especialistas em turismo sustentável, do outro lado do mundo, mais precisamente na província chinesa de Hainan, a cidade estará concorrendo ao prêmio Tourism for Tomorrow (Turismo para o Amanhã) na categoria Destino.

Promovido pelo WTTC (World Travel and Tourism Council), uma das mais importantes entidades do setor em escala internacional, o prêmio é um distinção ainda inédita para iniciativas brasileiras. Em 2007, o Refúgio Ecológico Caiman, no Pantanal, também foi finalista, na categoria Conservação, mas quem levou a estatueta foi a empresa norte-americana Aspen Skiing Company, que administra o destino de neve no Estado do Colorado.

Neste ano, além de Bonito, os outros finalistas na categoria Destino são o Burren & Cliffs of Moher Geopark, na Irlanda, e Costa Navarino, na Grécia. O resultado deste prêmio é fruto de uma série de considerações feitas por especialistas de várias partes do mundo convidados pelo WTTC para avaliar os concorrentes em três etapas. Na primeira, os juízes avaliam os inscritos de acordo com uma lista de critérios. Na segunda, os locais são visitados pessoalmente pelos especialistas do júri. Nesta fase, as informações dadas na inscrição são verificadas e a aplicabilidade de conceitos de sustentabilidade é conferida.

Depois dessas duas rodadas, os finalistas são escolhidos. O vencedor final é definido pelos integrantes do júri, que votam a partir dos dados apurados. Para Bonito, o fato de a cidade ter criado um sistema que limita o número máximo de visitantes em cada uma das suas atrações conta a favor.
 




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