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Padilha é oportunista, diz Gilberto Natalini, do PV

Pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes e vereador da Capital, Gilberto Natalini afirma que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-postulante do PT ao governo do Estado, é oportunista.

Cynthia Tavares
26/03/2014 | 07:21
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Marina Brandão/DGABC


 Pré-candidato ao Palácio dos Bandeirantes e vereador da Capital, Gilberto Natalini afirma que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, pré-postulante do PT ao governo do Estado, é oportunista. A análise é feita após o petista afirmar que a escassez de água em São Paulo ocorre por falta de atitude do governador Geraldo Alckmin (PSDB). “ Se a crise hídrica é problema do Estado, também é problema do governo federal, que se afasta das responsabilidades de abastecer uma região de 22 milhões de habitantes, como é a Grande São Paulo”, critica o verde. Natalini defende a transposição do Rio Paraíba do Sul e a preservação da mata ciliar para combater a falta de água. Sobre a sua pré-candidatura, Natalini declarou que o PV já se retirou institucionalmente do Palácio dos Bandeirantes – o partido está no comando da Pasta de Saneamento e Recursos Hídricos. “A secretaria que temos foi uma negociação política que o PV fez para que a bancada estadual trabalhasse em colaboração com o governo do Estado”, sustenta. O vereador comenta ainda sobre o PV na região e sua experiência como secretário de Saúde em Diadema, entre 1997 e 2000.

 

DIÁRIO – O sr. foi escolhido para concorrer ao governo do Estado pelo PV. Qual a expectativa para a eleição?

NATALINI – Fui convidado pelas três instâncias do partido (executivas estadual, nacional e municipal). O desafio é enorme. O PV não é um partido nanico, mas também não é um partido grande. Nosso grande tesouro são as propostas e ideias afinadas com o desafio da sociedade no século 21. Vamos para eleição com as ideias e o coração. Coração quente para fazer o debate sem ofender ninguém. Não abro mão do comportamento ético na política. O Brasil virou uma lambança. O povo está enojado e os grandes partidos, desgastados, porque chegaram ao poder e trocaram paradigma de servir para o paradigma de ser servido.

 

DIÁRIO – A repulsa da população por conta da falta de ética não é culpa da própria classe política?

NATALINI – Estou na política há mais de 40 anos e nunca peguei um centavo que não fosse devido a mim. Vamos defender a democracia, que está ameaçada por um bloco monolítico que deseja controlar tudo. Daí o Brasil vira ditadura branca. Somos parlamentaristas e defendemos uma reforma política completa. A outra a bandeira é a defesa da vida e da natureza. Colocar em palavras simples o que é desenvolvimento sustentável.

 

DIÁRIO – Quem seria esse bloco monolítico?

NATALINI – O PT e as pessoas que o seguem. O partido sempre teve postura autoritária. Se deixar, eles controlam a imprensa, a internet, os sindicatos, a vida da gente.

 

DIÁRIO – Como explicar ao eleitor a pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes, sendo que o PV é base de sustentação ao governador Geraldo Alckmin (PSDB), possui uma secretaria (Saneamento e Recursos Hídricos) e não caminha para entregá-la?

NATALINI – A secretaria que temos foi uma negociação política que o PV fez para que a bancada estadual trabalhasse em colaboração com o governo do Estado. No momento em que anunciamos a pré-candidatura, estamos nos retirando institucionalmente do governo. Se o governador achar por bem manter os verdes lá é problema dele.

 

DIÁRIO – Na semana passada, o pré-candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha, afirmou que a crise hídrica no Estado é por falta de ação do governo. Qual sua análise desse problema? É realmente falta de atitude?

NATALINI – O Padilha tem postura oportunista. Não sei se é ele ou quem o orienta. Se a crise hídrica é problema do Estado, também é problema do governo federal, que se afasta das responsabilidades de abastecer uma região de 22 milhões de habitantes como é a Grande São Paulo. Cadê o governo federal na brincadeira? O Padilha que me desculpe, mas a crise é nacional. Agora tem o problema entre Rio e São Paulo. Os governadores vão ficar discutindo. O governo federal tem responsabilidade nisso também. Não vem querer criticar porque isso é oportunismo. O governo federal tem responsabilidade no saneamento básico e a contribuição é baixa, quase ínfima.

 

DIÁRIO – Quais ações o PV teria feito para combater a crise hídrica?

NATALINI – Primeiro precisamos proteger os mananciais. O governo deveria impedir a ocupação e remanejar áreas de risco. Temos que estudar a captação de água de forma muito mais rápida, fazer política de aprofundamento de água de chuva. Existem leis sobre o tema que não são aplicadas. Além disso, evitar o desperdício. Estudos afirmam que 40% da água tratada é jogada fora.

 

DIÁRIO – O sr. concorda com a transposição do Rio Paraíba do Sul?

NATALINI – Tem que conversar. Não vejo muita saída para isso. O que não pode é se transformar numa guerra de Estado. A previsão é que existe conflito entre cidades, Estados e países sobre a água.

DIÁRIO – O PV foi sondado pelo governador de Pernambuco e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos (PSB), para um possível acordo em âmbito nacional?

NATALINI – Fomos procurados por ele e pela Rede Sustentabilidade (liderado por Marina Silva). A proposta é que se nos o apoiássemos em nível nacional, eles poderiam nos apoiar em São Paulo. Quando eles propuseram isso já estávamos no encaminhamento da candidatura do Eduardo Jorge. O PV decidiu ir caminhando com essa candidatura e, ao mesmo tempo, analisar.

 

DIÁRIO – Quando teremos essa definição? Quais são as chances de a parceira dar certo?

NATALINI – Acredito que até maio. Política não é número. Em âmbito nacional está caminhando. É cedo para fazer algum tipo de previsão. Tem muita conversa, pois o quadro nacional vai mudar muito. Acho que a presidente (Dilma Rousseff, PT) vai se enfraquecer demais até a eleição pelo que já fez e vem fazendo. Quem vai ocupar o (primeiro) lugar, eu não sei. O PV está analisando isso.

 

DIÁRIO – Como o sr. analisa o PV na região? Quantas candidaturas a deputado estadual e federal teremos no Grande ABC?

NATALINI – Teremos alguns nomes colocados. Diadema com a Regina Gonçalves, São Caetano, São Bernardo. Precisamos conversar para que um não atrapalhe o outro.

 

DIÁRIO – O sr. foi secretário de Saúde em Diadema. Qual foi sua experiência?

NATALINI – Fui secretário entre 1997 e 2000. Abaixamos os índices de mortalidade infantil, criamos odontologia para deficiente, troquei o elevador do Hospital Municipal. A gestão foi boa. Essas são lembranças que tenho. 




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